Na série “House”, no papel do protagonista Dr. Gregory House, o ator inglês Hugh Laurie alcançou a fama e o reconhecimento profissional, o que diga-se de passagem é bastante justo. A série vem abocanhando prêmios desde sua estréia e angariou um número relevante de fãs do médico rabugento, mal educado, cínico e brilhante interpretado pelo ator. Perto de fazer 51 anos, este inglês de Oxford nem sempre gozou de tal prestígio público e se arriscou por outros campos da arte.
A literatura foi uma dessas áreas. Em 1996, Hugh Laurie lançou “O Vendedor de Armas” que depois viraria um best-seller e que somente agora chega ao nosso país pelas mãos da Editora Planeta, com 288 páginas. Nessa época o seu currículo não era dos mais espetaculares e trazia como destaques as (boas) participações nos filmes “Para o Resto de Nossas Vidas” de 1992 e “Razão e Sensibilidade” de 1995. O sucesso estrondoso de “House” não era sequer imaginado.
A Editora Planeta é claro usou o sucesso da série para promover o livro no seu lançamento, com o nome do autor bem maior na capa, a contracapa contendo um foto que toma toda a página, além de outras coisinhas mais. Não poderia ser diferente e a estratégia vem dando certo ao que tudo indica, principalmente porque “O Vendedor de Armas” é uma obra que se sustenta, mesmo por baixo de todo esse marketing feito em cima de uma outra situação. É um bom livro.
Hugh Laurie usa e abusa do humor britânico para contar a história de um ex-militar que acaba se envolvendo no meio de uma conspiração internacional, meio sem saber como caiu ali. O cinismo e as cortadas fulminantes dos diálogos lembram em várias passagens o grande Douglas Adams (“O Guia do Mochileiro das Galáxias) e deixam uma atmosfera divertida que ambienta a trama. Thomas Lang, o ex-militar em questão, conquista o leitor através de suas dúvidas e conversas.
A conspiração internacional em que Lang se vê adicionado envolve governos, agências governamentais e vendedores de armas e passa por Londres, pelos Alpes Suíços e por Marrocos. Hugh Laurie se isenta de dar opiniões sobre o tema e se foca apenas em mostrar reviravoltas meio malucas para um roteiro que a primeira vista é repleto de clichês, mas que vão se dissolvendo no meio de saídas críveis ou meio fantasiosas. “O Vendedor de Armas” não é excepcional, mas diverte muito.
P.S: A Editora Planeta se preocupou tanto com o marketing em cima de Hugh Laurie, que se esqueceu de zelar um pouco mais pela edição que apresenta erros em várias passagens. Uma pena.
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