Tivemos bandas primorosas nos anos 90. Algumas alcançaram fama e estrelato e outras tiveram pouco reconhecimento, ainda que tivessem tido relativo sucesso. Aqui no Brasil, por exemplo, foi a década que os lançamentos começaram a chegar em uma proporção honesta e os importados estavam a um preço justo. Não se compara a propulsão da música em tempos de internet e downloads por todo lugar, mas era uma grande coisa para a época.
Uma dessas bandas foi o Possum Dixon. Vindo de Los Angeles nos Estados Unidos, foi formada em 1989 por Robert Zabrecky (vocal e baixo) e Celso Chaves (guitarra), que retiraram o nome de um assassino que teve a história exibida em um programa de TV. Depois entraram Robert O’ Sullivan (guitarra, piano, harmônica e vocais) e Richard Treuel (bateria). Em 1993, o grupo estreou pela Interscope Records com um disco homônimo seminal.
“Possum Dixon”, o disco, unia punk, new wave e pós punk com muita energia, melodias arrebatadoras e refrões grudentos. Devo, Talking Heads, The Police e Blondie caminhavam de mãos dadas na visceral música do grupo. Robert Zabrecky, compositor da maioria das canções, era um Elvis Costello meio desajustado, que faltava se matar no palco atrás do seu baixo. As letras versavam sobre amor, perda e o cotidiano louco e meio irreal da sua cidade natal.
O disco traz onze faixas, que com exceção feita a brincadeira experimental de “John Struck Lucy” eram potenciais hits, singles certeiros. A produção feita em conjunto com Earle Mankey que trazia trabalhos anteriores com bandas como The Dickies e The Runaways, adubava a pegada punk e a urgência que permeia todas as canções. O início com a bateria forte de “Nerves” engatada em seqüência com “In Buildings”, já abre um sorriso no rosto.
“Watch The Girl Destroy Me”, o quase sucesso da banda vem depois, com refrão para ser cantado em plenos pulmões. “She Drives” e “We’re All Happy”, usam cinismo e soam pop’s e rápidas, com seus fraseados curtos de guitarra. “Invisible” é uma balada torta e estranha inserida dentro do cenário apocalíptico de Los Angeles. “Pharmaceutical Itch”, lembra (bem) o The Police e traz o baixo suando na frente, enquanto a banda explode atrás.
“Executive Slacks” é bem humorada, uma new wave descarada e caótica. “Regina” tem um toque latino, um clima meio “La Bamba” embalando um refrão bastante calhorda. Para cantar junto. A já citada “John Struck Lucy” é uma pequena viagem experimental de menos de um minuto, que abre caminho para “Elevators”, encerrando o disco com um dos refrões mais grudentos do trabalho e repleta de desconstruções de ritmo no seu andamento.
O Possum Dixon lançou mais dois discos antes de acabar, “Star Maps” em 1996 e “New Sheets” em 1998, que apesar de serem bons (principalmente o último) já não exalavam o mesmo odor. Problemas pessoais, drogas e brigas internas causaram o término precoce. Todos seguiram sua vida (Robert Zabrecky mantêm, por exemplo, uma sólida carreira de ator e mágico!!), mas provavelmente conceberam o maior testemunho artístico das suas vidas em 1993.
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