Durante os anos 80 muitas bandas lançaram discos que com o tempo receberam a alcunha de “clássico”, alguns merecidamente e outros nem tanto. O 10.000 Maniacs, banda de Nova York está no primeiro grupo. Formada em 1981, lançaram seis discos de inéditas durante sua primeira fase com a excelente Natalie Merchant como vocalista. Depois da sua saída, por mais que o núcleo criativo permanecesse o mesmo por um tempão, os álbuns ficaram apenas razoáveis.
Além de Natalie Merchant, o 10.000 Maniacs tinha o já falecido Robert Buck (guitarra), John Lombardo (guitarra), Steven Gustafson (baixo), Dennis Drew (teclado) e Jerome Augustyniak (bateria). Com um rol de fãs famosos como o DJ John Pell e Michael Stipe do R.E.M o grupo trilhava uma carreira de relativo sucesso até que “In My Tribe”, seu quarto álbum de estúdio chegou em 1987. Venderam mais de um milhão de cópias e ganharam um respeito bem maior.
Todo esse sucesso foi merecido. “In My Tribe” é um discaço. Nele a banda dosou de maneira brilhante suas influências de rock clássico americano, college rock, folk e pop. Os instrumentos estão tão bem encaixados que parece que levaram anos para chegar a esse resultado. Natalie Merchant com sua voz de um timbre peculiar e alcançando notas que a maioria das cantoras da época não conseguia chegar, interpretava as letras encharcadas de poesia da banda.
O álbum já começa com uma trinca de respeito: “What's The Matter Here?”, “Hey Jack Kerouac” e “Like The Weather”. Nelas temos impotência perante o mundo, busca de um lugar e uma felicidade disfarçada se diluindo nos arranjos de Robert Buck e John Lombardo. Em “Cherry Tree” invoca livros que não são suficientes para salvar sua vida, destronando a intelectualidade tão vigente e pretensiosa do seu circuito pessoal. Nada de Messias ou salvadores.
Em “Dont’t Talk” com as guitarras duelando em uma das melhores músicas da banda, Natalie canta “não fale(...)eu prefiro ouvir alguma verdade esta noite do que entreter suas mentiras” e vai derrubando em versos bem construídos, tijolo por tijolo, um amor falsificado. Em “Gun Shy” aponta sua voz em quase um conto contra o exército e garotos que se vão em guerras imbecis. E tinha mais pérolas como “A Campfire Song”, com direito a Michael Stipe nos vocais.
Em 1992 com “Our Time In Eden” o 10.000 Maniacs construiu outro ótimo disco com músicas como “These Are Days” e “Candy Everybody Wants”, mas foi em “In My Tribe” que alcançaram a perfeição. Natalie Merchant saiu em 1993 depois do “MTV Unplugged” e talvez esse seja o disco mais conhecido no Brasil, pois vendeu muito e trazia uma versão de “Because The Night” da Patti Smith e Bruce Springsteen, sendo essa uma injustiça que requer reparação.
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