Bruce Springsteen afirmou certa vez que o “rock n’ roll retarda o envelhecimento” e essa frase ainda pode fazer algum sentido mesmo hoje. Faz sentido, por exemplo, quando se escuta “Breakdance”, o novo rebento dos gaúchos do Walverdes. Em apenas 23 minutos de disco, você vai gradativamente aumentando o volume, para depois balançar a cabeça, bater o pé no chão, simular uma guitarra aqui ou uma bateria acolá que nem um moleque de 14 anos.
Gustavo Mini Bittencourt (guitarra e vocal), Patrick Magalhães (baixo e vocal) e Marcos Rubenich continuam fazendo o rock agressivo e sujo que já se acostumaram juntos desde “Anticontrole” de 2002. Misturando vertentes do rock, mas ficando o pé mais decididamente no rock de garagem, o Walverdes faz no seu quinto trabalho um álbum conciso que aparece ambientado dentro dos limites do grupo, mas com uma qualidade maior que de costume.
Produzido por Júlio Porto (ex-guitarrista do Ultramen), o registro começa com uma guitarra solitária ritmando o início de “Função” que ganha tons mais pesados e namora diretamente com o punk rock do início dos anos 80. “Spray” é a próxima e traz a mesma temática sonora da boa faixa anterior. Depois é a vez da setentista “Cérebro” invadir os fones de ouvidos (ou as caixas de som, como preferirem) para emendar nas guitarras fortes e altas de “Basalto”.
“Diagonal” é a melhor faixa desse “Breakdance” e olha que não chega nem a dois minutos. É urgente, rápida e suja. Para elevar o som ao último volume. “Tempos Interessantes” aparece com clima de anos 90 e traz o baixo de Patrick Magalhães mais presente, além de bons backing vocals. “Dissolução” demonstra um ritmo quebrado, mas não menos pesado. O fechamento do disco fica por conta de “Não Edifício” e “Unidade”, que não deixam a peteca cair.
Como diz um amigo: “às vezes faz falta ouvir uma guitarra explodindo no ouvido.” Realmente faz falta e pode ser indicado até como terapia, dependendo do caso. “Breakdance” está aí para isso (e não somente isso, evidente). Pode-se até afirmar que não traz nada de novo (e isso é um fato), mas realmente importa? O negócio é deixar o som alto, esquecer um pouco do mundo real e liberar novamente o moleque rockeiro que ainda deve existir em você.
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