terça-feira, 30 de março de 2010

"Mundialmente Anônimo - O Magnético Sangramento da Existência” - Maquinado - 2010

O pernambucano Lúcio José Maia Oliveira é um dos maiores guitarristas do nosso país já há algum tempo. Seus riffs criativos e poderosos são um dos pontos altos da Nação Zumbi desde a época que o saudoso Chico Science se fazia presente comandando o grupo. Quem já viu o guitarrista tocando ao vivo, explodindo e suingando junto com as seis cordas do seu instrumento que ganham amplitude nas pedaleiras, sabe da força que ele imprime nos seus ataques.
Em 2010, Lúcio Maia chega ao segundo trabalho do seu projeto solo, o Maquinado. “Mundialmente Anônimo - O Magnético Sangramento da Existência” sucede “Homem Binário” de 2007 com méritos. Não há nele um aspecto tão carregado de eletrônica, por mais que ela esteja presente em todo lugar, seja nos efeitos da guitarra, nos samplers ou nos vocais. Este novo trabalho flerta mais com o “orgânico” como o próprio músico já afirmou.
São dez faixas que nos pouco mais de 30 minutos de execução trazem uma colagem fluente de rock, samba, hip hop, manguebeat e música eletrônica. Desde a abertura com a releitura de “Zumbi” do Jorge Ben até o final com o quase apocalipse instrumental de “SP”, o Maquinado consegue fazer com que toda essa mistura funcione de modo consistente. Lúcio Maia assume os vocais na grande maioria das faixas e traz sua parceira guitarra bem mais para o jogo.
“Mundialmente Anônimo” segue por entre as faixas de abertura e encerramento já citadas por outras como “Dandara” e suas distorções, o suingue de “Tropeços Tropicais”, com Lurdez da Luz do Mamelo Sound System nos vocais, o pop psicodélico de “Pode Dormir”, a conversa instrumental de “Recado ao Pio, Extensivo ao Lucas” (o recado é para Pio Lobato e Lucas Santtana, completando uma trinca entre os músicos) e o samba quebrado de “Girando ao Sol”.
Outro grande momento de “Mundialmente Anônimo” fica por conta da versão para “Super Homem Plus” do Mundo Livre S.A, que aqui aparece revestida com outras cores e roupas. Lúcio Maia consegue nesse novo trabalho solo transpor para ele toda a sua qualidade e atinge um resultado que além de se mostrar inteligente carrega o dom de viciar o ouvinte, o que convenhamos não é tarefa das mais fáceis. Um dos discos do ano até agora. Corra atrás.
Site oficial: http://www.maquinado.com.br My Space: http://www.myspace.com/maquinado

domingo, 28 de março de 2010

"O Vendedor de Armas" - Hugh Laurie

Na série “House”, no papel do protagonista Dr. Gregory House, o ator inglês Hugh Laurie alcançou a fama e o reconhecimento profissional, o que diga-se de passagem é bastante justo. A série vem abocanhando prêmios desde sua estréia e angariou um número relevante de fãs do médico rabugento, mal educado, cínico e brilhante interpretado pelo ator. Perto de fazer 51 anos, este inglês de Oxford nem sempre gozou de tal prestígio público e se arriscou por outros campos da arte.
A literatura foi uma dessas áreas. Em 1996, Hugh Laurie lançou “O Vendedor de Armas” que depois viraria um best-seller e que somente agora chega ao nosso país pelas mãos da Editora Planeta, com 288 páginas. Nessa época o seu currículo não era dos mais espetaculares e trazia como destaques as (boas) participações nos filmes “Para o Resto de Nossas Vidas” de 1992 e “Razão e Sensibilidade” de 1995. O sucesso estrondoso de “House” não era sequer imaginado.
A Editora Planeta é claro usou o sucesso da série para promover o livro no seu lançamento, com o nome do autor bem maior na capa, a contracapa contendo um foto que toma toda a página, além de outras coisinhas mais. Não poderia ser diferente e a estratégia vem dando certo ao que tudo indica, principalmente porque “O Vendedor de Armas” é uma obra que se sustenta, mesmo por baixo de todo esse marketing feito em cima de uma outra situação. É um bom livro.
Hugh Laurie usa e abusa do humor britânico para contar a história de um ex-militar que acaba se envolvendo no meio de uma conspiração internacional, meio sem saber como caiu ali. O cinismo e as cortadas fulminantes dos diálogos lembram em várias passagens o grande Douglas Adams (“O Guia do Mochileiro das Galáxias) e deixam uma atmosfera divertida que ambienta a trama. Thomas Lang, o ex-militar em questão, conquista o leitor através de suas dúvidas e conversas.
A conspiração internacional em que Lang se vê adicionado envolve governos, agências governamentais e vendedores de armas e passa por Londres, pelos Alpes Suíços e por Marrocos. Hugh Laurie se isenta de dar opiniões sobre o tema e se foca apenas em mostrar reviravoltas meio malucas para um roteiro que a primeira vista é repleto de clichês, mas que vão se dissolvendo no meio de saídas críveis ou meio fantasiosas. “O Vendedor de Armas” não é excepcional, mas diverte muito.
P.S:
A Editora Planeta se preocupou tanto com o marketing em cima de Hugh Laurie, que se esqueceu de zelar um pouco mais pela edição que apresenta erros em várias passagens. Uma pena.

sexta-feira, 26 de março de 2010

"Apenas o Fim" - 2009

“O único lado bom de morrer de amor é que você continua vivo”. A frase que inicialmente pode parecer meio piegas, mas não é muito sem sentido, vem da boca de Antônio, estudante de cinema da PUC-RJ que descobriu pouco tempo antes que a sua namorada e paixão Adriana, resolveu ir embora sem mais nem menos. “Apenas o Fim”, filme de estréia do jovem diretor Matheus Souza narra com categoria o final desse relacionamento em pouco mais de uma hora.
É impossível desassociar “Apenas o Fim” dos dois (ótimos) filmes do diretor Richard Linklater chamados “Antes do Amanhecer” e “Antes do Pôr-do-sol”, pois como estes a linha que dá o rumo é a conversa entre um casal, observando algo que não pode mais acontecer. Matheus Souza mostra os dois personagens sobre vários ângulos da sua câmera, podendo ser caminhando com eles, em cima nos momentos de flashback ou em baixo nas passagens mais silenciosas.
O amor, esse tema que cada dia parece mais utópico e desmistificado aparece aqui sobre os olhos de uma geração que justamente se vê alheia e distante do tema. Por mais que Antônio tente exaltar sua paixão aqui e ali é sempre retido pelo cinismo de Adriana, cinismo esse que se espalha com tanta freqüência. Em uma das passagens há até uma reclamação imposta nos diálogos: “Ninguém mais fala sobre amor”. Mesmo parecendo sonhador não deixa de ser verdade.
“Apenas o Fim” é uma feira livre de bons acertos que passam tanto pela direção quanto pela dupla Gregório Duvivier e Érika Mader, que como se estivesem em um grande ensaio vão dispondo o roteiro com uma credibilidade contagiante. Em certo momento não é nada impossível se imaginar inserido no cenário. O uso da linguagem da cultura pop é outro ponto chave. As conversas passam por Nintendo, Godard, He-Man, Star Wars e Britney Spears. Nick Hornby aprovaria.
Os diálogos são muito bem explorados, rasos e com um humor melancólico e inteligente, como por exemplo quando Antônio, um nerd de óculos e de carteirinha, explica a bonita Adriana uma razão dela ter se interessado por ele: “Eu sou tipo aquela vontade que às vezes dá de tomar fanta uva”. “Apenas o Fim” versa sobre aquela fase do relacionamento em que sabemos (por mais que não desejemos de modo algum) que é melhor deixar ir embora. A vida seguirá. Tanto lá quanto cá.

quarta-feira, 24 de março de 2010

"Nada a Dizer" - Elvira Vigna

Por mais que a traição em um relacionamento amoroso tenha ganhado ares de banalidade e normalidade nos dias de hoje, ainda é uma situação que destrói casais e mais casais mundo afora. No seu novo livro, “Nada a Dizer”, a escritora carioca Elvira Vigna remonta um ano da vida de um casal já com mais de sessenta anos, narrando pelo lado da mulher traída. O adultério serve então como impulsionador para cair a máscara do cansaço das rotinas do dia a dia.
Lançado este ano pela Companhia das Letras com 168 páginas, “Nada a Dizer” é lento, com um ritmo sincopado, sem se dar ao direito de maiores aventuras. Os personagens principais viveram todas as liberdades e agruras dos anos 60 e 70 no nosso país e se vêem em uma situação que atestam, por mais duro que possa ser, que estão devidamente adequados a boa parte do que criticavam, inclusive naquilo que entendiam sobre liberdade e amor.
Ao decidir se mudar para São Paulo junto com os filhos depois de morar por vários anos no Rio de Janeiro, Paulo e a sua esposa (o nome não é mencionado), ambicionam novamente dar uma guinada no tédio da própria vida, com outra cidade e porque não novos desafios. No meio dessa mudança, Paulo resolve ter um caso que nem ele mesmo parece entender com uma mulher 20 anos mais nova, o que acaba abalando a estrutura do que chama de lar.
A narração da esposa traída tenta ao mesmo tempo entender os motivos que levaram seu marido a executar tal idéia, como também serve para analisar toda uma vida de sonhos deixados para trás e outros tantos realizados. Nesse cenário Elvira Vigna demonstra uma grande vantagem. Ela consegue vestir a personagem principal com todos os trejeitos clichês das mulheres traídas, mas sem exagerar em momento algum, deixando uma personalidade forte delineada.
“Nada a Dizer” tem poucos deslizes na sua narrativa, como por exemplo, trazer nas entrelinhas a velha mania de julgar a geração de 60 e 70 como fundamental e coisa e tal, aquela tradicional ladainha, que por mais que tenha (grande) fundamento, já cansou. No mais, a sua autora tem o dom de escrever muito bem e conduz uma história que permeada de vírgulas e paradas, consegue repassar o clima de cansaço, dúvidas e arrependimentos pretendido.
Site oficial da escritora: http://vigna.com.br

segunda-feira, 22 de março de 2010

“O Melhor Que Pode Acontecer a Um Croissant” - Pablo Tusset

Não gosto muito de livros que me passam com o adendo “esse você tem que ler”. Geralmente acabo não gostando tanto quanto quem me indica, parece que já vou com uma predisposição contrária. Isso aconteceu com “O Melhor Que Pode Acontecer a Um Croissant” do espanhol Pablo Tusset. Vez ou outra alguém me indicava o livro até que comprei. No entanto, levei mais de dois anos para começar a leitura, não sei se por causa do que disse acima.
Originalmente lançado em 2001 na Espanha, o livro ganhou edição nacional em 2004 pela W11 Editores. A estréia de Pablo Tusset envereda pelo caminho do romance policial e causou certo alvoroço no seu país natal vendendo milhares de cópias e ganhando elogios importantes como o do falecido escritor Manuel Vázquez Montalbán e de jornais como o Le Figaro de Paris. Aqui pelo Brasil acabou passando meio despercebido, não chegando a um alarde maior.
Nos três primeiros capítulos, “O Melhor Que Pode Acontecer a Um Croissant” quase que pede para deixar de ser lido. O autor se preocupa demais em enxertar fragmentos de cultura pop nas conversas e nas observações do personagem principal, que além de deixar um resultado confuso, parece bastante forçado. As próprias excentricidades da trama que lá na frente resultam em um ponto positivo, aqui servem ainda mais para aumentar a narrativa perdida e esquálida.
Se conseguir sobreviver a esse início, o leitor acaba por se deparar com uma história que passa a ser bem construída e começa a revelar certo charme especial. A trama é travada por Pablo Miralles, que com seus trinta e poucos anos só se preocupa com as coisas principais da vida na sua concepção, que são dormir bastante, encher a cara sempre que possível, fumar um baseado todo dia, transar com uma puta ocasionalmente e filosofar na frente do computador.
Pablo vem de uma família extremamente rica, mas acabou por renegar tudo para viver na contramão do senso comum. Na verdade o personagem tem uma inquietação perante o restante do mundo que não seja uma amiga, o pessoal que filosofa no computador no seu chat e os pés rapados que bebem no mesmo boteco imundo que ele. Quando seu irmão some sem explicação, acaba se vendo no meio de um caso que envolve seqüestros, crimes e uma seita milenar.
Com um humor cínico e repleto de sarcasmo, Pablo Tusset cria em “O Melhor Que Pode Acontecer a Um Croissant” uma narrativa envolvente, divertida e anárquica. Os excessos iniciais que enfraquecem um pouco a obra, passam a caber na medida certa em boa parte das 318 páginas do romance. O livro não chega a merecer a frase “esse você tem que ler” com tanta força como me indicaram, mas se tiver a oportunidade na sua frente, agarre e se divirta. Vale a pena.

sábado, 20 de março de 2010

"Um Sonho Possível" - 2010

Após a sessão de “Um Sonho Possível” que estreou nesta última sexta feira por aqui, a grande maioria dos comentários ao sair do cinema eram de “lindo”, “que história de vida” ou “emocionante”. O longa é trabalhado em cima de uma história real e recebeu indicação ao Oscar de Melhor Filme e fez Sandra Bullock arrebatar a primeira estatueta da sua carreira como Melhor Atriz, pois cumpre todos os requisitos que o grande público adora (e Hollywood também).
Dirigido por John Lee Hancock, “Um Sonho Possível” é entretenimento para as massas. É daquelas histórias de bondade e de superação que vemos vez ou outra. Como história realmente emociona e nos leva a pensar na conclusão clichê, mas não menos verdadeira do: “Se cada um fizer sua parte o mundo será um lugar melhor”. Como cinema, no entanto, não mostra nada de realmente impressionante. Um filme regular onde tudo é plastificado e certinho demais.
Somos apresentados na película a vida de Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem negro que como tantos outros vive sem esperança. Sem pai e com uma mãe afundada nas drogas, Michael não tem nem onde morar, até conhecer Leight Anne Tuohy (Sandra Bullock). A dona de casa e decoradora casada com um milionário empresário do ramo de fast-food, resolve levar Big Mike como Oher é inicialmente chamado para passar uma noite chuvosa na sua casa.
A estadia de Michael vai se alongando e a família de Leigth Anne, incluindo o marido e os dois filhos vão cada vez mais gostando do gigante negro intimista e generoso. A família passa a focar não somente na relação dele com os estudos como também pavimentar um futuro na esfera do esporte. Michael é levado ao time de futebol americano da escola em que estuda e logo se apresenta como um grande destaque atuando na linha ofensiva em proteção ao Quarterback.
“Um Sonho Possível” é um filme que faz se sentir bem, isso é inegável. Quando a conservadora Leight Anne se opõe de modo obstinado contra o seu mundo em favor do seu novo filho ou aceita o impensável convívio com uma democrata, a professora particular interpretada pela sempre competente Kahty Bates, emociona mais. Por se tratar de uma historia verídica pode até ser perdoado os excessos e fantasias do roteiro escrito pelo próprio diretor.
O tema do preconceito é revestido de maneira muito leve e sem tanta pressão, o que nos faz imaginar se realmente foi assim. O próprio Michael Oher, hoje um dos principais jogadores da NFL defendendo as cores do Baltimore Ravens chegou a dizer que “as coisas não aconteceram bem desta forma”. É Hollywood total e vai render comentários elogiosos e empolgados, antes de terminar passando interruptamente na Sessão da Tarde daqui a alguns anos.

quinta-feira, 18 de março de 2010

"Coração Vagabundo" - 2009

O baiano de Santo Amaro Caetano Emanuel Viana Teles Veloso tem seu nome cravado na historia da música. Dono de uma carreira com obras fantásticas e imponentes, o artista é quase um mito, vestido com as cores da sua personalidade e polêmicas que sempre provocou. O documentário “Coração Vagabundo” lançado no ano passado chega a DVD com a intenção de desmistificar um pouco essa aura e mostrar um Caetano com ares de cotidiano.
A produção da Natasha Filmes tem algo em torno de 70 minutos e conta com a direção do estreante Fernando Grostein Andrade. Rodado entre os anos de 2003 e 2005 na turnê do disco “A Foreign Sound”, onde Caetano regravou canções americanas, o documentário viaja por lugares como São Paulo, Nova York e Osaka no Japão. O disco que foi mais um pequeno rio de controvérsias na carreira do músico traz um momento peculiar da sua vida.
Produzido pela ex-esposa Paula Lavigne e Raul Dória, o longa erra a mão em boa parte da sua duração. O intuito de mostrar um Caetano solto, falando de tudo, despreocupado e normal acaba resultando em um tiro no pé. Apesar de soltar suas idéias aos jorrões na tela, isso não consegue ser suficiente. O objetivo proposto acaba saindo pela culatra e em vez de mostrar informalidade, cansa o espectador em passagens e cenas desnecessárias e preguiçosas.
O melhor do documentário fica por conta dos depoimentos de pessoas pouco comuns nas matérias sobre o artista, como os cineastas Pedro Almodóvar e o falecido Michelangelo Antonioni, em uma parte realmente emocionante. Outros bons momentos ficam por conta de interpretações de músicas mais antigas como as pequenas jóias “Terra” e “Nine Out Of Ten”. Quando a coisa entra no território de “A Foreign Sound” cai bem de qualidade.
“Coração Vagabundo” é um documentário que no máximo serve para um dia de falta de opções ou para quem é daqueles extremados fãs do artista. Cenas como o Caetano nu no inicio, ele fazendo cena para comer um doce japonês ou o excesso de piadas sobre o encontro com a Gisele Bündchen, poderiam ter sido suprimidas. Se mostrando triste (mas não menos narcisista), o músico versa sobre o tempo, a música e o próprio sucesso. Nada de novo.
P.S: Se esperar até os créditos finais, pelo menos há como prêmio de consolação por ter agüentado até o fim uma bonita interpretação de “Desde Que o Samba é Samba”.

terça-feira, 16 de março de 2010

"Closer" - Joy Division - 1980

Corria o ano de 1976 na Inglaterra e o movimento punk estava em plena ascensão, principalmente na capital Londres. Próximo dali na cidade de Manchester se formava o embrião de uma das bandas mais enigmáticas e importantes da história do rock. Dessa cidade cinzenta e industrial surgia o grupo que seria a partir de 1977 conhecido como Joy Division. Apesar de uma carreira curta e trágica, os ingleses deixariam seu nome gravado.

O Joy Division tinha em Ian Curtis um vocalista problemático e brilhante, que desfiava sua verve poética e desesperadora em cima de uma base forte, construída por Bernard Summer (guitarra e teclado), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria). A sonoridade era influenciada pelo movimento punk e por Velvet Underground e David Bowie, conjuntamente com as eletronices dos alemães do Kraftwerk. O resultado era estranho e poderoso.

“Closer” chegou as lojas em julho de 1980 e se tornou um álbum póstumo, pois por problemas na sua distribuição acabou saindo após o suicídio de Ian Curtis em 18 de maio do mesmo ano. Tudo isso serviu mais ainda para aumentar a aura sobre o registro. As letras do vocalista parecem mais sombrias e tristes por conta disso e refletem a personalidade conflitante deste, que foi tão bem retratada no filme “Control” do diretor Anton Corbijn.

O disco abre com a bateria meio tribal de “Atrocity Exhibition” até a entrada de um baixo vigoroso comandar o cenário. Ian canta em determinado momento: “você verá os horrores de um lugar distante/conhecerá os arquitetos da lei frente a frente/verá chacinas numa escala que nunca viu/e todos que dão duro pra suceder/este é o caminho, entre”. O convite para entrar nesse mundo nas próximas faixas é tanto assustador quanto irresistível.

Em “Isolation” (uma das melhores músicas da banda), a insatisfação chega com versos como “mãe eu tentei, por favor acredite em mim/estou fazendo o melhor que posso/me envergonha as coisas que tenho feito/me envergonha a pessoa que sou”, para depois o nome da canção ser repetido. “Passover” e “Colony”, as duas que vem a seguir são de uma tremenda falta de fé na humanidade e no mundo, via os olhos da religião e até mesmo do amor.

“A Means To An End” (onde a Legião Urbana se “inspirou” na introdução de “Ainda é Cedo”) traz talvez o Ian Curtis mais despido do disco ao cantar “eu depositei minha confiança em ti”, enquanto Bernard Summer corta a canção com fraseados fulminantes de guitarra. “Heart And Soul” é outra cacetada que até hoje bandas e bandas se influenciam. “O presente está bem fora de controle. Coração e alma, um irá quebrar.” A resposta já se sabe.

“Twenty Four Hours” trata poeticamente sobre “aquilo que uma vez foi amor”, alternando momentos de caos sonoro com texturas mais calmas. Em “The Eternal” o Joy Division soturnamente reflete sobre o tempo e a morte inevitável, para depois fechar com mais descrença e questionamentos em meio aos teclados de “Decades”. E assim depois de 44 minutos se encerra a viagem conturbada e repleta de momentos grandiosos de “Closer”.

Depois do suicídio de Ian Curtis, os remanescentes do quarteto montaram o New Order e construíram uma carreira preciosa e duradoura. Os desdobramentos da música do Joy Division ecoaram em bandas como Legião Urbana, Radiohead e Franz Ferdinand, só para ficar em alguns de muitos e muitos outros casos. “Closer” faz 30 anos em 2010 e permanece demonstrando uma força incrível nas suas canções. Discoteca bem mais do que básica.

Sobre o filme “Control”, passe aqui.

domingo, 14 de março de 2010

"Garfield Série Ouro" - Jim Davis

Não é tarefa das mais fáceis resistir ao encanto do Garfield. O gato gordo, preguiçoso, comilão e de moral completamente duvidosa, diverte gerações desde que sua primeira tirinha apareceu em 19 de junho de 1978. Desde então seu criador, o americano Jim Davis, evoluiu o traço do bichano e de seus personagens secundários, sempre mantendo o humor irônico e mordaz em alta. Hoje a tirinha é publicada em mais de 2.500 jornais do mundo.
A L&PM Editores reuniu no ano passado em um álbum de luxo (tamanho 16x23cm), 2.582 (saborosas) tirinhas do personagem. “Garfield Série Ouro” agrega os dez primeiros volumes publicados pela editora nos últimos anos. Nelas, o bichano detona tudo e todos, incluindo o seu dono Jon e seu amigo Lyman, além é claro do coitado do Odie, o cachorro meio pateta que tanto sofre em suas mãos, servindo de cobaia para suas maiores “experiências”.
Logo em uma das primeiras tirinhas, datada de 1978, Garfield filosofa ao lado da sua bacia de comida: “Só o que faço é comer e dormir, comer e dormir, comer e dormir. Pode haver outras coisas na vida de um gato. Mas espero que não”. A preguiça é um dos instintos básicos da fonte que irradia a diversão das suas histórias. Pode esquecer aquele gato amalucado e enérgico das adaptações cinematográficas, o supro sumo está presente nos quadrinhos.
Mas se engana quem pensa que as histórias só passam pelos temas da preguiça, comida e do tédio. Em diversas passagens há uma forte crítica da sociedade de consumo e da própria estupidez humana (ambas massacradas em cima de Jon). “Garfield Série Ouro” não é para ser lido de uma tacada só (apesar de essa ser a vontade inicial). É para ficar ali ao lado da cama e ser consumido moderadamente e sem pressa. Um ótimo remédio contra o cansaço do dia a dia e o mau humor.
Ótimo site oficial:
http://www.garfield.com

sexta-feira, 12 de março de 2010

Paris Rock e Os Efervescentes - 2010

Mais duas boas surpresas chegam à internet por esses dias. Trata-se de duas estréias oriundas dos extremos do país. De Belém do Pará chega “Que Tá?”, primeiro EP da banda Paris Rock. “Que Tá?” é um caso raro de banda que mesmo no ínicio da carreira consegue amarrar as suas influências de modo conciso, construindo assim quase que uma sonoridade particular. O quinteto é formado por Mauricio Maumau (vocal) Yuri (guitarra), Neto (guitarra), Renan Vaca (baixo) e Netto 2T (bateria).
Indo do indie rock brazuca, tomando uma pelo caminho com o samba até chegar aos anos 60, o Paris Rock convence bem nas 7 músicas de “Que Tá?”. Todas as faixas têm certo destaque, mas algumas exibem mais força como “Reencontro”, “Discrepância”, “Á La Jovem Guarda”, (que como o nome diz se inspira no movimento sessentista) e a excelente ode sobre a amizade canina de “Cachorro Blue”. A banda disponibilizou gratuitamente o EP para download no Orkut. É só passar aqui e pegar o seu.
My Space:
http://www.myspace.com/bandaparisrock
E diretamente de Porto Alegre no Rio Grande do Sul chega “Os Efervescentes”, o debut do grupo de mesmo nome. A formação conta com Daniel Tessler (vocal e guitarra), Eduardo Barreto (baixo e vocal) e Beto Stone (bateria e vocal), um power trio no velho e bom esquema do rock n’ roll. As influências do grupo estão alocadas especialmente nos anos 60, mas sem deixar de lado um pouco o rock garageiro dos 70 e o próprio rock gaúcho, tão frutífero em boa música.
São 10 faixas que trazem uma meia hora agitada com direito a guitarras altas e refrões com backing vocals dando suporte. Deve funcionar bem ao vivo. Das citadas 10 canções, o grupo acerta mesmo a mão quando os sixties são o foco, como em “Por Que Não Relaxar?”, “Pelos Pés e Pelas Mãos” e “Volte Logo”, além da estupenda “Escute a Minha Canção”. Os Efervescentes (para não entrar em trocadilhos bobos) chegam repleto de energia e vigor. Baixe gratuitamente no Trama Virtual da banda aqui e confira.
My Space:
http://www.myspace.com/osefervescentes

quarta-feira, 10 de março de 2010

"Coisapop Apresenta" - Caverna Club (PA)- 13.03.2010

Salve, Salve...
A nossa festinha mensal em parceria com o chapa Elder Effe, a "Coisapop Apresenta" passou em branco em fevereiro, mas em Março está de volta com força total. Nessa edição estarão presentes no palco do Caverna Club, as bandas Sincera, Aeroplano e Johny Rockstar. Eu estarei como DJ, mandando um monte de som bacana. O local (antigo Liverpool) fica na 14 de março próximo a Magalhães Barata. O ingresso é somente 10 reais.
Apareçam!
Paz Sempre!

terça-feira, 9 de março de 2010

"Beat The Devil's Tattoo" - Black Rebel Motorcycle Club - 2010

“Você tem abandonado todo o amor que você tomou(...)seu corpo está doendo, cada osso se quebrando(...)não há paz aqui” canta o Black Rebel Motorcycle Club em “Beat The Devil's Tattoo”, primeira música do sexto disco de estúdio que carrega o mesmo nome da faixa. O grupo norte americano que tem um dos nomes mais bacanas do rock atual chega ao seu novo trabalho espantando fantasmas recentes e se reerguendo mesmo quando não há paz.
Depois de vários problemas internos com o baterista Nick Jago, Peter Hayes e Robert Levon Been, a dupla por trás do B.R.M.C, resolveu dar um basta em tudo. Mandaram o cara passear e no seu lugar entrou Leah Shapiro (“ex”- Raveonettes?). Além disso, a banda vem de um disco experimental não muito bem recebido em 2008 (“The Effects Of 333”) e estréia a parceria de um selo próprio, o Abstract Dragon, com a gravadora Vagrant Records.
“Beat The Devil's Tattoo” é um discão. O grupo conseguiu unir o folk blues do fantástico “Howl” de 2005 com o rock garageiro de “Take Them On, On Your Own” de 2003 e do “Baby 81” de 2007. Isso sem deixar de lado a velha influência do shoegaze e do rock britânico do final dos anos 80, principalmente do The Jesus And Mary Chain. E dessa forma aparecem revitalizados e esbanjando vontade. Nada no seu novo disco soa mecânico.
Mantendo a tradição de sempre abrir bem seus álbuns, o grupo repete a história com a já citada faixa titulo e a porrada de “Conscience Killer”. Para imprimir respeito na entrada. Depois caminha por momentos que lembram o folk blueseiro de “Howl” em “Sweet Felling” e “The Toll”, retomam a sujeira e a podridão das guitarras em “Mama Taught Me Better” e evocam as influências britânicas em “Evol”, “Shadow's Keeper” e “Half-State”.
Em músicas como “River Styx” o B.R.M.C dá uma aula de rock, com uma levada meio blues puxada pelo baixo distorcido. Em outras como “Aya”, grita por salvação em cima das camadas de guitarras. “Beat The Devil's Tattoo” mostra uma banda consciente e capaz do que pode produzir. Não é rock para as massas ou para tocar na Malhação. É rock para escutar em volume alto, deixando a mente aberta para se envolver completamente na viagem.
Sobre o “Baby 81”, passe aqui.
Site Oficial: http://www.blackrebelmotorcycleclub.com My Space: http://www.myspace.com/blackrebelmotorcycleclub

domingo, 7 de março de 2010

"Educação" - 2010

Jenny Carey (Carey Mulligan) é uma adolescente como tantas outras na Londres do começo dos anos 60. Aliás, é igual a tantas outras adolescentes em todas as epocas (por mais que as coisas hoje tenham mudado tanto.) Jenny sonha com um mundo completamente diferente do seu, completamente diferente do que seus pais programam para o seu futuro. Enquanto seu futuro reside na universidade de Oxford, a menina quer mais é curtir e aproveitar a vida.
Mantida a redeas curtas em casa e na escola tradicionalissima onde estuda, cabe a Jenny escutar música francesa escondida no seu quarto ou tentar começar um namoro com um rapaz que toca na sua aula de música. Eis que um belo dia surge no caminho da menina sonhadora, um homem capaz de prover seus sonhos. Ele é capaz de dar todos os prazeres desejados e mostrar uma vida de diversão fora das paredes fechadas a que está habituada.
É nesse rumo que se desenvolve a primeira parte de “Educação”, elogiado filme britânico que desembarca aqui no país. A diretora Lone Scherfig trabalha seus atores em cima de um roteiro adaptado pelo escritor Nick Hornby em sua estreia no cinema. Nessa estreia, Nick Hornby passeia entre bons e maus momentos. Apesar de conduzir de modo divertido a trama com suas tiradas habituais, acaba por pecar em mirar um final obvio e chato demais.
“Educação” não chega a ser um filme ruim, na verdade passa até longe disso, mas erra a mão em dosar além da conta necessária suas pretensas lições e ensinanentos. A direção de Lone Scherfig é precisa, a trilha sonora é bacana e o trabalho dos atores é competente, principalmente de Carey Mulligan no papel principal, de seus pais (Alfred Molina e Cara Seymour) e do homem que “desvirginava mocinhas inocentes”, vivido por Peter Sarsgaard.
A melhor definição para “Educação” seria morno. Está distante de ser quente a ponto de pertubar o espectador com reviravoltas na trama, mas também não é frio e isento de emoções. Chega a divertir em algumas passagens, mas não passa disso. A obviedade acaba sendo um complicador poderoso e trava o filme na sua segunda metade. Tudo é muito preto e branco, quando sabemos que na verdade não é bem assim. Indicado para dias mais ou menos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

"Quarantine The Past" - Pavement - 2010

O Pavement voltou. Sinceramente essa foi uma das melhores noticias do ano passado. Para quem viveu os anos 90, a banda liderada por Stephen Malkmus chega a ser quase uma instituição. O Pavement era “o” grupo indie. Não era a fúria sonora do Nirvana, as melodias do britpop, a bela estranheza do Radiohead ou as guitarras do Smashing Pumpkis. Era sim, sujo e desleixado, nerd e maluco, pesado e harmonioso. Era o Sonic Youth chamando o Velvet Underground para beber. Era o anti-mainstream.
Depois de cinco álbuns excelentes a banda acabou sem muitas explicações em 1999, após lançar “Terror Twilight”, deixando para trás milhares de fãs e uma nova forma de se pensar o chamado indie rock. A volta do Pavement significa acima de tudo o retorno de uma grande banda. Claro que existe o lado comercial envolvido, mas se tanta gente ruim vive fazendo turnês por aí, porque eles não teriam o direito? Ainda não se sabe se virá material novo pela frente, por enquanto é torcer para ver algum show, mas já basta.
Esse retorno vem complementado com uma coletânea de 23 músicas que ganha as lojas agora no dia 09 de março. As faixas abrangem tanto os cinco discos lançados como EP’s e singles. Para manter seu histórico de desleixo, a seqüência disposta não obedece ordem cronológica e vai se misturando ano a ano. A viagem de “Quarantine The Past” é imensamente prazerosa. É bom ouvir de novo toda a loucura e inconseqüência das baterias quebradas, dos vocais gritados, das guitarras cortantes e das melodias sutis.
O foco maior de “Quarantine The Past” está na primeira metade da carreira. Da estréia com “Slanted & Enchanted” de 1992, aparecem petardos como: “In the Mouth a Desert”, “Two States”, “Trigger Cut/Wounded-Kite at :17” e “Summer Babe (Winter Version)”, além de “Here”, uma das melhores canções do grupo. Do clássico “Crooked Rain, Crooked Rain” de 1994, vem as guitarras de “Gold Soundz”, o hit “Cut Your Hair”, os gritos de “Unfair”, a satírica “Range Life” e a balada torta de “Heaven Is a Truck”.
Do “Wowee Zowee” de 1995 está apenas “Grounded” e “Fight This Generation” enquanto que o “Brighten The Corners” de 1997 comparece com “Shady Lane/J Vs. S”, “Date With IKEA” e a ótima “Embassy Row”, mais a cacetada de “Stereo”. O último disco “Terror Twilight” de 1999, fecha os registros oficiais com a bela “Spit on a Stranger”. Completando a escalação, o Pavement foge do tradicional nos casos dessas coletâneas e coloca seis faixas mais desconhecidas, com destaque para “Frontwards”.
“Quarantine The Past” deveria ser mais longo, é claro. Excelentes músicas ficaram de fora como “Perfume V”,“Silence Kit”, “Passat Dream” e “Rattled By The Rush”, só para ficar em alguns exemplos. Mas no final das contas o disco serve bem para preparar o terreno para a nova turnê que está acontecendo, além de gerar uns trocados e dar uma apanhada geral para quem ainda não conhece o grupo. “Quarantine The Past” é para deixar tocar por horas para depois ir sacando da prateleira os discos originais um a um. Puro prazer.
Sobre o “Crooked Rain, Crooked Rain”, passe aqui.
Site Oficial: http://www.crookedrain.com

quarta-feira, 3 de março de 2010

"Um Homem Sério" - 2010

Lawrence Gopnik é um cara que tenta fazer tudo certo. Segue uma moral justa na sua vida, assim como os preceitos da comunidade judia onde pertence. Leciona Física em uma universidade e espera ansiosamente por uma nomeação. A pacata vida deste cidadão em uma pequena cidade americana da segunda metade dos anos 60, parece seguir basicamente a ordem que pediu a Deus. No entanto, para confusão de Lawrence, as coisas começam a desmoronar devagarzinho.
“Um Homem Sério” é o novo filme dos irmãos Joel e Ethan Coen e traz novamente o brilhantismo da dupla para a grande tela. A história mais uma vez não é tão mirabolante assim, mas é retratada de maneira tão característica que ganha tons bem intensos. É triste e engraçada ao mesmo tempo. O humor satírico e os personagens quase surreais (mas ao mesmo tempo tão reais) continuam sendo o ponto forte da dupla, que parece nunca perder o rumo.
O personagem principal, bem interpretado por Michael Stuhlbarg, começa a ver o seu pequeno castelo de areia ser levado pela água, quando sua mulher avisa que vai lhe deixar. O impacto é tão grande que Lawrence fica até sem palavras. No final decide aceitar e não reclamar, pois não é bom reclamar, pensa ele. Acontece que as coisas passam a lhe exercer uma pressão até inimaginável anteriormente. Toda desgraça parece ser pouca. Não há tempo para descanso na tempestade.
Além da mulher lhe deixar, Lawrence passa a ser alvo de misteriosas cartas que podem arruinar seu futuro na universidade. Some-se a isso a estadia habitual em um motel e dois filhos plenamente aéreos. Um só se preocupa em fumar maconha, escutar Jefferson Airplane e ver seriados na tv. A outra só cuida do cabelo e sai com os amigos. No meio de tudo isso, o irmão com complexo de gênio, mas problemático e doente, ainda vem atrás de ajuda e compreensão.
Em “Um Homem Sério” os irmãos Coen colocam seu senso de humor focado no universo das comunidades judaicas. O roteiro destrona rabinos do pedestal, avacalha com preceitos religiosos e bagunça a cerimônia do bar mitzvah (em uma seqüência memorável). Tudo isso ocorre na frente de um impassível e cada vez mais angustiado Lawrence. Dá até pena do cara. O roteiro não traz salvação em momento algum e é nesse ambiente de desgraça que os Coen cravam outro ótimo filme.

segunda-feira, 1 de março de 2010

"Electroviral" - Supersubmarina - 2010

Diretamente da cidade de Baeza na Espanha vem um dos lançamentos mais bacanas desse inicio de ano. O grupo Supersubmarina chega ao seu primeiro disco (depois de dois EP’s), intitulado “Electroviral”, mostrando um rock repleto de energia. Caminhando na esteira do indie rock atual, a banda exibe uma qualidade acima da média. Mesmo sem esbanjar novidade, a competência instrumental e as melodias bem encaixadas, geram um bom resultado.
Formado por Jose Chino (vocal e guitarra), Jaime (guitarra), Pope (baixo) e Juancha (bateria), o Supersubmarina faz o tipo de som para dançar, seja na pista ou no seu próprio show. Depois da vinheta de abertura “Magia Electroviral” (uma eletronice que até assusta um pouco), o disco segue encaixando possíveis hits um atrás do outro. É assim logo na entrada com “Eléctrico” e a viciante “Niebla”, faixa daqueles para voltar algumas vezes no player.
Dentro da sua próxima concepção de música, o grupo consegue até variar bastante, passando por Franz Ferdinand, Interpol e Boy Kill Boy. Em faixas como “Ana” (já constante em um EP interior), lembra até um pouco o rock alternativo americano dos anos 90. Em outras como “LN Granada” e “Chas! Y Aparezco a Tu Lado” o instrumental faz apenas a cama para que a melodia entre e conduza o ritmo. Tudo bem construído e amarrado.
“Cientocero” e “XXI” são dois tiros no alvo para tocar naquela festa de amigos. Nem a extrema semelhança com o Franz Ferdinand atrapalha. O melhor, no entanto, ainda fica reservado para as quatro últimas canções. O pop rock com riff cortante de guitarra de “Elástica Galáctica”, a mistura de Nirvana com Arctic Monkeys de “Ola de Calor”, a bateria forte da irônica “Centro de Atención” e a viagem suave e dançantes da insinuante “Eres”.
Com “Electroviral”, o Supersubmarina ganha um lugar confortável na poltrona da frente do novo rock espanhol, que já possui nomes como Tachenko e Vetusta Morla. Sua música não é repleta de texturas ou sobreposições, é apenas um rock direto e vigoroso, executado com muita vontade. É para ser escutado alto, para se divertir sem maiores preocupações. Alguns podem até achar mais do mesmo (e talvez até seja), mas de vez em quando isso até que faz bem.
Site Oficial:
http://www.supersubmarina.es My Space: http://www.myspace.com/supersubmarina