A cena é corriqueira. Aliás, corriqueira até demais. O cidadão está ali no começo da idade adulta e pega um fora da namorada que abala suas pequenas projeções de vida. Se o cidadão em questão for meio anti-social e não tiver lá muita habilidade com o restante do mundo, o abalo pode ser maior ainda. Para liberar as mágoas o álcool é o caminho mais utilizado, no entanto, no mundo da última década a internet aparece como solução para desafogar essa raiva.
A primeira cena de “A Rede Social”, filme que planeja contar a história (ou uma delas) da criação do Facebook, retrata exatamente o parágrafo anterior. Em um pub, Mark Zuckerberg, o hoje bilionário CEO do Facebook, discursa uma conversa elitista e presunçosa para cima da namorada, que depois de agüentar um pouco termina o namoro. Bestificado com o acontecido ele vai para internet xingar a mesma no blog e iniciar o que seria seu futuro.
Baseado no livro "Bilionários por Acaso" de Ben Mezrich, o filme de David Fincher (de “Clube da Luta” e “O Curioso Caso de Benjamin Button”) narra uma história real com tons de drama grego. “A Rede Social” traz traição, angústia, brilhantismo, ganância e soberba envolvidos com fraquezas tão comuns. Mesmo sabendo que a história é contada por um ponto de vista e deve haver outros tantos, o enredo parece ser o mais real possível para o cinema.
O filme começa em Harvard logo após a desilusão amorosa de Mark Zuckerberg (interpretado muito bem por Jesse Eisenberg de “Zumbilândia”), que cria junto com o amigo brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield de “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus”) o embrião do que seria o Facebook. Desse ponto alterna entre o progresso do negócio da dupla e o processo judicial movido por Saverin mais os irmãos Winklevoss contra o jovem bilionário.
O brilhante intelecto de Zuckerberg foi arremessando farpas e armadilhas no caminho a fim de deixar para trás tanto parceiros do ínicio (o caso de Eduardo), quanto se apropriar de idéias alheias. O tom que o roteiro de Aaron Sorkin imprime é forte e sem falhas (apesar de parecer direcionado vez ou outra), conseguindo transpor não somente essa épica história recente de fama, fortuna e trapaças, como também jogar os dados na mesa do mundo atual/virtual.
Com uma direção segura, os atores tem atuações quase perfeitas. A trilha sonora que ambienta tudo comandada por Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Atticus Ros também merece destaque. “A Rede Social” é um filme muito consistente em cima de um tema que tinha tudo para dar errado e mostra que Zuckerberg mesmo tendo construído um império moderno com modos nada nobres, fez tudo o que fez no ínicio por causa de uma mulher. Nada mais simples que isso.
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