“Tudo Pode Dar Certo” (“Wathever Works”) é o mais recente trabalho do diretor Woody Allen e vem após o seu melhor filme nos últimos anos, o bonito “Vicky Cristina Barcelona”. Nesse novo trabalho, que tinha o roteiro engavetado desde os anos 70, Allen volta para sua querida Nova York depois de alguns anos para contar uma história leve, uma comédia romântica sem grandes surpresas, mas bem divertida e repleta das ótimas frases e sacadas que sempre podemos esperar em um filme com a marca do diretor.
Boris Yellnikoff (interpretado por Larry David, um dos criadores de Seinfeld) é um senhor nada simpático ou alegre. Mora em Nova York e leva a vida ensinando xadrez para crianças desde que abandonou sua vaga de professor de universidade, onde dava aulas de física e “quase foi indicado para um prêmio Nobel”, nas suas próprias palavras. Sempre reclamando e resmungado aos quatro cantos, tem uma imagem pessimista da vida (e as vezes muito, mas muito real) e destila seu veneno para os amigos que ainda o aturam.
É interessante citar que Boris já tentou se matar, o que o deixou manco para o resto da vida. Contando sua história para o espectador e interagindo com este em certos momentos, Boris vai contando parte da sua vida recente. Certo dia quando chega em casa, encontra uma jovem linda do interior, Melodie Celestine (a sempre bela Evan Rachel Wood), pedindo abrigo na soleira da porta. Apesar de relutar por alguns minutos, resolve deixar a garota passar uns poucos dias na sua casa, enquanto ela tenta se ajustar na cidade grande.
E é claro que Boris se envolve com Melodie. Desse ponto em diante, Allen dá algumas escorregadas no roteiro e deixa passar certos aspectos, mas as boas piadas e a interpretação de Larry David (mesmo quanto tenta copiar o jeitão do diretor quando este atua) vão valendo o filme. Quando os pais de Melodie, interpretados por Patrícia Clarkson e Ed Begley Jr. entram no jogo, o filme ganha novamente em ritmo e dá uma boa melhorada. É interessante ver como a amada Nova York do diretor, atua novamente bem como coadjuvante.
Em “Tudo Pode Dar Certo”, Allen não cria um daqueles filmes em que ligamos de modo entusiasta para os amigos recomendando ao sair do cinema (como em “Vicky Cristina Barcelona”, por exemplo), mas consegue divertir. O personagem principal, Boris Yellnikoff, é um tradicional neurótico do diretor e com seu sarcasmo e chatice vale boa parte do filme. Apesar de não tão inspirado em “Tudo Pode Dar Certo”, a fase do diretor é tão boa que mesmo quando faz algo mais ou menos, ainda é melhor do que a grande maioria.
Mais sobre Woody Allen no Coisapop: “Match Point”, “O Sonho de Cassandra” e “Vicky Cristina Barcelona”.
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