O diretor norte americano Wes Anderson já criou um estilo próprio de fazer cinema aos 41 anos apenas. Esse estilo facilmente identificado para aqueles que seguem sua carreira rendeu ótimos trabalhos como “Os Excêntricos Tenenbaums” de 2001. Em outros como “A Vida Marinha Com Steve Zissou” de 2004 e “Viagem a Darjeeling” de 2007 o resultado foi confuso, plastificado e mediano, culpa de um certo exagero do seu próprio estilo e concepções.
“O Fantástico Sr. Raposo” é a primeira incursão de Wes Anderson no campo da animação. Usando primordialmente a técnica do Stop-motion leva a tela uma adaptação do escritor Roald Dahl (o mesmo de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”). Seu mais recente filme não é direcionado para as crianças, apesar de ter alguns momentos em que possa agradar este publico. “O Fantástico Sr. Raposo” é para adultos e versa sobre acomodação e a própria natureza.
O diretor convidou um time de peso para dublar as falas dos personagens, como por exemplo, George Clooney, Meryl Streep, Adrien Body, William Dafoe e Bill Murray, além de Jarvis Cocker (ex-Pulp) que ainda contribuiu na trilha sonora e na principal canção do longa. A inserção de pequenas pílulas de cultura pop em geral está novamente presente e a trilha sonora tem Rolling Stones e Beach Boys, o que ajuda a melhorar o razoável resultado final.
O Sr. Raposo que dá nome ao filme é um ex-ladrão de fazendas que se redime após ser pego junto com a namorada e descobrir que vai ser pai. Depois da regeneração segue uma vida normal e ordinária como os demais. Tem um trabalho comum (escreve em um jornal), se preocupa com a família, tanto no que tange a comida quanto a moradia e tem um relacionamento social padrão. Só que lá no fundo cresce cada vez mais uma perigosa inquietação.
Essa inquietação o faz atacar novamente três grandes fazendeiros da cidade indo de encontro a promessa feita para a esposa. Os roubos de galinhas, gansos e cidra, provocam a ira dos atingidos, que partem com tudo para cima dele, não medindo esforços para realizar sua vingança. Nisso, o Sr. Raposo perde tudo e precisa se virar para achar um modo de alimentar sua família, um modo de sobreviver, dentro do imenso caos em que acabou se metendo.
Wes Anderson traz alguns personagens interessantes e consegue bons momentos, ao versar sobre o quanto nos acomodamos no decorrer da vida. Na verdade essa premissa não é tão nova assim nos seus filmes, o que já dá um gosto morno ao filme. Esse gosto se estende por quase todo o trabalho infelizmente. Dentro do seu criativo universo próprio o diretor precisa imensamente se reinventar e soar fantástico novamente, assim como seu Sr. Raposo.
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