O que é preciso para renascer? Lugares novos, amigos inspiradores, força de vontade? Tudo isso e mais um pouco de um monte de outras coisas. Renascer é para poucos e o inglês Richard Ashcroft tenta ser um desses. O músico que a frente do The Verve lançou um discaço em 1997 chamado “Urban Hymns”, incluindo no rol dos clássicos a canção “Bittersweet Symphony" se perdeu no meio do caminho. Drogas, bebidas, brigas e até certa loucura desandaram a mistura.
Depois do The Verve, lançou um bom disco solo em 2000, que antecedeu algumas tentativas desastrosas posteriores. Até a antiga banda voltou com o razoável “Forth” em 2008, mas não durou muito. Dono de uma voz daquelas que são reconhecidas em qualquer lugar, Richard Ashcroft teve seu talento destacado várias vezes, por mais que este sucumbisse a sua desgrenhada vida e cabeça. Prestes a completar 39 anos, tenta novamente mostrar isso ao mundo.
Se mandou para os Estados Unidos e desenhou seu retorno que acontece com o disco “RPA & The United Nations of Sound”, trazendo o mesmo nome do novo projeto. Nele explora o soul como fez anteriormente em menor escala no primeiro trabalho da sua banda e em momentos da carreira solo, adicionando a ele rock, R&B e até hip-hop, ainda que timidamente. O resultado passa longe de decepcionar e por mais que não seja uma obra prima, merece ser escutado.
Richard Ashcroft juntou alguns nomes importantes nesse álbum. A produção ficou por conta de No ID (que trabalhou com Jay Z e é conhecido como o “Goodfather do Hip-Hop”) e Benjamim Wright (Michael Jackson) e Reggie Dozer (Stevie Wonder) se envolveram também na engenharia e masterização. Para a banda recrutou músicos competentes da nova cena soul como o guitarrista Steve Wyreman, o baixista Dwayne “DW” Wright e o tecladista Rico Petrillo.
“Are You Ready” começa o trabalho remetendo ao The Verve, perguntando logo no ínicio: “Você está pronto?”. A temática meio gospel da canção, que tem versos como: “Jesus, doce Jesus, você não pode ouvir?/Por favor, não nos deixe sozinhos” está presente em outras partes do trabalho como “Glory”. Na sequência com “Born Again”, Richard Ashcroft grita no meio das batidas e vocais cortados sua vontade de renascer, afirmando: “Eu nasci de novo sim”.
A primeira metade do disco é mais consistente mostrando ainda a modernice de “America”, a balada “This Thing Called Life”, as batidas popzaças de “Beatitudes” (apesar de uma letra bem ruinzinha) e o soul carregado de Motown e psicodelia de “Good Loving”. Da segunda parte destacam-se “How Deep Is Your Man” e “Let My Soul Rest”, sendo que o ponto negativo fica com “Royal Highness”, que rouba descaradamente “Sweet Jane” do Velvet Underground.
É difícil afirmar se o RPA & The United Nations of Sound terá a competência quase mágica de elevar novamente ao topo a carreira do seu comandante, é difícil prever até se vai durar mais que um disco, se analisarmos todo o histórico. No entanto, porém e, todavia, o álbum traz um pouco da competência de Richard Ashcroft novamente para o mundo da música. Uma faixa como “Are You Ready”, por exemplo, faz até acreditar de verdade nesse renascimento.
Site do músico: http://www.richardashcroft.co.uk
Site do projeto: http://www.unofficialunitednationsofsound.co.uk
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