“I see tress of green, red roses too/ I see them bloom for me and you/ And I think to myself, what a wonderful world”. Difícil não reconhecer esses versos quando a melodia começa e a voz potente de Louis Armstrong toma conta da canção. “What a Wonderful World” hoje é a canção mais conhecida do artista e acaba por esconder uma obra pungente e criativa daquele que foi considerado por muitos “o maior músico de jazz do século XX”.
“Pops - A Vida de Louis Armstrong” lançada esse ano aqui no Brasil pela Editora Larousse com 512 páginas e tradução de Andrea Gottlieb de Castro Neves, visa mostrar muito mais do seu biografado. O escritor Terry Teachout que também é músico e publica artigos no Wall Street Journal, explora toda a carreira de Pops (como Armstrong gostava mais de ser chamado), inserindo suas ações e opções dentro do seu contexto histórico.
De infância pobre e dura, Louis Armstrong trilhou uma carreira rumo ao sucesso, investida de muito trabalho. Dono de uma execução notável a frente do seu trompete, influenciou a grande maioria dos que vieram depois e mesmo nomes como Miles Davis que o criticava pela sua postura pessoal, admirava seu trabalho. Gravações suas como “St. Louis Blues” em 1925 e “West And Blues” em 1928 até hoje são citadas como referência.
Mas o que há de diferente em uma nova biografia de Armstrong? Outras já foram feitas e duas pelo próprio músico que sempre gostou de escrever cartas e mais cartas a amigos e fãs. A diferença básica é que Terry Teachout teve acesso a mais de 600 horas de gravações feitas por Armstrong no decorrer da vida, mostrando nas suas próprias palavras a forma que enxergava o mundo e a maneira com que optava em se posicionar nele.
O escritor consegue também tocar a obra com uma energia apaixonante e mesmo para quem não conhece ou não gosta de jazz, faz a leitura ser prazerosa. Muito criticado na sua época pela sua timidez e descrição, confundida por vários como subserviência aos brancos, Terry Teachout mostra que é preciso compreender a época em que o músico viveu, onde a segregação ainda tomava conta dos USA e negros não tinham direito a nada.
Realmente Armstrong só se mostrou politicamente em pouquíssimas vezes. Seu público no segundo terço da carreira onde abandonou o jazz mais de clube para abraçar uma big band, alcançou maior repercussão nos brancos, o que sempre o deixou meio tristonho. Na última parte da sua trajetória, onde criou o All Stars, um grupo variável de craques que o acompanhavam, conseguiu recuperar parte do respeito perdido.
Sempre questionado por seu sorriso constantemente largo e shows em que muitos momentos eram de entretenimento puro, Armstrong conviveu com isso se escorando em quatro casamentos, muita maconha (permitida legalmente anos atrás) e principalmente na sua própria música. Viciado em tocar seu trompete para quem fosse, o músico ganhou de muitos a alcunha de gênio, e ao ler “Pops”, entendemos perfeitamente o porquê.
3 comentários:
Muito bom. / grande Armstrong!
Grande mesmo.
igual, ou parecido, ao louis ..jamais. sua vóz inconfundivel."grande armstrong"
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