Na frente do The Cranberries a irlandesa Dolores O’Riordan conquistou uma legião numerosa de fãs no Brasil nos anos 90. Com músicas que viraram sucesso e tocaram bastante, a banda vendeu muito tanto aqui como mundo afora. Dos seus discos, sempre pode-se destacar duas ou três boas canções, sendo que sobressai-se na discografia o ótimo “To The Faithful Departed” de 1996, com uma visão mais política e mais pessimista. A banda parou com as atividades em 2003 e voltou em 2009 para uma nova turnê que desembarcou no Brasil agora.
Pela primeira vez no país, o grupo começou a viagem no verão escaldante do Rio de Janeiro. O lugar escolhido para o show foi o agradável (apesar de distante) Citibank Hall na Barra da Tijuca, dentro do complexo de um Shopping Center. Com a formação original atuando, que conta além de Dolores com Noel Hogan (guitarra), Mike Hogan (baixo) e Fergal Lawler (bateria) (mais um convidado, Denny de Marchi que se revezava entre o teclado e outra guitarra), a banda fez uma apresentação no máximo correta, mesmo tendo emocionado o público presente.
No meio do verão de 40 graus da cidade maravilhosa, Dolores subiu ao palco toda vestida de preto com uma camisa que trazia asas de anjos na costa e dava suporte para outra camiseta embaixo (engraçado é que em São Paulo ela se apresentou de camiseta. Vai entender). Começando com a fria “How” e fechando o bis com a forte “Dreams”, o Cranberries atravessou todos seus hits como “Linger”, “Free To Decide”, “Ode To My Family”, “Zombie”, “Salvation” (o melhor momento) e “Promises”, arrancando suspiros e coros emocionados em boa parte deles.
Mesmo com uma Dolores ensandecida no palco, pulando e correndo freneticamente a sensação foi de que faltou um algo mais. A voz da cantora continua potente e sendo a guia que conduz o resto, mas o show foi relativamente curto, em torno de uma hora e meia, para a primeira apresentação da banda no país. A própria Dolores saia constantemente do palco, o que não contribuia para o espetáculo em si. E ainda o relacionamento era frio entre os integrantes, a comunicação inexistia e parecia que tudo era apenas o cumprimento de uma obrigação.
O público do Citibank Hall, que incluía na sua maioria pessoas na casa de 30 anos, saiu feliz, com uns até afirmando ter visto o show da vida. Entendo, pois muitos ali escutavam a trilha sonora da sua juventude e talvez dos seus amores, mas honestamente e claro respeitando a vida de cada um, isso passou longe de acontecer. Mesmo com a entrega de Dolores, o Cranberries promoveu um espetáculo no seu geral mecânico e sem grandes surpresas. Correto, bem executado e com alguns momentos de brilho, mas bem longe do que poderia se esperar no ínicio.
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