Escrever uma graphic novel baseada em experiências próprias que podem ser elevadas a uma freqüência maior ou menor dependendo do caso, já rendeu bons momentos ao mundo dos quadrinhos. De Art Spiegelman (“Maus”) a Will Eisner (“Avenida Dropsie”), passando por gente como Harvey Pekar (“American Splendor”) e por nomes novos como Craig Thompson (“Retalhos”). É por essa estrada que Caeto anda com sua estréia “Memória de Elefante”.
Não que o paulista Caeto, hoje com 31 anos, seja necessariamente um estreante nos quadrinhos já que há um tempinho produz obras independentes como o fanzine “Sociedade Radioativa”, mas só agora chega pelo selo Quadrinhos na Cia. da Companhia das Letras ao primeiro livro (ou álbum, se preferir). “Memória de Elefante” tem 232 páginas e é mais um bom lançamento do mercado nacional, que vem ganhando vigor nos últimos anos.
Caeto usa um traço simples em preto e branco com o uso mais constante do primeiro principalmente nos fundos e cenários, para narrar parte da sua trajetória pessoal. O drama familiar é basicamente o causador de todas as ações. Seu pai, dono de uma livraria que está a beira da falência deixa a mãe para viver uma relação com o sócio, o que causa um choque ao filho e o distancia ainda mais da mãe que volta a morar no interior junto da família.
Indo de bar em bar para amenizar o fracasso de uma vida cheia de projetos que não seguem adiante, Caeto vai vivendo entre o ócio e constantes decepções. Nesse ponto a trama até que se conduz bem e revela boas sacadas, mas nada que consiga realmente empolgar muito. A partir do momento que essa trama converge para a relação do autor com o pai, que como portador do vírus HIV se enclausura mais no próprio mundo, ela alcança rumos melhores.
“Memória de Elefante” é embaixo de toda a gama de fugas que oferece nada além do que uma pequena e envolvente história da relação de um filho com seu pai, por mais difícil que esta se torne em algum momento da vida. Como coadjuvantes, Caeto traz mais fortemente a cidade de São Paulo com todas suas ruas e opções, além de um cachorro vira lata, que sai da rua para servir de medida para as relações. Uma estréia para ser bem recepcionada.
Blog do autor: http://caetoilustra.blogspot.com
Outros livros do selo Quadrinhos na Cia. aqui no blog: - “Retalhos” de Craig Thompson, aqui. - “O Chinês Americano” de Gene Luen Yang, aqui. - “Umbigo Sem Fundo” de Dash Shaw, aqui. - “Cachalote” de Daniel Galera e Rafael Coutinho, aqui.
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