A pluralidade da música pode ser encontrada em cada esquina do mundo de hoje. Um mundo que mais do que nunca abre as portas para que estilos se misturem e criem uma sonoridade diferenciada. Os curitibanos da Banda Gentileza enveredam por esse caminho desde a sua formação, que já traz na bagagem dois Ep’s gravados ao vivo. Com a estréia que carrega o mesmo nome do grupo nesse ano, demonstra uma mistura interessante e bem feita de vários estilos e concepções, vestidos com uma faceta pop e plenamente consumível.
O sexteto é formado por Heitor Humberto (vocal, guitarra e cavaquinho), Emílio Mercuri (guitarra, viola caipira, violões e bandolim), Artur Lipori (trompete, guitarra e baixo), Diego Perin (baixo), Tetê Fontoura (saxofone e teclados) e Diogo Fernandes (bateria e percussão). Por algum tempo carregou o nome de Heitor, seu principal compositor no nome, mas optou pela simplificação para a estréia, que contou com a produção de Plínio Profeta, de trabalhos anteriores com Lucas Santtana, Lenine e Pedro Luis e a Parede.
A abertura com as faixas “Coracion” e “O Indecifrável Mistério de Jorge Tadeu” (essa já valeria só pelo nome) é matadora. Para sair cantando junto. A lembrança com Los Hermanos nessa dobradinha se faz presente, no entanto, no decorrer do disco se extingue e avança por muitos outros lados. A Banda Gentileza é tudo ao mesmo tempo agora. Cake, Arcade Fire e Frank Zappa se envolvem e se relacionam com Fellini, Mutantes, Mpb, música caipira e marchinhas de carnaval. Até Reginaldo Rossi é citado com “Garçom”
Depois da citada dobradinha inicial, as três próximas faixas dão uma pequena caída e o disco só volta a brilhar com a balada irônica e pungente “Teu Capricho, Meu Despacho”. Daí para frente o registro ganha em força e assim segue até o final, seja pelo samba maneiro de “Preguiça” (da ótima passagem: “ao longo de todos esses anos/eu já tracei muitos planos/mas em prática eu não coloquei nenhum”), do brega rock de “33 B”, do nonsense de “Sempre Quase” ou do samba pesado e grooveado de “Maior Com Sétima”.
As letras são outro bom destaque. Com boas doses de ironia e sarcasmo fogem do habitual lugar comum. Na sua estréia a Banda Gentileza arruma, desarruma e depois desarruma mais ainda suas influências para construir uma sonoridade própria, uma identidade pessoal. O grupo acerta muito mais do que erra e consegue cravar agora um dos discos da música nacional no ano que passa. Duvida? Bote a já citada “O Indecifrável Mistério de Jorge Tadeu” para tocar, deixe acabar e tente não repetir ou sair cantando seus “lá-lá-lás”.
Site oficial, com disco gratuito para download: http://www.bandagentileza.com.br .
2 comentários:
Alô, Adriano! Muitíssimo obrigado pelo texto e pelo espaço aqui no Coisapop. Ficamos muito felizes com as palavras. Grande abraço.
Valeu Humberto. Abs. :)
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