Entre os anos de 2002 e 2003 uma banda chamada Suzana Flag aparecia no rock paraense, provocando, não de modo isolado, mas desempenhando um papel maior, uma cena que mesmo não tendo saído como todos queriam gerou boas bandas e a criação de um mercado (ainda que incipiente) para o pop rock no estado. “Fanzine” o disco de estréia de 2002 até hoje esbanja uma qualidade surpreendente, mesmo tendo sido gravado de modo caseiro, sem muitos recursos.
Depois desse disco o Suzana Flag tocou em festivais ao redor do Brasil e angariou elogios onde quer que sua música tocasse. A expectativa para o segundo álbum era a maior possível, mas foi se aquietando com os anos que se sucediam. A banda passou por mudanças na formação (o baixista Elder Effe saiu para montar o Ataque Fantasma) e muitos outros obstáculos, tão típicos de quem faz música independente nesse país, até que “Souvenir” ganhasse corpo.
Contando com o apoio de uma Lei Cultural do Estado a banda conseguiu uma produção mais elaborada, que ficou a cargo do guitarrista Joel Melo e de Nicolau Amador. A mixagem foi feita por Iuri Freiberger (Tom Bloch) na Toca do Bandido no Rio de Janeiro e a masterização por Ricardo Garcia. No entanto, nada disso valeria a pena se as 13 canções de “Souvenir” não fossem boas, não sustentassem o registro. O que passa bem longe de ser o caso aqui.
Feito em cima de um núcleo central que tem Joel Melo (guitarra, violão e programação eletrônica), Susanne Mey (vocal) e João Ricardo (bateria, percussão e backing vocals), o Suzana Flag teve nas gravações o baixo de Bruno Aquino (na maioria das faixas) e do velho parceiro Elder Effe. O novo trabalho exala vigor, com as antigas influências ainda presentes, mas agora encobertas por uma roupagem mais rock, mais dançante, com apelo maior nas guitarras.
“Híbrido”, conhecida dos shows mais recentes, abre empolgante e para cima, deixando na seqüência “Bem Feito” (com o toque de Iuri Freiberger na mixagem) e a excelente “Antiaéreo”, que nos seus 6 minutos traz uma bela melodia e show de Joel Melo na guitarra. “Santa Fé” é outro pop, aliás, powerpop perfeito. Deliciosa. Depois chegam mais duas também apresentadas anteriormente, sendo a maliciosa faixa título e a bonita “3D”, que ganhou mais força nos riffs.
A segunda metade tem a balada “Dual”, com direito a arranjo de cordas e versos sobre um amor destruído, “Postal” com a cozinha de baixo e bateria fazendo a cama para as explosões da guitarra, “Buenaventura” e “Soft” (a melhor letra do disco). As duas últimas são “A Sua Vida”, mais quebrada, com o vocal mais limpo enquanto a guitarra fica zunindo lá atrás e “Um Dia de Cada Vez” meio punk, meio anos 80 e extremamente pop. Canção para grudar na mente.
“Souvenir” demorou muito para ser lançado por conta dos percalços do caminho, mas agora que chega aos ouvidos faz parecer que foi ontem que o “Fanzine” apareceu. A pegada pop do Suzana Flag continua forte e certeira, um pop bem feito e executado que agora é encorpado com muito mais rock n’ roll na mistura. É complicado não iniciar uma paixão por qualquer uma das faixas que seja e depois sair pelos cantos cantando sozinho com um sorriso estampado no rosto.
My Space: http://www.myspace.com/suzanaflag
3 comentários:
bonito texto, menino drico. fico feliz por esses frutos estarem surgindo, pois eu sei o quanto eles foram esperados. vida longa!
só para implicar um pouco: quem era que não gostava de faixas de muito minutos mesmo? ahahahaha
beijo, cara de queijo
*muitos
Se a versão de Híbrido que tiver no cd, é a que toca nas rádio, acredito que vai ser a única baixa do cd, ficou podre rs. A versão anterior, bem mais 'rocker', é destruidora \m/
Aguardando ansiosamente esse disco.
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