Os famosos três dias de paz, amor e música do festival de Woodstock ganham uma nova cara nos cinemas. Uma cara divertida e despretensiosa pelas mãos do diretor Ang Lee (de “O Tigre e O Dragão” e “O Segredo de Brokeback Mountain”). Baseado no livro homônimo de Elliot Tiber (também recém lançado por aqui), “Aconteceu em Woodstock” mostra um lado do festival em que os shows que deram fama ao evento são apenas coadjuvantes.
Ang Lee conta como um jovem (Elliot Tiber, vivido por Demetri Martin) conseguiu “salvar” aquele que se tornaria o maior festival de música de todos os tempos. Um ponto interessante é que o livro onde o filme se baseia é bastante forçado no seu início, onde narra a vida do autor e o vínculo com a cena gay de Nova York da época. Essa parte foi totalmente limada do longa, o que já contribui e muito para o bom desenrolar da película.
Indo para a história em si, vemos um jovem vendo o futuro indo embora enquanto enterra esforços e dinheiro em um falido hotel dos pais, interpretados muito bem por Imelda Stauton e Henry Goodman. Quando o festival de Woodstock perde a licença para acontecer em uma cidade vizinha, Elliot entra em contato com Michael Lang (Jonathan Groff), o organizador da amalucada viagem, oferecendo sua área para que as coisas rolem por lá.
O local da família acaba não agradando, mas ele coloca no circuito o vizinho, o já lendário Max Yasgur (vivido por um ótimo Eugene Levy) que acaba alugando seu espaço. O resto, meus caros, virou história. Ang Lee se baseia então na onda de construção para que tudo acontecesse e surpreende ao deixar um ritmo descompromissado, usufruindo de todas as chances que as situações absurdas envolvendo sexo e drogas podem sugerir de engraçado.
O filme também mexe bem na estrutura do livro, acerta ao cortar a vida pessoal de Elliot Tiber, mas talvez erre em suprimir outras partes engraçadas e criar alguns novos personagens. Outros personagens como a segurança Vilma (vivida por um surpreendente Liev Schreiber) ganham um destaque bem maior. O lado mais sujo também fica de fora, como as negociatas e a falta de comida e condições de higiene pessoal. Aceitável, afinal trata-se de uma comédia.
Outro ponto é a trilha sonora que podia aparecer mais, mesmo assim traz nomes como The Doors, Grateful Dead e Tim Hardin (e calma... “Freedom” do Richie Havens toca nos créditos finais). Com “Aconteceu Em Woodstock”, Ang Lee atesta parcialmente sua versatilidade e competência, passeando agora pelo campo da comédia. Seu novo filme vale a sessão, mesmo sendo um pouco superficial. No final é uma tremenda e saborosa bobagem.
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