No seu livro “Uma Longa Queda”, lançado aqui no Brasil em 2006, o inglês Nick Hornby mostrava, ainda que de maneira tímida, um novo caminho para sua literatura, tão vinculada a “Alta Fidelidade”. Depois veio “Slam” em 2008, engraçado, mas descartável e uma coletânea de colunas literárias reunidas sobre o nome de “Frenessi Polissilábico” em 2009. À espera por um novo livro do autor passava pela curiosidade de que direção ia ser tomada.
“Juliet, Nua e Crua” lançado aqui este ano pela Editora Rocco com 272 páginas é esse esperado novo livro e ao mesmo tempo em que diverte, também decepciona. Nick Hornby retorna ao universo da paixão pela música para criar uma comédia romântica disfarçada que satiriza de modo bem humorado a relação entre fãs e artistas, com direito aos absurdos já conhecidos. Explora também a internet e a contínua lembrança de obscuros músicos e bandas.
“Juliet, Nua e Crua” é focado em Tucker Crowe, cantor norte americano que fez relativo sucesso nos anos 80 e mereceu comparações com Bob Dylan e Leonard Cohen. Após lançar “Juliet”, seu álbum mais famoso e considerado uma obra prima, Tucker Crowe some depois de visitar o banheiro de uma boate em Minneapolis. 20 anos depois, algumas centenas de fãs continuam o culto ao artista em sites especializados e fóruns pela internet.
Duncan Thomson, um professor inglês de meia idade é um destes obstinados fãs. Morando em uma pequena cidade litorânea inglesa, alimenta as possíveis teorias sobre o desaparecimento do músico, assim como conhece os detalhes de todas as gravações já feitas, inclusive diversos shows piratas. Morando com Annie, curadora do pequeno museu local, há mais de 15 anos, sua relação com Tucker Crowe vive influenciando na sua vida pessoal.
Anne até que gosta da música pela qual seu parceiro é fascinado, mas acha tudo obsessivo demais e acaba refletindo na vida dos dois, que está prestes a ruir. Depois que um disco com esboços das canções contidas em “Juliet” é lançado, Annie resolve fazer uma resenha detonadora em um site (só para infernizar Duncan, na verdade) e se assusta ao receber um email do próprio Tucker Crowe, o que acaba desencadeando previsíveis acontecimentos.
Ao inserir Tucker Crowe, o autor desmistifica todos os fatos em relação a vida pessoal, seus discos e inspirações. Os nossos ídolos são mais comuns do que parecem e Hornby se aproveita disso, criando bons momentos como descrições no Wikipédia e muito sarcasmo. “Juliet, Nua e Crua” tem momentos divertidos e boas sacadas críticas, no entanto padece de originalidade, lembrando muito outros (bons) livros do autor. É para ler, sorrir e esquecer.
Mais livros do autor por aqui: “Alta Fidelidade”, “Uma Longa Queda” e “Slam”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário