É normal em uma análise da nossa vida até o momento, olhar para trás e ver que algumas coisas que queríamos fazer ainda não foram realizadas. Na maioria das vezes isso necessariamente não é ruim, pois não indica que a vida esteja ruim, ela apenas caminhou para um lado que os nossos sonhos de infância ou adolescência não couberam. Mas não tem como evitar que sempre que esses sonhos sejam rememorados fique uma pequena ponta de dor lá no coração.
Basicamente é isso que aconteceu com Carl Fredricksen, o personagem principal da nova animação da Pixar Animation Studios, “Up-Altas Aventuras”, que aos 78 anos ainda guarda no peito a vontade de realizar o sonho de criança em voar e explorar o mundo como seu ídolo, o famoso Charles Muntz, como também de sua falecida esposa Ellie. Na eminência de perder sua casa para uma construtora de imóveis, Carl resolve então mudar sua vida.
No seu caminho, aparece uma simpática e jovem criança que bate a sua porta para querer ajudá-lo. Russell é escoteiro, mas sem muito jeito para a coisa. Muito falador, traz consigo uma carência paterna escondida. Quando vê que sua vida já não tem mais muito sentido, Carl que sempre trabalhou como vendedor de balões, resolve em uma idéia surrealista total, erguer a casa de balões e viajar com ela atrás do sonho escondido e não realizado.
Depois de encantar o mundo com “Wall-E” no ano passado, a criatividade da Pixar parece não ter fim. “Up-Altas Aventuras” combina sensibilidade e aventura de uma maneira que beira o espetacular. A direção e roteiro de Pete Docter e Bob Peterson surpreende por fazer em uma animação que o “herói” esteja longe dos padrões habituais, sendo um velhinho até meio rabugento, mas com um coração do tamanho do mundo.
A história de Carl Fredricksen pode ser encontrada em qualquer esquina que se passe, em doses menores ou elevadas. A construção de sonhos e a realização destes se faz inerente na fomentação do caminho de qualquer pessoa. A dupla Carl e Russell, assim como a relação de amor e dedicação de Carl com sua esposa Ellie, comove e diverte tanto as crianças espalhadas na sessão quanto os adultos que as levaram. Palmas para a Pixar. Novamente.
Um comentário:
sim, palmas: a pixar anda merecendo muitas delas.
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