O baiano Marcelo Nova é o roqueiro clássico, com tudo que isso pode acarretar para o bem e para o mal. Aos 58 anos, continua fazendo suas turnês pelo país e divulgando o bom e velho rock n’ roll. O músico desembarcou em Belém para uma dobradinha de shows no Bar Old School ao lado de dois músicos da atual banda que o acompanha. Em cima de um pequeno palco, Marceleza cantou, brigou, contou causos e mais causos e divertiu quem foi assistir.
Desde a época com o Camisa de Vênus no começo dos anos 80, Marceleza nunca fez muitas concessões. Sua tese foi sempre fazer que o bem quisesse. E continua assim. Logo no final da primeira música enquanto dissertava no palco, um chato de plantão começou a gritar e mandá-lo calar a boca e tocar. Marcelo respondeu com bom humor e cheio de acidez. Quando a platéia pedia “Sílvia” ele contemplava dizendo que “sempre achou essa música uma merda”.
Durante as duas horas de show, as guitarras fortes fizeram a cama para várias canções abrangendo praticamente toda a carreira do músico. Alguns exemplos: do primeiro disco homônimo do Camisa de Vênus de 1983 sacou “Beth Morreu”, do “Batalhões de Estranhos” veio “Hoje” e o bis com “Eu Não Matei Joana D’arc” e do “Correndo o Risco” de 1986 o rockabilly de “Simca Chambord”. Todas devidamente cantadas pelo público presente.
Daquele que talvez seja o seu melhor disco, “A Panela do Diabo”, feito em parceria com Raul Seixas, engatou pérolas como “Carpinteiro do Universo”, “Século XXI” e “Pastor João e a Igreja Invisível”. Do seu mais recente trabalho, “O Galope do Tempo” de 2005, cantou a bonita e ácida “A Balada do Perdedor”. Faltaram algumas músicas é lógico (como “Só o Fim”, por exemplo), mas é difícil abarcar uma carreira tão grande em uma apresentação.
Sabe a expressão: “Valeu o ingresso?” Pois é. Aplica-se perfeitamente. O público era na maioria acima dos 30 anos, mas não era raro ver um jovem cantando a plenos pulmões. Marcelo Nova parece saber muito bem onde está agora, longe dos holofotes, mas mantendo sua música viva, como alguns de seus ídolos. Um cara que errou muito, mas não se arrepende de quase nada. Autêntico, cabeça dura e roqueiro, com tudo aquilo que a palavra pode oferecer.
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