Existem diversos autores que hoje transitam dentro da literatura usando enxertos dos mais diversos tipos de cultura pop. Alguns poucos são relevantes, boa parte são medianos (mesmo sendo divertidos) e a provável maioria acaba se perdendo no meio do caminho. Livros de pessoas que são apaixonadas pelo universo musical, por exemplo, acabam desaguando em uma extensa lista de gosto pessoal transferida para os personagens da trama.
O problema disso é que fora a parte musical (que também pode ser televisão, cinema, etc.), esses personagens transbordam falta de conteúdo, além do que as referências ficam espremidas uma atrás da outra, gerando mais confusão que divertimento. Isso acontece muito no segundo livro da jovem espanhola de 22 anos Aixa de La Cruz. “De Música Ligeira” ambiciona tratar sobre a moldagem dos romances modernos e outras coisas mais.
Usando o título de uma ótima canção dos argentinos do Soda Stereo (que aqui já ganhou releituras de Paralamas e Capital Inicial) ambienta uma trama que como diz o manual atual aparece entrecortada, solta, narrando fatos de pontos distintos e incluindo até as próprias dúvidas da autora que discute os rumos dos personagens. O resultado final além de monótono e confuso parece um quebra cabeça não muito bonito em que estão faltando várias peças.
O inicio da história até que promete alguma coisa, pois apresenta em uma mesa de bar um professor de piano meio autista batendo papo com uma ex-aluna uns 15 anos mais nova. O nome dele é Dylan (homenagem a você-sabe-quem) e traz na bagagem um tremendo medo e frustração da vida. Ela está envolvida em um relacionamento que está ficando sério demais e arremessa suas dúvidas, incertezas e medos entre uma cerveja e outra.
Mas o início é só uma falsa promessa, pois além dos diálogos imaginados serem pobres e a condução nada espetacular, a saraivada de nomes de bandas, músicas e discos acabam prejudicando muito mais do que ajudando. Aixa de La Cruz é (bastante) nova e pode se tornar uma grande escritora no futuro, mas pela recepção que seu livro teve lá fora, “De Música Ligeira” é uma tremenda decepção. Um retrato (para o lado ruim) da sua própria geração.
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