Quando “The Sweet Part Of The City”, a primeira música de “Heaven Is Whenever”, novo disco do The Hold Steady começa a tocar, um pouco de surpresa não deixa de aparecer. Afinal, o ritmo desacelerado da canção com direito a guitarra com slide no final não é muito a desses americanos. Enquanto os versos sobre viajar, tocar e se meter em bares e restaurantes no meio da estrada vão se sucedendo, a impressão não chega a ser das melhores.
Depois de dois excelentes discos em 2006 e 2008 (“Boys & Girls In America” e “Stay Positive”, respectivamente), o grupo de Craig Finn lançou um razoável ao vivo ano passado, antes de desembarcar no novo registro, o primeiro depois da saída do tecladista Franz Nicolay. Tad Kubler assumiu o posto em conjunto com a guitarra que já empunhava e ao seu lado e de Craig Finn continuam Galen Polivka no comando do baixo e Bobby Drake na bateria.
Em “Heaven Is Whenever” o que escutamos é uma banda buscando outra sonoridade, indo além do (ótimo) hard rock setentista sujo e de garagem com o auxílio de teclados dos últimos discos. Essa espécie de procura e até mesmo podemos colocar de transição, rende resultados irregulares. Não chega a ser um disco ruim, pois somente as ótimas histórias de Craig Finn nas letras afastariam isso, mas leva provavelmente o título de pior disco da carreira.
O problema no álbum não é a mudança em si, isso sempre deve ser vangloriado, a busca por novos horizontes em detrimento da mesmice, e sim as idéias que aparecem desconexas em pelo menos metade das faixas, como nos 7 minutos de “A Slight Discomfort”. Quando mantêm a pegada costumeira, o Hold Steady acerta mais como em “Soft In The Center”, onde um garoto é aconselhado e “Rock Problems” com as guitarras na frente e um solo exuberante.
Os melhores momentos ficam estacionados em “The Weekenders”, com a sentença: “No final, eu aposto que ninguém aprende uma lição”, “The Smidge”, que vem com a seguinte sacada cínica: “Agora, quando mentimos uns aos outros, nós fazemos isso por meio de computadores” e “Hurricane J”, com letra extensa, quase um conto em pouco menos de 3 minutos, remetendo ao estilo Bob Mould (“Husker Dü” e “Sugar”) de compor e que tanta gente inspirou.
Outras faixas como a espécie de balada “We Can Get Together” com versos pouco inspirados como “O céu é sempre que podemos ficar juntos”, além de “Barely Breathing” e “Our Whole Lives” se mostram completamente sem função. “Heaven Is Whenever” é o álbum que toda banda passa e que pode resultar em caminhos interessantes no futuro. Apesar do resultado apenas mais ou menos, o Hold Steady merece bastante fé a ser depositada na sua conta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário