Porque ler um livro de fantasia depois dos 30 anos? O que isso acrescentará em termos de conhecimento? Essa é a pergunta que me peguei fazendo ao pegar em mãos “As Crônicas de Nárnia” do irlandês C. S. Lewis para começar a ler. O livro traz em volume único e com as ilustrações originais, todas as sete aventuras lançadas nos anos 50 e agrupadas na ordem que o autor identificou como a melhor. A Editora Martins Fontes reuniu nesse ano tudo em 752 páginas, que pode ser encontrado a venda por preços bem baratos.
C. S. Lewis viveu entre 1898 e 1963 e produziu uma obra vasta em campos como a literatura medieval e cristã, ganhando bastante respeito por isso. Essas duas áreas acabaram convergindo em “As Crônicas de Nárnia”, juntamente com temas como a mitologia grega e os tradicionais e conhecidos contos de fadas. Contemporâneo e amigo de J.R.R. Tolkien (de “O Senhor dos Anéis”), o autor construiu uma obra que apesar de defeitos é considerada por muitos como um clássico da literatura infanto juvenil.
Quando criança sempre gostei de livros de fantasia, onde mundos imaginários e mágicos são vivos e despertos. Acredito até que parte da vontade que carrego de fazer o bem, seja por conta disso. As obras de C. S. Lewis passaram batidas por mim na época. Ler hoje as aventuras de um lugar onde animais falam e existem faunos, centauros, feiticeiras e gigantes, ainda é bem saborosa, pois pode-se dar ao luxo de fazer correlações com mais coisas do que quando se era criança. É bom de passar o tempo.
O mundo de C. S. Lewis só escorrega forte em dois pontos, mas que podem ser entendidos como o reflexo da época. Primeiro a forma que as mulheres são retratadas em algumas passagens e depois e mais grave ainda, o racismo embutido. Em um país vizinho da brilhante Nárnia, existe a Calormânia, país onde “pessoas de pele escura” vivem e conduzem maldades e maus tratos. Essa Calormânia na visão do autor é desprovida do bem e representa o que muitos imbecis até hoje ainda pensam sobre determinados países. Burrice pura.
Fora isso, a obra é carregada de significados religiosos, principalmente de livros como o “Gênesis” e “Apocalipse”. Em suma, “As Crônicas de Nárnia” depois de tanto tempo continua sendo um livro prazeroso de ser lido, apesar dos “senões” já falados. Dois títulos da série já ganharam uma boa adaptação para o cinema e o terceiro está por vir. E respondendo a pergunta feita no começo, ler um livro de fantasia depois dos 30 serve para escapar nem que seja por algumas horas da realidade nem sempre louvável do nosso dia a dia. E assim recompensa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário