Joseph Heller faleceu em 12 de dezembro de 1999 aos 76 anos. O escritor norte americano nasceu em 1923 no Brooklyn em Nova York, filho de uma família judaica. Logo em 1961 no seu primeiro romance, “Ardil 22” (“Catch 22” no original), cravou um clássico na literatura da segunda metade do século passado. Sua principal obra gerou bons filhos como no filme M*A*S*H dirigido em 1970 por Robert Altman e na série televisa de mesmo nome.
A carreira de Heller não teve muitos livros (menos de 10 no total) apesar de duradoura, mas a qualidade sempre se fez presente. Seu discurso anárquico e repleto de sátiras e críticas bem humoradas sobre instituições e a sociedade em geral, era a principal marca. “Retrato do Artista Quando Velho” foi seu último livro, lançado postumamente em 2000 e serve como um réquiem justo e bem pessoal, carregando em vários níveis todos seus tons e cores.
O título, uma evidente brincadeira com “Retrato do Artista Quando Jovem” do grande James Joyce, traz o autor transmutado em Eugene Pota, um escritor que teve uma carreira sólida e bem sucedida, mas que agora já com mais de 70 anos não sabe o fazer da vida. Pota não recebe mais os convites de outrora na mesma intensidade. Por mais que nunca tenha se dignado muito a responder, sente falta. Seu telefone não trabalha como antigamente.
A única saída que lhe vem a mente é lançar um novo livro. Mas sobre o quê? A sua exigência pessoal e a proporcional diminuição da criatividade lhe impedem de abordar temas já passados anteriormente. Não quer escrever também sobre o que monstros como Henry James, William Faulkner, James Joyce e Ernest Hemingway já escreveram. O que fazer então? Que rumo tomar? O humor peculiar de Joseph Heller atira para todos os lados.
Eugene Pota tenta começar diversos livros. Vai de reescrever clássicos gregos a dar um novo olhar para as aventuras de Tom Sawyer. Começa um trabalho com o nome “Biografia Sexual de Minha Mulher” (para desespero desta) e tenta encaminhá-lo de todo jeito, mostrando para seu editor e alguns amigos. Vai pulando de idéia em idéia, até perceber que nada vai muito além, para desespero próprio. O tempo passa para todos, é a triste conclusão.
“Retrato do Artista Quando Velho” tem algumas limitações e defeitos, normais por se tratar de um livro póstumo, mas bem menores comparando com outros lançados na mesma situação. Joseph Heller lança seu olhar singular sobre o passar do tempo e sobre o oficio do escritor, envergando críticas severas e bem humoradas contra sua profissão e mais uma vez sobre o cotidiano de um modo geral. Um divertimento mordaz e repleto de classe.
Sobre o filme “M*A*S*H*, passe aqui.
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