“Sempre que ouço a palavra “espiritual”, cato o meu revólver.” É com essa frase seca que o livro “A Arte de Ser Desagradável” começa. Escrito pelo norte americano Jim Knipfel em 2004 e somente agora lançado aqui pela Bertrand Brasil (253 páginas), trata-se de uma espécie de autobiografia de um cidadão que de completo delinqüente juvenil e homem antissocial, vai se transformando devagar e aos poucos em alguém mais tranqüilo e menos anárquico.
Quando escreveu “A Arte de Ser Desagradável” (“Ruining It For Everbody” no original) Jim Knipfel já tinha dois livros anteriores basicamente sobre o mesmo tema: “Slackjaw” e “Quitting The Nairobi Trio” (ambos sem edição nacional). No primeiro tratava sobre a sua decadência física, com os problemas corporais que foi adquirindo com o passar da idade e no segundo direcionava seu humor próprio para as conseqüências da queda de produção mental.
O que a princípio poderia parecer desinteressante e um exemplo de jornada para se tornar um ser humano melhor é arrebentada logo na primeira das diversas crônicas que compõem o livro. Na infância, Jim Knipfel era o tipo de moleque que apanhava de todo mundo e ficava sozinho pelos cantos. Na adolescência essa raiva contida se transformou em vandalismo social e práticas nada aprazíveis para com as outras pessoas. O cara virou um desgraçado.
Ao lado de um parceiro que era muito mais desgraçado que ele, fez ações que por pouco não o levaram para a cadeia, mas serviram para amplificar toda sua aversão as pessoas. Com o passar do tempo e os problemas de saúde, esse sentimento vai diminuindo, mas mesmo menor ainda exibe uma gama impecável de acidez e humor negro. Vítima de uma doença que o deixa cego lentamente e mais um problema no cérebro, o autor não deixa de detonar tudo.
“A Arte de Ser Desagradável” foi escrito quando seu criador já tinha um emprego no jornal New York Press, uma namorada fixa e os rendimentos do primeiro livro começavam a aparecer. Nele é explorado o “Budismo Para Cachaceiros”, filosofia inventada pelo próprio para iluminar a alma (ou algo assim). Apesar do tom exagerado de niilismo às vezes, em sua grande maioria o livro diverte bastante quem gosta de politicamente incorreto. Bem recomendável.
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