Mark Whitacre teve a vida que qualquer um poderia ter pedido a Deus. No começo dos anos 90, era um executivo em completa ascensão em uma grande empresa do setor agroindustrial, ganhava (muito) bem, tinha uma mulher devotada e uma casa grande e bonita. Sonho de consumo para boa parte da população norte-americana, isso não foi suficiente para ele, que se envolveu em uma trama desastrosa junto com o FBI e acabou pagando pelos seus erros.
Em cima dessa história real, o diretor Steven Soderbergh criou um filme de humor inteligente. “O Desinformante!” que chega agora em DVD é baseado no livro “The Informant: A True Story” de Kurt Eichenwald, e opta por dar um clima mais fantasioso em algumas cenas, como o próprio diretor avisa no início. O longa traz um Matt Damon inspirado no papel principal. Um pouco gordo, com óculos e bigode, o ator demonstra versatilidade para sua carreira.
A trama desastrosa que Mark Whitacre se envolve começa com a pressão da diretoria da empresa em cima dele, pois não conseguia resolver um problema em um de seus produtos. Para se safar, o executivo inventa uma mentira dizendo que o problema reside num vírus implantado por um espião de uma concorrente japonesa. O crime de espionagem atrai o FBI para o caso e Mark em vez de sair de cena, vai inventando mais e mais histórias mentirosas e desencontradas.
Transitando o personagem principal entre a pura estupidez e burrice com devaneios e transtornos de personalidade, Steven Soderbergh cria um ambiente que a cada novo passo dado há mais complicações surgindo. Utilizando um humor sucinto e sarcástico, “O Desinformante!” é agradável quase que em sua totalidade. As narrações em “off” de Mark Whitacre são ótimas sacadas que ao invés de explicar a visão distorcida do mesmo, acaba por agravar a confusão.
Misturando filmes de espionagem tradicionais com comédia, o diretor apresenta um filme muito bem feito, com algumas cenas realmente brilhantes (como a ameaça de um diretor a um grupo de japoneses de usar a máfia). A trilha sonora dá uma ajudada boa, entrando bem nas partes principais e com Matt Damon afiado no papel, destila um humor fino (em vários momentos lembrando os trabalhos dos irmãos Coen) que mesmo não resultando em uma obra prima, vale a sessão.
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