O diretor Peter Jackson consagrado mundialmente pela trilogia de “O Senhor dos Anéis”, volta à grande tela com “Um Olhar do Paraíso” (“The Lovely Bones”, no original). Seu novo filme é uma grande divisão de erros e acertos, que ao final tem um resultado apenas mediano. O projeto, bem distante das superproduções anteriores do diretor, é um drama sobre vida e morte, sobre causa e conseqüência. É na essência (ou deveria ser) sobre deixar partir e seguir em frente.
Em um subúrbio da Filadélfia de 1973, a garota de 14 anos Susie Salmon (interpretada muito bem por Saoirse Ronan) leva sua adolescência normalmente com suas dúvidas, alegrias e primeiras paixões. Certo dia ao sair da escola e marcar o primeiro encontro amoroso, Susie cai na conversa furada de um vizinho seu, George Harvey (Stanley Tucci em uma atuação fraca e irreconhecível) e acaba se deixando levar para o caminho que vai culminar no seu assassinato.
A sua morte é uma bomba que explode no meio de uma família feliz. Seu pai (um desastroso Mark Wahlberg) fica obcecado em desvendar o caso e destrói gradativamente seu casamento. A forma que a família trata a perda é um dos pontos positivos do filme. Mesmo com atuações pouco convincentes e uma Rachel Weisz pouco aproveitada como a mãe de Susie Salmon, o drama se sustenta bem. Susan Sarandon como a avó da menina é outro bom destaque.
Ao ser assassinada Susie Salmon vai para uma espécie de pré-paraíso, onde fica vendo sua família ruir. Lá bota a prova suas emoções como angustia, esperança e ódio. A fotografia e os simples e bonitos efeitos visuais são ótimos. As ambientações trazem beleza para a tela. No entanto, só isso não é suficiente para sustentar o longa. O roteiro baseado no livro de Alice Sebold não imprime um ritmo coeso, caindo quase sempre no dramalhão para agradar as multidões.
“Um Olhar do Paraíso” mesmo com uma protagonista inspirada não enche os olhos. Acredito que vá até impressionar um bom público e causar reações como a de um senhor ao sair do cinema que disse “que nunca mais havia visto um filme tão bom”. Essa é a grande sacada da arte, agradar diferentemente a cada um, porém, Peter Jackson tropeça onde poderia fazer um filme realmente bom. Ser regular para um diretor como ele, não deveria ser o bastante.
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