Invasões alienígenas formam um campo que já foi explorado até a exaustão no cinema. Tudo que o gênero poderia apresentar já havia sido feito, correto? “Distrito 9” que chega aos cinemas nessa semana prova que ainda pode haver algumas exceções a essa afirmação. O diretor Neill Blomkamp consegue utilizar de modo diferente a chegada de alienígenas ao nosso planeta e em cima disso amarra um filme com bastante referência política e social.
A história se inicia vinte anos depois de uma nave invadir os céus da terra causando muita confusão. Mas ao invés de guerras ou cenas futuristas, o mundo se deparou com milhares de extraterrestres desnutridos, acabados e exilados por aqui. Uma ótima sacada foi o lugar escolhido para a trama se desenvolver, a capital da África do Sul, Joanesburgo, ao invés das tradicionais cidades norte americanas como Los Angeles ou Nova York.
O governo sul-africano isola os aliens em campos fechados, que não demoram para virar uma grande favela, com população crescendo cada vez mais e o crime correndo solto em todas as suas vertentes. A analogia com o Apartheid que ocorreu no país é clara e incomoda em vários momentos, principalmente nas entrevistas do “documentário” que conduz o filme, onde os humanos usam frases que já serviram muito bem para os seus semelhantes.
O domínio da favela fica a cargo da MNU, uma empresa que serve para controlar as coisas no Distrito 9, mas que na verdade está mais preocupada em dissecar os extraterrestres para entender sua genética, assim como a tecnologia das suas armas. Quando da mudança para um novo lugar, a MNU, sob o comando do mesquinho e atrapalhado Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), se depara com uma forte resistência e sérios problemas.
No processo de desalojamento e transferência dos habitantes, Wikus entra acidentalmente em contato com um líquido negro, que começa a lhe dar enjôos e posteriores mutações. Desse ponto em diante, a história ganha em aventura, mas perde bastante em clareza e não consegue manter o bom ritmo dos seus primeiros 30 minutos, onde o manejo rápido da câmera e os comentários inconvenientes que são despejados geram um bom resultado.
“Distrito 9” teve um orçamento relativamente baixo para produções do gênero e mesmo assim gerou um grande lucro, causando alvoroço pela internet e recebendo as bênçãos de Peter Jackson (de um tal “O Senhor dos Anéis) que ficou com a produção. Mesmo recheado com boas idéias, o filme se perde depois da primeira metade e começa a demonstrar vários furos no roteiro, o que no final lhe acarreta apenas a alcunha de razoável. Podia ser mais.
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