Em 2007 o Fino Coletivo lançava um dos melhores discos do ano, com uma mistura interessantíssima de música brasileira e outros ritmos. Passado alguns anos e vários elogios da imprensa e do público, o combo volta em 2010 com seu segundo trabalho, intitulado “Copacabana”. Mesmo sem contar mais com a participação do Wado dentro do time, o Fino Coletivo mantém a pegada e a categoria marcante que caracterizou seu registro anterior.
Hoje o grupo é um sexteto, que conta com os compositores Alvinho Cabral (violão, guitarra, percussão e vocal), Adriano Siri (vocal) e Alvinho Lancellotti (vocal), mais os competentes Daniel Medeiros (baixo e vocal), Donatinho (teclados) e Marcus Cesar (bateria). “Copacabana” ganha o mundo pelas mãos do selo Oi Música e está disponível para audição no site do grupo. É um disco para cima, para alegrar a vida e o nosso dia a dia.
O samba ainda se apresenta como o alicerce em que as canções vão se construindo, mas se mistura com o funk, soul e com o reggae. As guitarras aparecem funkeadas e cheias de efeitos, o baixo é um balanço só, os teclados conduzem os temas, o vocal é dobrado e bem feito e a bateria segue precisa costurando tudo. Todo o disco é bom. Desde a ensolarada “Batida de Trovão” até o fechamento com “Amor Meu”, um suingue eletrônico para o amor.
Das 14 canções, 3 já foram gravadas pelo Wado. “A Coisa Mais Linda do Mundo” (do Alvinho Cabral) que aqui ganha metais e vira um reggaezinho, “Beijou Você” (parceria com Alvinho Cabral) e a ótima e sempre deliciosa “Se Vacilar o Jacaré Abraça” (esta junto com Thiago Nistal e Alvinho Cabral). Outras duas são covers: “Swing de Campo Grande” excelente releitura dos Novos Baianos e “Nhem Nhem Nhem” do Totonho & Os Cabra.
Ainda tem o balanço meio Paralamas do Sucesso de “Ai De Mim”, a psicodelia moderna da instrumental “Doce Em Madrid”, o reggae a lá Gilberto Gil de “Minha Menina Bonita”, a parceria com o rapper De Leve na história da mulher espetacular de “Abalando Geral” e uma ode a dedicação exclusiva ao amor em “Fidelidade”, que busca “levantar a bandeira da fidelidade, porque é coisa da antiga ser malandro traidor”. Ótimo disco. Corra atrás rapidinho.
Sobre a estréia da banda, passe aqui.
Site Oficial: http://www.finocoletivo.com.br
My Space: http://www.myspace.com/finocoletivo
quinta-feira, 29 de abril de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
"Greve Das Navalhas" - Violins - 2010
Nos primeiros meses do ano passado os goianos do Violins anunciaram seu fim. A banda ia partir para novos projetos, buscar novos caminhos. Menos de um ano depois desse anunciado término, Beto Cupertino (vocal, guitarras e violões), Thiago Ricco (baixo), Pedro Saddi (teclados) e Pierre Alcanfôr (bateria) resolveram se juntar novamente. O resultado é “Greve Das Navalhas” que apareceu faixa a faixa no site da banda em março e ganhará edição física pela Monstro Discos.
O Violins tem pelo menos uma obra prima na carreira, o extraordinário “Tribunal Surdo” de 2007 (outros consideram o “Grandes Infiéis” de 2005) e os rumores exagerados de sua “morte” deixavam um grande vazio no rock nacional. “Greve Das Navalhas” foi definido em entrevista recente por Beto Cupertino com um álbum de clima “dançando feliz no fim do mundo”. É mesmo por aí. Mesmo sem deixar de versar sobre tragédias, o retrato é bem mais otimista.
As canções do grupo de Goiânia são daquelas que trazem as melodias diretamente associadas as letras. Uma não faria tão sentido sem a outra. No novo trabalho, os versos continuam com um olhar seco, irônico e mordaz, viajando por temas como política e comportamento social, mas dessa vez focando também nos efeitos ambientais que vem refletindo no planeta. “Greve Das Navalhas” foi produzido novamente por Gustavo Diniz no estúdio RockLab.
Na primeira faixa “Um Só Fato”, saca-se logo a frase: “De fato o mundo perdeu o som?”. Se não perdeu, os sinais indicam o início. “Comercial de Papelaria” traz uma grande letra, ambientada com a tradicional calmaria antecedendo as guitarras fortes. Em “A Fila”, temos quase um conto, um realismo fantástico egoísta por si só. “Tsunami” é pesada e densa, o retrato de uma tragédia com final feliz. “A Morte da Chuva” impressiona com seus andamentos diferentes.
“Reinvenção da Roda” mergulha o vocal em efeitos e com um clima meio Radiohead, afirma que “Tudo está melhor agora que o mundo acabou lá fora”. “Sinais de Trânsito” traz o habitual cinismo comportamental de Beto Cupertino, enquanto “Mapa Incerto” é cética e cheia de desesperança, com bateria forte e vocal gritado. “Do tempo” apresenta a melhor letra do álbum, profetizando que “Pouca gente vai morrer de velho/ um entra e sai no mundo sem critério”.
Para finalizar o trabalho temos “Fluorescente”, usando o sol como narrador e “Roda da História” com seus violões trazendo uma visão final para um ótimo disco: “Se o mundo acabar/ Ninguém tem o direito de se entristecer aqui/ pra tudo se chega o tempo de se decretar um fim/ vamos só sair de cena como os dinossauros/ e depois outro animal vai prosseguir”. Em seu sexto disco, o Violins continua esbanjando qualidade e maestria nas suas músicas. Longa vida.
Site Oficial: http://www.violins.com.br
My Space: http://www.myspace.com/violinsbr
Sobre o Tribunal Surdo, passe aqui.
domingo, 25 de abril de 2010
"Anvil! The Story Of Anvil" - 2009
O rock n’ roll desde seus primórdios sempre foi um enorme palco para gerar sonhos. Quantos e quantos adolescentes não fizeram pactos de montar uma banda e tocar pelo resto de suas vidas? De seguir empunhando a bandeira do rock aconteça o que acontecer? Muitos fizeram isso sem dúvida, mas poucos conseguiram honrar esse trato utópico da juventude. Os canadenses Steve “Lips” Kudlow e Robb Reiner foram dois desses adolescentes.
Em 1973, então com 14 anos, resolveram montar uma banda que anos depois receberia o reforço de Dave Allison e Ian Dickson. O Anvil (que confesso nunca ter ouvido falar) teve seus minutos de sucesso no começo dos anos 80 quando lançaram discos cultuados dentro do metal como “Hard ’N’Heavy” de 1981 e “Metal On Metal” de 1982. Depois desse parco e modesto sucesso cairam na vala do ostracismo, no entanto, sem nunca deixar de gravar ou tocar.
“Anvil! The Story Of Anvil”, documentário produzido em 2009 pela aba cinematográfica do canal VH1 e dirigido por Sacha Gervasi, mostra os fundadores da banda (agora com 50 anos) ainda perseguindo o sonho de ser rockstars. O filme viaja para o Canadá para acompanhar Steve “Lips” Kudlow e Robb Reiner nas suas vidas atuais. Com trabalhos “comuns” para poder sobreviver financeiramente, a dupla ainda procura cumprir as promessas de anos atrás.
O documentário traz depoimentos de Lars Ulrich (Metallica), Scott Ian (Anthrax), Lemmy Kilmister (Motörhead), Tom Araya (Slayer) e Slash (ex-Guns And Roses), falando da importância que o Anvil teve no inicio das suas carreiras. Tudo bem sincero e sem forçar a barra. A câmera acompanha também os familiares dos fundadores, os fãs mais ardorosos (pouquíssimos na verdade) e os shows junto com a formação dos últimos anos com Gleen Five e Ivan Hurd.
Numa das passagens mais comoventes, a banda consegue uma turnê na Europa por mais de um mês. O que no começo era pura alegria e esperança se torna um pesadelo com shows em espeluncas na Romênia, Ucrânia, República Tcheca e outros mais. Sem desistir nunca, o Anvil ainda batalha para lançar um novo disco, gravado em Londres, mas que depois também se transforma em frustração quando não conseguem um contrato para fazer a distribuição.
O filme pode parecer ingênuo, sonhador e até ridículo para alguns em certos momentos, mas na verdade é um quadro bonito sobre amizade e esperança. Quando os amigos trocam insultos, farpas, abraços e pedidos de desculpas é impossível não se render a força da amizade e do poder da música. No final, Steve “Lips” diz que o que vale na vida são os relacionamentos e as experiências que tivemos. Ingênuo? Talvez. Mas um pouco mais disso no mundo não faria mal.
Sites oficiais: http://www.anvilthemovie.com e http://www.anvilmetal.com
sexta-feira, 23 de abril de 2010
"A Estrada" - 2010
Dentre os filmes já produzidos sobre a destruição do mundo como conhecemos e a posterior sobrevivência nele, apenas uma pequena parcela se direciona sobre a ótica das pessoas e as dificuldades de viver nesse apocalíptico novo cotidiano. A maioria se preocupa em jogar na tela imagens sensacionais de monumentos e cidades importantes sendo quebradas, alagadas e destruídas, enquanto um pequeno grupo procura a salvação para o caos.
“A Estrada”, novo trabalho do diretor John Hillcoat se enquadra nessa pequena parcela descrita acima. O roteiro assinado por Joe Penhall é baseado no livro de Cormac McCarthy, vencedor do Pullitzer em 2007 e autor de “Onde Os Velhos Não Tem Vez”. O filme opta por contar um drama sobre pai e filho tentando sobreviver em um mundo que foi destruído, sem que eles mesmos saibam as causas disso, o que na verdade pouco importa.
Ao excluir da trama as divagações sobre possíveis causas do fim do mundo, tão comuns nos nossos dias atuais, John Hilcoat constrói um filme intenso e cheio de ótimos momentos. Em meio a paisagens desertas e um céu de costumeiro cinza, um homem (Viggo Mortensen) tenta ir para o sul, mais para a costa do EUA, onde acredita ser mais fácil proteger seu filho (Kodi Smit-McPhee) dos ataques canibalistas das gangues predominantes.
Aos poucos vão sendo apresentados alguns outros detalhes, como a esposa falecida (Charlize Theron). Na caminhada para o sul, pai e filho se deparam com um mundo destroçado, em busca de comida e abrigo, sendo que tudo o mais se torna supérfluo. Nessa caminhada não há tempo de distinguir entre bons e maus, todos são possíveis perigos a sobrevivência. O encontro com um velho (Robert Duvall) torna essa premissa mais acentuada.
Embaixo das imagens visuais muito fortes que a fotografia do filme distribui, o drama retrata de maneira intensa a relação entre pai e filho, com a proteção sempre em primeiro plano do primeiro e o reconhecimento e respeito (por mais que nem sempre concordem) que o filho vai demonstrando para o pai. Também versa sobre a perda da nossa pretensa humanidade quando o desespero bate, mostrando o quanto animalescos podemos ser se necessário.
“A Estrada” traz instrumentos que transformam um filme em algo mais. Direção precisa, atores inspirados, roteiro forte e bem costurado, ambientação brilhante e figurino impecável. A trilha sonora (a cargo de Nick Cave) é outro destaque, conduzida levemente, de maneira subliminar, como a história requisita. “A Estrada” aponta que se o fim do mundo realmente acontecer, não será muito diferente do caos social e cotidiano que ela retrata.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
"O Símbolo Perdido" - Dan Brown
O escritor norte americano Dan Brown já vendeu com “O Código da Vinci” mais de 80 milhões de cópias mundo afora. Isso sem contar seus outros livros. Um verdadeiro fenômeno. Na grande maioria dos casos, um sucesso estrondoroso como esse não reflete basicamente em qualidade. Dan Brown conseguiu equilibrar essa balança, principalmente com “Anjos e Demônios”, o livro que antecedeu seu maior sucesso, contando uma história envolvente e rica em detalhes.
“O Código da Vinci” apesar de manter o mesmo ritmo já apontava para uma repetição de fórmulas e caracterizações, mas ainda assim é uma literatura agradável, mesmo longe de ser espetacular. No novo livro da série que traz o catedrático Robert Langdon à tona, Dan Brown, no entanto, perdeu completamente a rédea do trabalho. “O Símbolo Perdido” lançado ano passado aqui pela Editora Sextante é uma gravura desbotada e sem graça dos seus livros anteriores.
Em “O Símbolo Perdido” Robert Langdon sai de Paris e do Vaticano, para entrar em Washington, capital dos EUA, outra cidade repleta de mistérios antigos. No lugar do Museu do Louvre, entra o Capitólio. Ele continua acompanhado de uma bonita mulher na correria para descobrir e desvendar teorias conspiratórias. A nova Vittoria Vetra e/ou Sophie Neveu é Katherine Solomon. Até o vilão guarda semelhanças com personagens anteriores, devido à estranheza.
Dessa vez, Robert Langdon se envolve com os segredos da Maçonaria (que fica no lugar do Priorado de Sião e dos Illuminati como antiga instituição misteriosa), o que pode acarretar na morte de uma grande amigo seu, Peter Solomon, assim como em um imenso perigo para os EUA. Para evitar esses desastres, o professor vestido com seu paletó de tweed, relógio do Mickey Mouse no pulso e fobia por espaços fechados, precisa usar todo seu brilhantismo e sagacidade.
Nas aventuras anteriores de Robert Langdon, Dan Brown conseguiu construir um mosaico que unia aventura, história antiga e um roteiro que guardava bem suas surpresas. As tramas por mais que trouxessem mistérios antigos não se distanciavam tanto assim de uma pretensa aplicabilidade na vida real. Em “O Símbolo Perdido” isso não ocorre. As artes (arquitetura, pintura, escultura,etc.) por mais que ainda sejam interessantes, se perdem na trama fantasiosa e confusa.
São raros os autores que conseguem manter o mesmo personagem no decorrer dos anos sem perder o dom de surpreender, aliando assim apaziguar a avidez dos fãs por novas histórias e a qualidade literária desses escritos. Dan Brown ao que tudo indica não será um destes casos. Talvez até por conta da inúmera quantidade de obras genéricas que apareceram “inspiradas” na esfera explorada em seus livros, a sua literatura já mostra sinais fortes de cansaço e repetição.
Sobre o filme “O Código da Vinci”, passe aqui.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
"Travellers In Space And Time" - The Apples In Stereo - 2010
O Apples In Stereo está de volta. Depois de uma coletânea lançada ano passado, a banda comandada por Robert Schneider retorna. O nome do novo trabalho (o sétimo da carreira) é “Travellers In Space And Time” e traz novamente tudo que a banda faz de melhor, ou seja, pop retrô influenciado pelos anos 60, com o vocal cheio de efeitos em vários momentos e backing vocals doces e melódicos acompanhando melodias bonitas e assobiáveis.
O grupo americano que já fez ótimos discos como “Tone Soul Evolution” de 1997, “Velocity Of Sound” de 2002 e “New Magnetic Wonder” de 2007, volta mais pop do que nunca em 2010. É o primeiro disco sem o baterista Hilarie Sidney (no seu lugar entra John Dufilho), mas traz ainda os velhos combatentes, John Hill (guitarra), Eric Allen (baixo), Bill Doss (teclados) e John Ferguson (teclados) na eterna batalha por canções pop perfeitas.
O primeiro single é “Dance Floor”, que une disco, dance music e anos 60 em uma canção para balançar qualquer parte do corpo. No clipe dentro do My Space da banda, Elijah Wood (o sempre Frodo) participa dando uma canja. Ele pode, já que é um dos donos da Simian Records, uma das gravadoras que distribuem o novo trabalho. Bem divertido. Nas outras 15 faixas do álbum (com apenas três vinhetas dessa vez!), a alegria também é garantida.
“Dream About The Future” chega encharcada de sintetizadores e teclados, enquanto “Hey Elevator” é dançante, anos 80 total. “C.P.U.” é futurista e mistura Super Furry Animals, Flaming Lips e psicodelia. “Dignified Dignitary” é um rockinho via anos 90, com backing vocal marcante e “No Vacation” convoca space rock, Beatles e group girls para conviverem na mesma faixa. Estamos um pouquinho além da metade do álbum e o astral já é elevado.
“Told You Once” cativa com seus versos trocados em repetição, envoltos numa camada sonora com clima futurista. “It's All Right” é uma espécie de R&B flertando com o dancing e estampando um sorriso descarado. “Next Year At About The Same Time” dá o prazer de um rock sessentista e “Nobody But You” é como se fosse uma “discoteca nonsense”, com harmonias vocais de deixarem Brian Wilson satisfeito. A viagem vai chegando ao final.
“Travellers In Space And Time” traz novamente um Robert Schneider inspirado na frente do Apples In Stereo, com canções para alegrar o dia de qualquer um. Um disco dançante mas não menos elegante, pop, mas exibindo um toque de classe refinado, divertido mas sem ser banal ou fútil. Típico álbum que não traz na contracapa nenhuma contra-indicação ou restrição. Música para alegrar a mente, para cantar e se divertir enquanto o mundo corre.
Sobre o “New Magnetic Wonder” de 2007, passe aqui.
Site Oficial: http://www.applesinstereo.com
My Space: http://www.myspace.com/theapplesinstereo
sábado, 17 de abril de 2010
"Adam" - 2009
A Síndrome de Asperger traz ao seu portador problemas como dificuldade na interação social, desenvolvimento de padrões repetitivos, atenção exclusiva para um determinado tema e a não compreensão do que as outras pessoas esperam ou desejam. Geralmente quem sofre com essa Síndrome exibe uma inteligência acima da média. Esse é o caso do protagonista de “Adam”, filme norte americano do ano passado que chega agora em DVD.
Escrito e dirigido por Max Mayer, que estréia na direção e tinha no currículo somente alguns episódios de seriados como “The West Thing” e “Alias”, “Adam” emociona e foge do lugar comum utilizado na grande maioria das comédias românticas. Interpretado com muita intensidade e sutileza por Hugh Dancy, “Adam” insere o telespectador em um mundo paralelo, que tem regras e rotinas próprias, onde coisas fáceis são bem mais complicadas.
Após a morte de seu pai, com o qual dividia o apartamento, Adam se vê sozinho em um mundo que necessita de uma certa habilidade que ele infelizmente não dispõe. Sua única companhia é Harlan (Frankie Faison, perfeito nas curtas aparições), um velho amigo de seu pai desde a época do exército. No trabalho como engenheiro elétrico de uma empresa de brinquedos, não tem nenhum relacionamento mais acentuado até o dia em que é demitido.
No seu caminho aparece Beth (Rose Byrne), uma linda mulher que trabalha em uma escola para crianças e planeja escrever livros infantis no futuro. Vinda de uma família rica, Beth vê seu mundo e suas concepções serem confrontadas quando inicia um relacionamento com Adam, que muitas vezes se confunde com outros sentimentos. Os pais de Beth, interpretados por Frank Faison e Amy Irving, servem na medida certa para o história fluir.
“Adam” é um filme bem construído e bonito, demonstrando que às vezes um bom roteiro (também assinado por Max Mayer) envolvido com simplicidade e emoção funciona bem mais do que millhares de efeitos especiais. A poesia de “Adam” passa pelo amor e o veste com roupas nobres como companheirismo e compreensão, contando assim um romance de modo algum convencional, que ainda versa sobre conhecimento próprio e superação.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
"Se Você Gostou da Escola, Vai Adorar Trabalhar" - Irvine Welsh
Esse ano chega ao Brasil pelas mãos da Editora Rocco, o novo livro do escocês Irvine Welsh, “Se Você Gostou da Escola, Vai Adorar Trabalhar” (376 páginas). O escritor ganhou fama graças ao excelente “Trainspotting” de 1993, que por conta da poderosa versão cinematográfica, teve sua história gravada no inconsciente de boa parte da geração dos anos 90. Em 2002, quase uma década depois, lançou “Pornô”, a instigante continuação do primeiro livro.
Irvine Welsh caminha pela sua literatura seguindo os passos da contracultura dos anos 60 e 70, com influência de autores como William Borroughs e Hunter S. Thompson, para ficar somente em alguns exemplos. Nos seus livros as histórias são construídas por uma rede de marginalizados, loucos e desajustados. A presença de sexo, álcool e drogas em quantidade demasiada são uma constante fixa, que servem de combustível para mover as situações mais inusitadas.
Seu mais recente trabalho é um apanhado de histórias curtas, ao todo são quatro contos e uma novela. “Se Você Gostou da Escola, Vai Adorar Trabalhar” demonstra um resultado bem irregular ao final da leitura. A maior causa desse resultado está na repetição em alta rotação do universo já explorado anteriormente pelo autor, não fisicamente, pois viaja pelos EUA, Inglaterra, Ilhas Canárias (Espanha) e Escócia, mas sim no estilo e construção dos personagens.
O livro começa bem com o ótimo e surpreendente “Cascavéis”, onde dois homens e uma mulher viajam pelo deserto americano provando drogas e álcool sem restrições, até se envolverem em uma situação extraordinária, junto com um mexicano armado, tarado e louco. O conto que empresta seu nome ao livro também agrada, é ácido e mordaz, explorando um inglês que tenta contornar sua vida em torno das mulheres. Os melhores diálogos estão aqui.
Em “CÃES de Lincoln Park” e “Miss Arizona” as coisas já não fluem tão bem. Apesar de não poder serem acusados de ruins, os dois deixam a desejar. São previsíveis no seu desenrolar e não tão empolgantes. Parecem um sub-produto da literatura do próprio Welsh. Para finalizar tem a novela “Reino de Fife”, ambientada na Escócia em um pequeno condado, onde os párias estão espalhados por todo lado. Mesmo sem ser espetacular, acaba divertindo.
Autores que tem uma obra-prima no currículo (nesse caso o já citado “Trainspotting”) tendem a ficar marcados pelo resto da carreira com comparações. Irvine Welsh parece não se incomodar muito com isso, já que continua explorando basicamente a mesma caracterização de modo regular em seus livros. “Se Você Gostou da Escola, Vai Adorar Trabalhar” é mediano e indica mesmo que ainda suavemente, um esgotamento da fonte criativa do seu autor.
terça-feira, 13 de abril de 2010
"Women And Country" - Jakob Dylan - 2010
Ser filho de uma lenda viva da música mundial não deve ser tarefa das mais fáceis. Por mais que isso abra inúmeros caminhos e portas, as cobranças e comparações devem ser imensas. Jakob Dylan, hoje com 40 anos, sabe muito bem disso. O músico sempre caminhou com a sombra do pai nas costas, desde o tempo que tocava o Wallflowers entre 1989 e 2006. Apesar disso montou um trabalho de boa qualidade e alcançou certo sucesso por méritos próprios.
Sua ex-banda (mesmo não confirmando seu final) fez bons discos, entre eles “Bringing Down The Horse” de 1996 que trazia faixas como “One Headlight”, “6th Avenue Heartache” e “Invisible City”. A produção desse antigo trabalho foi feita por T-Bone Burnett, um reconhecido músico e produtor norte americano de country e folk. No seu segundo trabalho solo que chega as lojas agora em abril, a produção novamente esteve nas mãos dele.
No seu primeiro registro, “Seeing Things” de 2008, Jakob Dylan tocou praticamente de modo acústico, sem maiores instrumentações, provocando um resultado bem razoável. Em “Women And Country” essa vertente acústica ainda se mostra o fio condutor, mas ganha a companhia de diversos instrumentos como teclado, trombone, guitarra, bateria, baixo, trompete, violino e bandolim. Uma banda extremamente competente é responsável por conduzi-los.
“Women And Country” traz onze faixas, nas quais em oito, o músico conta com os backing vocals das cantoras Neko Case e Kelly Hogan, que ajudam e muito a construir a beleza do trabalho. Mesmo não podendo comparar as letras do filho com as do pai (o que seria uma tremenda covardia), temos um retrato amplo de desesperança em cima de um país e de uma vida que parece que vem perdendo o sentido na sua visão particular. Nem o amor salva.
Em “Everybody's Hurting”, Jakob canta: “Apenas uma coisa é certa. Que todo mundo, todo mundo está sofrendo”. Em “Holy Rollers For Love” constata tristemente que “agora temos mais funerais que feiras” e em “Standing Eight Count”, meio perdido em questionamentos, pergunta: “Em que direção estamos indo?”. Em termos gerais, todas as canções trazem esse mesmo clima, ancorados em bases de folk e country, com pinçadas de jazz e blues.
“Women And Country” ainda tem entre outras coisas a beleza de “Nothing But The Whole Wide World” e “Truth For A Truth”. No seu segundo disco, até pela participação de Neko Case e Kelly Hogan nos vocais, Jakob Dylan se aproxima muito de um grande disco dos últimos anos, o “Raising Sand” de Robert Plant e Alison Krauss lançado em 2007 (não gratuitamente também produzido por T-Bone Burnett). O filho do homem está mandando muito bem.
Site oficial: http://www.jakobdylan.com
My Space: http://www.myspace.com/jakobdylan
segunda-feira, 12 de abril de 2010
"Festa Scream & Yell #2" - Casa Dissenso (SP) - 16.04.2010
Para quem estará em Sampa no final de semana, uma ótima pedida é a 2ª Festa Scream & Yell, comandada pelo chapa Marcelo Costa junto com o Tiago Agostini em comemoração de dez anos do site. O show será do Cérebro Eletrônico. Diversão garantida né?
Se liga no serviço:
Festa Scream & Yell #2
Sexta: 16/04
Abertura da casa: 22h
Show: Cérebro Eletrônico às 00h (transmitido via web)
Discotecagem: DJ Set ScreamYell (Marcelo Costa e Tiago Agostini) $15
Local: Casa Dissenso, Rua dos Pinheiros, 747, São Paulo, SP
Informações: http://www.screamyell.com.br
domingo, 11 de abril de 2010
"Atraídos Pelo Crime" - 2010
Desde que apareceu com “Dia de Treinamento” em 2001, o diretor Antoine Fuqua alçou um patamar diferenciado dentro de Hollywood. Esse patamar com certeza lhe rendeu ganhos bem maiores, mas não se refletiu na qualidade do seu trabalho posterior. Seus filmes nunca mais convenceram (“Lágrimas do Sol” e “Rei Arthur”, por exemplo). O seu novo longa “Atraídos Pelo Crime” (Brooklyn´s Finest” no original) parece indicar uma luz nesse túnel.
No novo trabalho Antoine Fuqua tenta a voltar à boa forma de “Dia de Treinamento” usando basicamente o mesmo universo policial. A sua tarefa falha em alguns pontos como a semelhança existente entre esse citado universo e a utilização de uma fórmula já vencedora que é contar histórias paralelas que se cruzam casualmente. Apesar disso “Atraídos Pelo Crime”, mantêm uma pegada forte e consegue extrair boas atuações do elenco.
São três histórias que correm separadas, mas usam do mesmo cenário. Em uma delas, Eddie Dugan (Richard Gere) está apenas a uma semana da aposentadoria. Cansado de tudo, pensa constantemente em se suicidar enquanto ainda tem que servir de orientador para uma nova safra de policiais. Em outra, Tango (Don Cheadle) trabalha disfarçado atrás de uma promoção com Caz (Wesley Snipes), um chefão das drogas pelo qual nutre boa amizade.
Na última história e talvez a mais intensa, o policial da Narcóticos Sal (Ethan Hawke) está na encruzilhada moral dos seus valores. Pai de uma família imensa ele se vê na obrigação de comprar uma casa nova para abrigar todos. Como não dispõe de dinheiro suficiente, a saída que enxerga é ficar com o que é apreendido dos traficantes. Todos os personagens carregam dentro de si esse questionamento moral, fazendo da sua razão o motor para todas as outras.
Antoine Fuqua em “Atraídos Pelo Crime” demonstra mesmo que seja em níveis bem menores a força vista em “Dia de Treinamento”. Talvez essa tentativa de se reerguer criativamente não passe de uma forçação de barra, mas isso só o tempo dirá. Como entretenimento seu novo filme agrada, embora não seja espetacular. Serve para passar o tempo em uma noite sem opções. No entanto, ainda é muito pouco para quem já mostrou que pode mais.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
"Os Homens Que Encaravam Cabras" - 2010
Um filme com o nome de “Os Homens Que Encaravam Cabras” chama alguma atenção, não há como negar. Ainda mais quando você olha no pôster e se depara com um elenco composto por George Clooney, Ewan McGregor, Jeff Bridges e Kevin Spacey. No mínimo a sessão merece uma chance. Dirigido por Grant Heslov (produtor e roteirista do ótimo “Boa Noite, Boa Sorte”), o longa usa e abusa do sarcasmo e da sátira para construir sua história.
A história em questão é absurda, maluca e por conseqüência divertida, apesar de ficar um pouco entediante em algumas passagens. A forma que o roteiro é conduzido por Grant Heslov se aproxima muito dos trabalhos dos irmãos Coen, o que na verdade até incomoda vez ou outra, pois a condução da narrativa é muito parecida. O elenco estelar nele reunido parece se divertir bastante com suas falas alucinadas, como geralmente acontece em filmes assim.
A narrativa se divide em duas partes. Primeiro no tempo atual onde o jornalista Bob Wilton (McGregor) resolve jogar sua vida em uma pequena cidade para cima e partir para a guerra do Iraque. Claro que isso não acontece sem motivo, a fuga é provocada pela sua esposa que troca ele pelo Editor. No Kuwait esperando a chance de ir para as ruas do Iraque, Bob conhece Lyn Cassady (Clooney), um ex-militar que está conectado a uma reportagem feita no passado.
A partir do momento que Bob e Lyn se tornam amigos, a trama parte para os anos 70, com a guerra do Vietnã e o movimento hippie, mostrando Bill Django (Bridges) que começou uma força no exército destinada ao uso de poderes psíquicos. Maluquice geral. Ao seu comando o exército quebrava regras e deixava essa nova tropa bem à vontade, com cabelos compridos e exercícios nada comuns, como dançar ao som de “Dancing With Myself” do Generation X.
Entrecortando passado e presente “Os Homens Que Encaravam Cabras” (você vai entender o título quando assistir) une LSD, rock n’ roll, pensamento hippie e muita loucura para detonar o exército, suas regras e prepotência. Não é um filme de humor fácil, provavelmente algumas pessoas sairão no meio da sessão soltando baixinho alguns impropérios. Normal. Mesmo parecendo uma espécie de filho bastardo dos irmãos Coen, o longa diverte bem.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
"Substitutos" - Robert Venditti e Brett Weldele
Em um futuro não muito distante a humanidade caminhou para um nível maior de segurança pessoal, por mais que isso tenha tido influência direta na própria condição de ser humano. Em 2054, a grande maioria da população vive através de substitutos, andróides moldados com qualquer aparência física desejada e dotados de inteligência artificial para serem comandados por seus donos direto do conforto das suas casas, sem riscos e sem perigos.
Esse é o cenário de “Substitutos”, HQ escrita por Robert Venditti e desenhada magistralmente por Brett Weldele. Publicada pela Top Shelf nos USA, a obra foi lançada aqui ano passado pela Devir em uma caprichada e bonita edição de luxo com 192 páginas, contendo não somente a história original, como também vários extras. O lançamento surfou na onda da estréia da adaptação cinematográfica que traz Bruce Willis no papel principal.
Esqueça o desastroso filme que não faz jus em momento algum ao clima e a crítica comportamental dos quadrinhos. Na grande tela o roteiro foi modificado imensamente, resultando em confusão e repetição de clichês, além de vergonhosas atuações como a de Ving Rhames (“Missão Impossível”). O roteiro da HQ é bem amarrado, com tensão e desespero na medida certa e influência de mestres da ficção científica como Isaac Asimov e Philip K. Dick.
Nessa cidade futurista, o que em um primeiro momento seria uma solução para melhorar a segurança e facilitar serviços pesados ou perigosos, torna-se um vício que almeja poder e beleza física acima de tudo, gerando lucros milionários para a Virtual Self, fabricante dos substitutos. Quando uma espécie de assassino serial começa a detonar os andróides, uma trama bem revestida se apresenta e cai no colo dos detetives Harvey Greer e Pete Ford para ser resolvida.
Tudo indica o envolvimento de Zaire Powel III, o “Profeta”, que lidera uma parte da população que opta por viver como antes. No meio da trama onde as coisas não são bem o que parecem ser, a crítica da sociedade que Robert Venditti faz é muito contundente e faz pensar sobre para onde estamos caminhando nesse culto a beleza e ao superficial. Com o raro poder de fazer um universo fictício parecer possível e plenamente real, “Substitutos” merece a leitura.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
"Souvenir" - Suzana Flag - 2010
Entre os anos de 2002 e 2003 uma banda chamada Suzana Flag aparecia no rock paraense, provocando, não de modo isolado, mas desempenhando um papel maior, uma cena que mesmo não tendo saído como todos queriam gerou boas bandas e a criação de um mercado (ainda que incipiente) para o pop rock no estado. “Fanzine” o disco de estréia de 2002 até hoje esbanja uma qualidade surpreendente, mesmo tendo sido gravado de modo caseiro, sem muitos recursos.
Depois desse disco o Suzana Flag tocou em festivais ao redor do Brasil e angariou elogios onde quer que sua música tocasse. A expectativa para o segundo álbum era a maior possível, mas foi se aquietando com os anos que se sucediam. A banda passou por mudanças na formação (o baixista Elder Effe saiu para montar o Ataque Fantasma) e muitos outros obstáculos, tão típicos de quem faz música independente nesse país, até que “Souvenir” ganhasse corpo.
Contando com o apoio de uma Lei Cultural do Estado a banda conseguiu uma produção mais elaborada, que ficou a cargo do guitarrista Joel Melo e de Nicolau Amador. A mixagem foi feita por Iuri Freiberger (Tom Bloch) na Toca do Bandido no Rio de Janeiro e a masterização por Ricardo Garcia. No entanto, nada disso valeria a pena se as 13 canções de “Souvenir” não fossem boas, não sustentassem o registro. O que passa bem longe de ser o caso aqui.
Feito em cima de um núcleo central que tem Joel Melo (guitarra, violão e programação eletrônica), Susanne Mey (vocal) e João Ricardo (bateria, percussão e backing vocals), o Suzana Flag teve nas gravações o baixo de Bruno Aquino (na maioria das faixas) e do velho parceiro Elder Effe. O novo trabalho exala vigor, com as antigas influências ainda presentes, mas agora encobertas por uma roupagem mais rock, mais dançante, com apelo maior nas guitarras.
“Híbrido”, conhecida dos shows mais recentes, abre empolgante e para cima, deixando na seqüência “Bem Feito” (com o toque de Iuri Freiberger na mixagem) e a excelente “Antiaéreo”, que nos seus 6 minutos traz uma bela melodia e show de Joel Melo na guitarra. “Santa Fé” é outro pop, aliás, powerpop perfeito. Deliciosa. Depois chegam mais duas também apresentadas anteriormente, sendo a maliciosa faixa título e a bonita “3D”, que ganhou mais força nos riffs.
A segunda metade tem a balada “Dual”, com direito a arranjo de cordas e versos sobre um amor destruído, “Postal” com a cozinha de baixo e bateria fazendo a cama para as explosões da guitarra, “Buenaventura” e “Soft” (a melhor letra do disco). As duas últimas são “A Sua Vida”, mais quebrada, com o vocal mais limpo enquanto a guitarra fica zunindo lá atrás e “Um Dia de Cada Vez” meio punk, meio anos 80 e extremamente pop. Canção para grudar na mente.
“Souvenir” demorou muito para ser lançado por conta dos percalços do caminho, mas agora que chega aos ouvidos faz parecer que foi ontem que o “Fanzine” apareceu. A pegada pop do Suzana Flag continua forte e certeira, um pop bem feito e executado que agora é encorpado com muito mais rock n’ roll na mistura. É complicado não iniciar uma paixão por qualquer uma das faixas que seja e depois sair pelos cantos cantando sozinho com um sorriso estampado no rosto.
My Space: http://www.myspace.com/suzanaflag
sábado, 3 de abril de 2010
Nevilton e Lo Nunca Dicho - 2010
O Nevilton, grupo de Umuarama no Paraná solta seu novo EP gratuitamente na internet para download. A banda comandada por Nevilton de Alencar soltou em 2007 a demo “S.I.M” que inclusive entrou na listinha de melhores do ano aqui da casa e trazia ótimas faixas como “A Máscara” e “Paz e Amores”. O novo EP de nome “Pressuposto” traz cinco músicas e antecede o disco de estréia que deverá ganhar vida no segundo semestre.
O rock enérgico flertado com um pouco de Mpb que é executado além de Nevilton por Tiago Lobão (e com Fernando Livoni em duas faixas na bateria e Eder Chapolla nas outras três) é muito bem vindo nesse ínicio de 2010, deixando uma ótima expectativa para o que virá. “O Morno”, “Do Que Não Deu Certo” e principalmente “Vitorioso Adormecido” (uma das canções do ano até agora) merecem ser repetidas no player. Passe lá no Rock n’ Beats e pegue o seu.
Site Oficial: http://www.nevilton.com.br
De Madri na Espanha aparece outro bom disco. “El Camino Hacia Los Sueños” é o primeiro registro do grupo formado por Angel M. Alvarez (vocal e guitarra), Alvaro Gonzalez (guitarra e teclados), Carlos Coirá (baixo) e Ivan Abad (bateria). O site oficial que traz o disco gratuitamente para download, a primeira vista até assusta um pouco, com o visual emo/rebelde de boutique dos integrantes e citações de Paulo Coelho por lá e no My Space. Mas fica por aí.
“El Camino Hacia Los Sueños” traz um pop rock com melodias assobiáveis e refrões grudentos que se escora principalmente no punk-pop de grupos como o Green Day e no powerpop de Teenage Fanclub e The Primary 5. As 14 faixas são todas agradáveis e algumas ganham mais destaque como “Aquela Noche” e “Entre Mis Dos Caminos”. O único ponto negativo fica por conta da produção que poderia ser mais “suja”. Nada que comprometa muito.
Site oficial da banda para download: http://lonuncadicho.com
quinta-feira, 1 de abril de 2010
"Coração Louco" - 2010
Bad Blake já foi um cantor country de grande sucesso nos EUA. Hoje vive a margem do sucesso se apresentando para sobreviver em espeluncas na beira da estrada, onde seu publico consiste em pessoas de meia idade e decadentes. Entre uma música e outra Bad Blake se encharca de whisky como se para esquecer dos dias ruins e lembrar de dias melhores. Esse é o enredo inicial de “Coração Louco”, estréia do diretor Scott Cooper, baseado no livro de Thomas Coob.
“Coração Louco” angariou duas estatuetas da academia esse ano. A primeira pela atuação de Jeff Bridges como Bad Blake, atuação daquelas incorporadas ao personagem. Merecidíssima. A outra estatueta veio com a melhor canção, “The Weary Kind” de Ryan Bingham e T-Bone Burnett, integrante de uma trilha sonora bem feita, com canções de Lightnin' Hopkins, Lucinda Williams e The Delmore Brothers, além das (boas) composições feitas para o filme.
A história de Bad Blake começa dar uma nova guinada quando ele conhece a repórter Jean Craddock (Maggie Gyllenhaal em atuação não tão inspirada assim) e seu filho pequeno Buddy. Os dois acabam se apaixonando e um caminho de redenção começa a ser escrito mais na frente, ainda mais quando o cantor retoma seu contato com um ex-pupilo e agora o famoso cantor Tommy Sweet (Colin Farrell). Uma nova chance começa a se apresentar para o “cowboy do amor”.
“Coração Louco” traz muitas semelhanças com “O Lutador”, um grande filme do ano passado. Ambos trazem um personagem central já com certa idade, que viram dias melhores e encontram em uma mulher o apoio necessário para talvez melhorarem suas vidas novamente, além de uma grande atuação de seus atores (em “O Lutador” o show era de Mickey Rourke). O tema que já foi explorado em outros filmes nos últimos anos, por mais que se repita é bem costurado.
Jeff Bridges é o alicerce onde todo filme cresce e surpreende na sua segunda metade. Seus trejeitos, forma de falar e arrependimentos do passado, moldam uma figura que alia fragilidade, teimosia e força. O roteiro apesar de tender em certo momento para o drama barato (principalmente por causa dos chiliques da personagem de Maggie Gyllenhaal) consegue fugir disso na hora certa e faz de “Coração Louco” um filme que consegue a façanha de emocionar.
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