O baiano de Santo Amaro Caetano Emanuel Viana Teles Veloso tem seu nome cravado na historia da música. Dono de uma carreira com obras fantásticas e imponentes, o artista é quase um mito, vestido com as cores da sua personalidade e polêmicas que sempre provocou. O documentário “Coração Vagabundo” lançado no ano passado chega a DVD com a intenção de desmistificar um pouco essa aura e mostrar um Caetano com ares de cotidiano.
A produção da Natasha Filmes tem algo em torno de 70 minutos e conta com a direção do estreante Fernando Grostein Andrade. Rodado entre os anos de 2003 e 2005 na turnê do disco “A Foreign Sound”, onde Caetano regravou canções americanas, o documentário viaja por lugares como São Paulo, Nova York e Osaka no Japão. O disco que foi mais um pequeno rio de controvérsias na carreira do músico traz um momento peculiar da sua vida.
Produzido pela ex-esposa Paula Lavigne e Raul Dória, o longa erra a mão em boa parte da sua duração. O intuito de mostrar um Caetano solto, falando de tudo, despreocupado e normal acaba resultando em um tiro no pé. Apesar de soltar suas idéias aos jorrões na tela, isso não consegue ser suficiente. O objetivo proposto acaba saindo pela culatra e em vez de mostrar informalidade, cansa o espectador em passagens e cenas desnecessárias e preguiçosas.
O melhor do documentário fica por conta dos depoimentos de pessoas pouco comuns nas matérias sobre o artista, como os cineastas Pedro Almodóvar e o falecido Michelangelo Antonioni, em uma parte realmente emocionante. Outros bons momentos ficam por conta de interpretações de músicas mais antigas como as pequenas jóias “Terra” e “Nine Out Of Ten”. Quando a coisa entra no território de “A Foreign Sound” cai bem de qualidade.
“Coração Vagabundo” é um documentário que no máximo serve para um dia de falta de opções ou para quem é daqueles extremados fãs do artista. Cenas como o Caetano nu no inicio, ele fazendo cena para comer um doce japonês ou o excesso de piadas sobre o encontro com a Gisele Bündchen, poderiam ter sido suprimidas. Se mostrando triste (mas não menos narcisista), o músico versa sobre o tempo, a música e o próprio sucesso. Nada de novo.
P.S: Se esperar até os créditos finais, pelo menos há como prêmio de consolação por ter agüentado até o fim uma bonita interpretação de “Desde Que o Samba é Samba”.
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