A vida de Doug Parker não era exatamente um ninho de brilhantismo antes de conhecer sua esposa Hailey. Patinando entre um emprego e outro, sem grandes ambições ou mesmo vontade de encarar maiores desafios, esse cara de vinte e tantos anos seguia a vida. Mas Hailey apareceu na sua frente, mais velha, divorciada, bem sucedida e com um filho para criar. Se casaram e a vida de Doug começou a mudar depois disso, até que sua esposa morreu num acidente aéreo e o deixou na merda.
“Como Falar Com Um Viúvo” começa um ano depois do acidente descrito acima e mostra um Doug Parker ainda sem completar 30 anos, imerso em tristeza e auto piedade. Desde o acidente da esposa, a casa não foi mexida e ele tenta superar a situação enchendo a cara de Jack Daniel’s a toda hora, tentando matar coelhos que andam pela sua casa herdada em um bairro de classe alta e escrevendo uma coluna mensal em uma revista, onde exorciza seus sentimentos e começa a fazer certo sucesso.
O quinto livro do norte americano Jonathan Tropper (dos anteriores apenas “Plano B” foi lançado no Brasil), chega pela Editora Sextante, com 272 páginas e mostra uma história que ao mesmo tempo em que embala tristeza e melancolia no pacote, esboça bom humor e sarcasmo na briga para se reencontrar. Nada muito novo na verdade, a sua literatura encontra ecos em nomes como Tony Parsons e Scott Mebus, mas consegue funcionar bem, apesar de perder um pouco o rumo na segunda metade.
A vida de Doug Parker está cheia de percalços. Além da morte da esposa (que na verdade lhe deixou uma baita herança, além da indenização da companhia aérea), seu pai com quem nunca teve proximidade sofreu um ataque cardíaco, sua irmã mais nova vai casar com um amigo seu que conheceu no velório da sua esposa (coisa que ele não pode aceitar), seu enteado está cada vez causando mais problemas e sua irmã gêmea Claire resolve abandonar o marido para morar com ele e reintegrá-lo ao mundo.
Fora esse cenário deprimente, o personagem principal ainda contribui e muito para que situações trágicas se desenvolvam. É nessas situações que Jonathan Tropper agrada mais, pois insere toques de humor para amenizar os feitos mesquinhos e egoístas de Doug Parker, que no fundo acha que ele mesmo inventou a dor e não se preocupa muito com os outros. “Como Falar Com Um Viúvo” é divertido e interessante, busca por uma redenção que nunca chega, por mais torta que possa parecer.
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