“O único lado bom de morrer de amor é que você continua vivo”. A frase que inicialmente pode parecer meio piegas, mas não é muito sem sentido, vem da boca de Antônio, estudante de cinema da PUC-RJ que descobriu pouco tempo antes que a sua namorada e paixão Adriana, resolveu ir embora sem mais nem menos. “Apenas o Fim”, filme de estréia do jovem diretor Matheus Souza narra com categoria o final desse relacionamento em pouco mais de uma hora.
É impossível desassociar “Apenas o Fim” dos dois (ótimos) filmes do diretor Richard Linklater chamados “Antes do Amanhecer” e “Antes do Pôr-do-sol”, pois como estes a linha que dá o rumo é a conversa entre um casal, observando algo que não pode mais acontecer. Matheus Souza mostra os dois personagens sobre vários ângulos da sua câmera, podendo ser caminhando com eles, em cima nos momentos de flashback ou em baixo nas passagens mais silenciosas.
O amor, esse tema que cada dia parece mais utópico e desmistificado aparece aqui sobre os olhos de uma geração que justamente se vê alheia e distante do tema. Por mais que Antônio tente exaltar sua paixão aqui e ali é sempre retido pelo cinismo de Adriana, cinismo esse que se espalha com tanta freqüência. Em uma das passagens há até uma reclamação imposta nos diálogos: “Ninguém mais fala sobre amor”. Mesmo parecendo sonhador não deixa de ser verdade.
“Apenas o Fim” é uma feira livre de bons acertos que passam tanto pela direção quanto pela dupla Gregório Duvivier e Érika Mader, que como se estivesem em um grande ensaio vão dispondo o roteiro com uma credibilidade contagiante. Em certo momento não é nada impossível se imaginar inserido no cenário. O uso da linguagem da cultura pop é outro ponto chave. As conversas passam por Nintendo, Godard, He-Man, Star Wars e Britney Spears. Nick Hornby aprovaria.
Os diálogos são muito bem explorados, rasos e com um humor melancólico e inteligente, como por exemplo quando Antônio, um nerd de óculos e de carteirinha, explica a bonita Adriana uma razão dela ter se interessado por ele: “Eu sou tipo aquela vontade que às vezes dá de tomar fanta uva”. “Apenas o Fim” versa sobre aquela fase do relacionamento em que sabemos (por mais que não desejemos de modo algum) que é melhor deixar ir embora. A vida seguirá. Tanto lá quanto cá.
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