Corumbá, Mato Grosso do Sul. Cidade situada na margem esquerda do Rio Paraguai e que faz fronteira com a Bolívia. O clima pantaneiro toma conta do lugar. O calor invade tudo. É nessa cidade que Patrícia Melo desenvolve o mais recente trabalho. “Ladrão de Cadáveres” marca a estréia da escritora na Editora Rocco, depois de um bom tempo na Companhia das Letras. Lançado esse ano com 220 páginas, traz uma trama rápida e envolvente.
O narrador, que ao mesmo tempo protagoniza o livro, é ex-gerente de uma empresa de telemarketing de São Paulo, que em um dia como outro qualquer explodiu e estapeou uma funcionária. Pouco tempo depois, essa mesma funcionária se suicida e a vida se torna insuportável. Ele então recebe a visita de Carlão, um primo que mora em Corumbá e depois de um convite ruma para a cidade, sem saber o que fazer da vida, sem saber de nada.
Tenta se acostumar com a nova moradia e com o convívio social da cidade, mas na verdade não está a fim de fazer muita coisa. Ao mesmo tempo um pequeno drama começa a se desenvolver com outras pessoas. Uma das famílias mais ricas do local perde inexplicavelmente o filho único em um fatídico acidente aéreo. De uma maneira perspicaz, Patrícia Melo consegue unir esses dois pontos, união que vai servir de base para tudo que virá.
“Ladrão de Cadáveres” é um livro sem esperança no poder da bondade, das boas ações. Até as pessoas mais corretas vão quebrando seu caráter pouco a pouco, sempre olhando o que é melhor para suas conveniências, em vão tentando provar a si mesmo que os meios justificam os fins. Retrato fiel de grande parte de um país em que a lama não para de jorrar. A autora não dispensa ninguém. Polícia, família, amores. Tudo está no mesmo saco.
Patrícia Melo continua no gramado onde joga melhor. Amarra suas tramas policiais como poucos escritores no país hoje em dia. Sem personagens ou tramas óbvias, consegue criar mesmo assim cenários plenamente reais. “Ladrão de Cadáveres” pode até falar sobre perdas da vida, como a autora afirmou em entrevista recente, mas traz consigo também em tons fortes, uma imensa lista de imoralidades que as pessoas podem ser capazes de fazer.
O livro tem um blog relacionado a história. Para olhar depois ou enquanto ler: http://dodecimoandar.wordpress.com
Sobre o livro anterior, passe aqui.
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