Nos primeiros meses do ano passado os goianos do Violins anunciaram seu fim. A banda ia partir para novos projetos, buscar novos caminhos. Menos de um ano depois desse anunciado término, Beto Cupertino (vocal, guitarras e violões), Thiago Ricco (baixo), Pedro Saddi (teclados) e Pierre Alcanfôr (bateria) resolveram se juntar novamente. O resultado é “Greve Das Navalhas” que apareceu faixa a faixa no site da banda em março e ganhará edição física pela Monstro Discos.
O Violins tem pelo menos uma obra prima na carreira, o extraordinário “Tribunal Surdo” de 2007 (outros consideram o “Grandes Infiéis” de 2005) e os rumores exagerados de sua “morte” deixavam um grande vazio no rock nacional. “Greve Das Navalhas” foi definido em entrevista recente por Beto Cupertino com um álbum de clima “dançando feliz no fim do mundo”. É mesmo por aí. Mesmo sem deixar de versar sobre tragédias, o retrato é bem mais otimista.
As canções do grupo de Goiânia são daquelas que trazem as melodias diretamente associadas as letras. Uma não faria tão sentido sem a outra. No novo trabalho, os versos continuam com um olhar seco, irônico e mordaz, viajando por temas como política e comportamento social, mas dessa vez focando também nos efeitos ambientais que vem refletindo no planeta. “Greve Das Navalhas” foi produzido novamente por Gustavo Diniz no estúdio RockLab.
Na primeira faixa “Um Só Fato”, saca-se logo a frase: “De fato o mundo perdeu o som?”. Se não perdeu, os sinais indicam o início. “Comercial de Papelaria” traz uma grande letra, ambientada com a tradicional calmaria antecedendo as guitarras fortes. Em “A Fila”, temos quase um conto, um realismo fantástico egoísta por si só. “Tsunami” é pesada e densa, o retrato de uma tragédia com final feliz. “A Morte da Chuva” impressiona com seus andamentos diferentes.
“Reinvenção da Roda” mergulha o vocal em efeitos e com um clima meio Radiohead, afirma que “Tudo está melhor agora que o mundo acabou lá fora”. “Sinais de Trânsito” traz o habitual cinismo comportamental de Beto Cupertino, enquanto “Mapa Incerto” é cética e cheia de desesperança, com bateria forte e vocal gritado. “Do tempo” apresenta a melhor letra do álbum, profetizando que “Pouca gente vai morrer de velho/ um entra e sai no mundo sem critério”.
Para finalizar o trabalho temos “Fluorescente”, usando o sol como narrador e “Roda da História” com seus violões trazendo uma visão final para um ótimo disco: “Se o mundo acabar/ Ninguém tem o direito de se entristecer aqui/ pra tudo se chega o tempo de se decretar um fim/ vamos só sair de cena como os dinossauros/ e depois outro animal vai prosseguir”. Em seu sexto disco, o Violins continua esbanjando qualidade e maestria nas suas músicas. Longa vida.
Site Oficial: http://www.violins.com.br
My Space: http://www.myspace.com/violinsbr
Sobre o Tribunal Surdo, passe aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário