Max é um garoto solitário, hiperativo e com muita raiva concentrada. Sua família não dá a atenção que ele acha que merece. Mora com a mãe Connie, que se divide entre a vida pessoal e o trabalho e com a irmã Claire que na verdade não lhe dá a mínima. Quando Max fica chateado por ver sua mãe com um namorado na sala, discute com a mesma e sai em disparada pela porta, correndo pelas ruas. Esse é o ponto de partida de “Onde Vivem Os Monstros” do diretor Spike Jonze.
Spike Jonze que já fez filmes do porte de “Quero Ser John Malkovich” e “Adaptação”, embala agora uma fantasia densa e dramática pelos sentimentos das crianças e por conseqüência de todos nós. Baseado no livro de Maurice Sendak, o longa explora pelo olhar de um garoto a relação do ser humano com seus próprios sentimentos e emoções. Raiva, dor, egoísmo, rejeição, solidão, inveja e tristeza se colocam no meio do caminho do crescimento e da vida.
Ao sair de casa depois da discussão com a mãe (interpretada por Catherine Keener, uma das favoritas do diretor), Max entra num devaneio no qual é transportado para uma ilha habitada por monstros. Ao ser percebido, inventa uma história furada e acaba virando rei desse mundo. Os monstros recebem vozes de atores como James Gandolfini, Chris Cooper e Forest Whitaker, sendo o ponto alto do filme. Representam todos os sentimentos e emoções descritos acima.
A forma que Spike Jonze encontra de retratar nas expressões dos monstros as emoções que vão aflorando é realmente brilhante. A interpretação do garoto pentelho, revoltado e até chato (mas enfim, nada muito distante de várias crianças) por Max Records também agrada. No universo de fantasia que inventa para si, Max tem que se alinhar com seus próprios desejos refletidos em seus súditos e perceber que as coisas não são tão simples como ele espera e sonha que seja.
Com uma trilha sonora agradável, apesar de em determinadas passagens soar um pouco cansativo, “Onde Vivem Os Monstros” é um trabalho interessante de ser visto. Spike Jonze tira o véu sobre a hipocrisia que passa a nos acompanhar quando adultos e desnuda um mundo duro e cruel que as crianças enxergam de uma maneira toda especial. Junta delicadeza e agressividade como se fossem irmãs e faz disso o ponto primordial para sua fábula nada convencional.
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