Imagens de um enterro vão passando pela tela, enquanto os versos “tudo acabado e o baile encerrado...” ganham corpo. O enterro em questão é de Angenor de Oliveira, imensamente mais conhecido como Cartola e a música que toca é seu primeiro sucesso chamado “Divina Dama”. Assim, com esse cenário de fundo guiado em preto e branco “Cartola - Música Para os Olhos” se inicia para em quase uma hora e meia de duração lançar um olhar sobre a vida desse ícone do samba.
O filme que foi lançado em 2007 e já chegou há um bom tempo em DVD, merece muito ser visto. Longe de querer ser definitivo ou traçar um panorama fechado para a obra do Cartola, os diretores Lírio Ferreira e Hilton Lacerda (que trabalharam juntos em filmes como “Baile Perfumado” e Árido Movie”) ambientam essa obra no universo de acontecimentos nacionais, assim como na projeção da sua influência para com o samba e a música brasileira por conseqüência.
Recheado de imagens raras e encontros muito bonitos têm depoimentos de nomes como Buci Moreira, Ismael Silva, Zé Keti e Aracy de Almeida, além da presença constante do velho e querido parceiro Carlos Cachaça. O longa passa pela formação do músico nascido em 11 de outubro de 1908 até o seu falecimento em 30 de novembro de 1980, incluindo aí a criação da Estação Primeira de Mangueira, o casamento com a Dona Zica, o ostracismo e o tardio reconhecimento.
Alguns momentos são preciosos como a descrição da criação de clássicos do samba nacional como “O Sol Nascerá” de frases belas assim: “A sorrir eu pretendo levar a vida, pois chorando eu vi a mocidade perdida”. A cena em ele que está ao lado do pai também é fascinante. Nela ele explica que como não era bom aluno seu pai ensinava as lições em casa tocando violão, para depois emendar sozinho aquela que talvez seja sua mais bonita canção: “O Mundo é Um Moinho”.
“Cartola - Música Para os Olhos” é daqueles filmes para se ter em casa guardado na estante. Além de narrar a vida de um grande nome da música nacional, transpõe para a tela um cenário maior com grande objetividade e emoção. Cartola que fez sambas tão bonitos como “As Rosas Não Falam”, pode ser enquadrado em uma música que não é de sua autoria, aquela que diz: “Eu sou o samba, a voz do morro, sou eu mesmo sim senhor”. Abra uma cerveja e faça um brinde.
Um comentário:
Olá,
Bacana a postagem!
Abraços,
Lu Oliveira
www.luoliveiraoficial.com.br
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