“Almejo ser amigo do tempo...” deseja o Mombojó na música que dá nome ao seu terceiro trabalho, disponibilizado gratuitamente para download no site oficial. Manter uma relação amiga com o tempo é sempre complicado, principalmente no campo da música. Como manter a chama acesa, o mesmo amor pelas músicas, quando os anos passam, as cabeças mudam, os fãs querem sempre o mesmo disco, as relações se estremecem e amigos se vão?
Já passou algum tempo desde que a banda mostrou em 2004, o arrebatador “Nadadenovo”. Fizeram mais um (ótimo) disco pela Trama, o “Homem Espuma” em 2006, viram um amigo falecer, outro sair da banda, se mudaram para São Paulo e engataram uma longa temporada de sucesso com o projeto Del Rey, na qual tocam versões de canções do Roberto Carlos. O tempo passava e o novo disco cozinhava com paciência no forno das idéias.
“Amigo do Tempo” é o resultado disso. O Mombojó agora um quinteto, conta com Felipe S. (vocal e guitarra), Marcelo Machado (guitarra), Chiquinho Moreira (teclado), Samuel Vieira (baixo) e Vicente Machado (bateria), exercendo novas funções que passam por outros instrumentos até a produção do álbum e da carreira. Conseguem a façanha de olhar para os discos anteriores com carinho, mas sem se prender a eles, procuram sempre algo novo.
Financiado inteiramente pela banda, “Amigo do Tempo” teve produtores diferentes, o que não prejudica a unidade do trabalho. Das 11 faixas, mais da metade já era conhecida do público, como “Casa Caiada”, que aparece melhor ainda com efeitos diversos e a melancólica e melódica “Triste Demais”. O grupo explora mais o poder das eletronices, mas sem deixar de lado as frases certeiras, a malemolência preguiçosa do vocal e o ritmo peculiar.
Em “Antimonotonia” o clima é tão tenso que parece a trilha sonora de um filme dramático. Em outras como “Papapa” (com direito a clipe hilariante da banda vestida como heróis de desenhos japoneses), o Mombojó aparece mais pop que nunca e convida discretamente para dançar. “Aumenta o Volume” tem a bateria característica do grupo, mesmo que mascarada. “Praia da Solidão” é mais um bonito exemplo do lado melancólico da banda.
“Amigo do Tempo” talvez não agrade de entrada alguns fãs que esperam novas “Deixe-se Acreditar” ou “Merda”, mas é uma extensão perfeitamente entendida de “Homem Espuma”. Como diria Chico Science: “Um passo a frente e você não está no mesmo lugar”. O Mombojó segue habilmente essa trilha, mostrando ser um dos mais importantes nomes da música nacional dos últimos anos. Sem alardes ou histrionices, apenas fazendo música como arte.
Sobre o “Homem Espuma”, passe aqui.
Site oficial onde o disco está disponível gratuitamente para download:
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