Mark Millar conseguiu imprimir um estilo próprio nas suas histórias em quadrinhos. A frente da Marvel fez ótimos trabalhos em “Os Supremos” e na “Guerra Civil”, que revirou de cabeça para baixo a editora. Também criou obras próprias como “Wanted”, dona de uma adaptação cinematográfica muito ruinzinha e principalmente “Kick-Ass”, essa ao lado de John Romita Jr., tendo a primeira fase compreendida em oito edições entre os anos de 2008 e 2010.
“Kick-Ass - Quebrando Tudo” chega aos cinemas baseado nessa obra do escocês. A adaptação tem bons méritos, é divertida, politicamente incorreta, violenta e cheia de ação, mas mesmo assim foi bem “amansada” em relação aos quadrinhos. Muito da violência ficou fora (apesar de ainda existir em fartas doses) e algumas mudanças no destino dos personagens deixou o roteiro mais simples e palatável, com o intuito de fazer funcionar em todos os públicos.
No filme, Dave Lizewski é vivido por Aaron Johnson (“O Ilusionista”) e fica mais atlético que o original. Dave é um nerd de carteirinha. Ninguém dá bola para ele a não ser alguns poucos amigos. Passa invisível caminhando entre todos, inclusive pela menina que é apaixonado. Para ter uma chance com a garota dos seus sonhos, embarca até em um arriscado jogo de se mostrar gay para virar seu amigo. Essa relação é a que fica pior em relação aos quadrinhos.
Como perdeu a mãe por conta de um aneurisma e a relação com o pai não é das mais comunicativas, encontra consolo no mundo dos heróis retratados nas suas revistas. Certo dia tem uma incrível e idiota idéia: Resolve ser um. Bota uma roupa de mergulho como uniforme e sai para as ruas. Mesmo apanhando muito na primeira investida, acaba virando celebridade na sua próxima ação, tendo as maiores visualizações do Youtube e vastos amigos no My Space.
Mas Kick-Ass não está sozinho na sua jornada. Logo aparecem Big Daddy (Nicolas Cage em boa atuação) e Hit Girl, pai e filha que buscam uma vingança. Aliás, dar motivos mais nobres para a violência dessa vingança é outra pequena mancada do longa. E é em Hit Girl, a garotinha que prefere facas a bichinhos de estimação no aniversário e manuseia armas como ninguém, que o filme se faz melhor. Chloe Moretz (“500 Dias Com Ela”) está fantástica no papel.
As ações dos “heróis” desperta a atenção do mafioso Frank D’Amico (Mark Strong de “Sherlock Holmes”) que vê suas operações em risco. Seu filho, também aficionado por quadrinhos, bola um plano para ajudar e faz nascer o ótimo Red Mist, um Christopher Mintz-Plasse (“Superbad”) muito engraçado. “O filme é divertido e não convencional, além de bem dirigido por Matthew Vaughn. Honra de modo competente a HQ, mesmo sendo uma obra menor que ela.
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