“Rita Lee Mora ao Lado: Uma Biografia Alucinada da Rainha do Rock” já sai ganhando alguns pontos logo na entrada, por conta do titulo e da capa belíssima, cortesia do projeto gráfico de Luciana Porto Alegre. Mas o que seria o livro? Será que a nossa Santa Rita de Sampa resolveu escrever suas memórias? Nada disso, a história da rainha do rock nacional é revista através do olhar travestido de uma certa mulher que esteve sempre como testemunha ocular da sua vida.
O autor dessa biografia tresloucada é Henrique Bartsch, engenheiro civil e músico, colaborador de Carlos Calado no ótimo “A Divina Comédia dos Mutantes” e fã confesso da obra de Rita Lee. Na orelha do livro, Rita conta como teve conhecimento do trabalho do autor e deu seu aval para que a obra fosse publicada, insistindo que não censurou nenhuma parte. A leitura realmente indica esse caminho, pois lados não tão belos são apresentados.
Para contar a história, Henrique Bartsch criou uma personagem chamada Bárbara Farniente que passou toda a vida próxima de Rita Lee e que por vários acasos do destino, sempre esteve presente nas situações mais importantes que a envolveu. O recurso, interessante a primeira vista, funciona bem na maior parte do tempo e escorrega somente quando repete passagens e afirmações, como a maldição de Bárbara em nunca ver Rita tocar ao vivo.
Partindo desse personagem irreal, o autor vai arremessando casos e mais casos divididos em dois grandes capítulos que abrangem a vida antes e depois dos Mutantes, sem sombra de dúvida um marco na vida da homenageada. Com um linguajar simples e direto, sem muitos floreios, e em algumas passagens até com alguns vícios de linguagem que acredito ser opcional, a história vai envolvendo bem e o leitor fica sem saber onde acaba o real e começa a fantasia.
“Rita Lee Mora ao Lado” agrada na grande maioria das suas páginas, entrelaçando artistas consagrados como Gilberto Gil, Jorge Ben, Roberto Carlos, Elis Regina, Caetano Veloso e Tim Maia com a vida da personagem principal. Henrique Bartsch demonstra ser um grande fã e isso acaba por influenciar levemente a obra, como no caso da saída de Rita dos Mutantes, mas de modo geral isso não chega a comprometer o resultado final.
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