O americano Timothy Walter Burton nunca foi muito ligado a seguir regras ou padrões pré estabelecidos na sua carreira cinematográfica. Mesmo nos dois filmes do Batman que dirigiu em 1989 e 1992 fez poucas concessões. Quando recriou “Planeta dos Macacos” em 2001 e “A Fantástica Fábrica de Chocolate” em 2005, tomou certas liberdades que causaram reações mais exaltadas nos fãs antigos. Com “Alice no País das Maravilhas” não seria diferente.
Imaginar que Tim Burton iria pegar a obra clássica de Lewis Carrol e transportá-la da mesma maneira para a grande tela era no mínimo muita ingenuidade. A história tal qual conhecemos vinda do livro ou mesmo da eterna adaptação animada da Disney, com certeza sofreria sérias mudanças e assim aconteceu. Tim Burton mescla a obra original com a sua seqüência menos conhecida “Alice Através do Espelho”, para junto com fatos novos criar outro universo.
A adaptação de Burton é uma obra-prima então? Não, não é. Mas também passa muito distante do filme horroroso que as críticas de puristas de primeira mão estão arremessando por aí. O diretor fez um filme com sua marca inegável e mesmo deslizando em alguns momentos, recriou o clássico de Lewis Carrol com certa tensão, ótimos personagens e figurinos e lampejos de excelência, como na versão do Chapeleiro Maluco nas mãos de Johnny Depp.
Na trama, Alice não é mais aquela garotinha curiosa e bem educada, mas sim uma jovem (muito bonita por sinal) que aos 17 anos está na porta de um casamento arranjado e sente uma inadequação imensa no coração. Ao cair novamente no buraco que leva ao País das Maravilhas, Alice precisa se lembrar da sua primeira passagem por lá e ajudar velhos amigos como o Coelho Branco, a Lebre Maluca e o Chapeleiro, a recuperar o reino para a Rainha Branca.
O reino está despedaçado e sob o controle da Rainha Vermelha (Helena Bonham-Carter). Alice precisa ajudar as coisas a voltar para o que eram. Partindo disso, Tim Burton cria uma aventura que traz alguns clichês hollywoodianos, como a busca por uma coragem e nobreza interior e batalhas do bem contra o mal, corroborando tudo na figura de Alice, que representada por Mia Wasikowska, talvez não carregue assim uma imagem tão forte de heroína destemida.
Muita coisa ficou para trás nessa adaptação, principalmente grande parte das metáforas e analogias da obra original, que através delas atacava governos, sociedades e a igreja. No entanto, outras faces como a loucura e a insanidade foram aumentadas gradativamente nos personagens. O espetáculo visual promovido é fantástico e não poderia se esperar menos de Tim Burton, que sempre que pega estranheza e desajuste comportamental consegue se sair muito bem.
Mais filmes de Tim Burton no blog:
“A Fantástica Fábrica de Chocolate”
“Sweeney Todd – O Terrível Barbeiro de Fleet Street”
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