domingo, 7 de fevereiro de 2010

"End Times" - Eels - 2010

Mark Oliver Everett já passou por poucas e boas na vida. Perdeu familiares e amigos vitimados com doenças e outras desgraças. O sentimento por trás dessas perdas sempre nutriu diretamente o Eels, grupo do músico, que na verdade funciona em torno da sua figura. Depois de um hiato de quatro anos, E. (como também é chamado) retornou com um ótimo disco ano passado, “Hombre Lobo: 12 Songs Of Desire”, no qual utilizava um personagem para descarregar suas emoções.
Pouco mais de seis meses depois, agora no comecinho de 2010, o Eels aparece com mais um álbum. “End Times” lançado pela Vagrant Records é um disco triste, extremamente triste e sem esperança. Utilizando suas próprias visões nas canções, Mark Everett imprime com marca forte letras sobre perdas, desilusões e carência. Em “End Times”, o Eels mostra a face de um cidadão de meia idade que se vê um pouco perdido enquanto busca encontrar seu lugar no mundo e conviver com suas falhas.
Para a gravação do disco Mark Everett se enfiou dentro do porão e elaborou as 14 canções que passam na maioria em níveis mínimos e com poucos instrumentos. Já na abertura com “The Beginning” o clima do disco se apresenta e aparecem os versos "tudo foi lindo e livre” para serem encaixados na seqüência por um “no princípio” que designa o que virá. Na canção titulo, faz uma espécie de depoimento: “eu ando em torno de uma poça na rua (...) eu não sinto nada agora, nem mesmo o medo.”
Em “Nowadays”, com violões que a tornam mais acessível, além de uma bonita harmônica, Mark Everett canta como um antigo trovador solitário: “hoje em dia quando você for para uma caminhada, melhor não parar e dizer olá”. Decepção, isolamento e receio batem com força na porta. Na emotiva “I Need A Mother”, a carência afetiva por um amor perdido encontra paralelo com o amor de mãe: “eu preciso de uma mãe(...) eu preciso de uma amante, não alguém como você”.
A poesia meio suja de “In My Younger Days”, o ritmo mais cru de “Paradise Blues” e a contemplativa “Little Bird”, são outros bons momentos. “End Times” talvez seja o disco mais difícil da carreira do Eels (e olha que isso não é fácil não), nem tanto por sua construção sonora e sim pela sua visão pessimista e derrotada do mundo em que vivemos. Pode-se até discordar de alguns pontos das letras de Mark Everett, e abusar do positivismo como guia, mas mesmo assim é um disco que faz pensar.
Sobre o disco anterior da banda, passe aqui.
Site Oficial: http://www.eelstheband.com

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