"A Strange Arrangement" - Mayer Hawthorne - 2009

A soul music possui inúmeros mestres na sua história, principalmente nas décadas de 60 e 70. Dentre esses mestres, nomes como Smokey Robinson, Curtis Mayfield e Marvin Gaye estão com seu lugar garantido merecidamente. É influenciado por eles que um americano de Michigan, com cara de nerd, chamado Mayer Hawthorne lança seu primeiro disco, intitulado "A Strange Arrangement", pela gravadora Stones Throw.

Mayer Hawthorne é daqueles músicos que tocam vários instrumentos, além de ser produtor e DJ, entre outras coisas. Em seu disco de estréia deixa o seu som como se tivesse saído de algum ano das décadas acima, tendo como grande mérito ultrapassar a mera cópia e criar um trabalho que mesmo olhando diretamente para o passado, consegue caminhar sozinho. Um trabalho em que há sim reverências, mas também há criatividade.

São cinqüenta minutos que trazem só composições próprias, exceção feita a deliciosa “Maybe So, Maybe No”, cover do grupo The New Holidays que a lançou originalmente em 1969. Depois de um rápido prelúdio, a faixa título adentra com um excelente trabalho vocal em uma balada bonita e bem feita. Em seqüência, com um climão de Barry White no ar, “Just Ain't Gonna Work Out” esbanja sensualidade.

A já citada “Maybe So, Maybe No” vem depois, para ser seguida com o pop de “Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin'” com o piano no comando e os metais ditando o ritmo. É para aumentar o som. “I Wish It Would Rain”, cheia de efeitos vintage tem Mayer Hawthorne cantando em falsete enquanto os backing vocals lhe acompanham harmoniosamente. “Make Her Mine”, um dos grande momentos do trabalho, faz balançar o corpo.

“One Track Mind” é curtinha, tem apenas dois minutos e lembra os grupos vocais da Motown como os Temptations. “The ills” chega acelerada, refrão pegajoso e os metais vibrando. “Shiny & New” é outra balada que deixaria Marvin Gaye orgulhoso. “Let Me Know” é para os domingos de manhã. Tiro certo. “Green Eyed Love” é a mais cadenciada do disco e talvez a única que não traga toda a qualidade exibida nas demais.

Com “A Strange Arrangement”, Mayer Hawthorne se coloca um passo a frente de todo esse movimento que está sendo chamado de neo-soul e ao lado de Eli “Paperboy” Reed exibe uma qualidade que foge da imitação gratuita. Se você gosta de soul music, esse disco irá agradar bastante pois é um belo retrato atualizado e colorido de uma música e de uma época que sempre terá o dom de encantar, divertir e emocionar.

My Space: http://www.myspace.com/mayerhawthorne