A espera por “Haih Or Amortecedor”, o primeiro disco de inéditas dos Mutantes depois de mais de 30 anos era um misto de expectativa (20%) e medo (80%). Depois do retorno triunfante em 2006 e 2007, com Arnaldo Baptista de volta e shows memoráveis no Barbican Theatre em Londres e na Virada Cultural de São Paulo, a história bem que podia ter parado por aí. Entretanto, Sérgio Dias resolveu levar o barco sozinho novamente.
A expectativa existia porque sempre que algo tiver a marca do grupo, isso será normal. Já o medo vinha por conta de apenas Sérgio Dias e Dinho Leme da formação original estarem presentes, sendo que o guitarrista/cantor podia muito bem fazer o som progressivo de quando tocou o grupo nos anos 70. Para o bem do nome “Mutantes”, Sérgio Dias se focou nos anos juntos com Rita Lee e Arnaldo Baptista para compor novamente.
“Haih Or Amortecedor” não tem edição nacional ainda, apesar de ter sido lançado em quase todo centro importante da música. Um absurdo que infelizmente beira a normalidade, já que o tratamento aqui nunca foi o mesmo se comparado ao recebido lá fora. Apesar de ser um disco apenas razoável, “Haih Or Amortecedor” não arremessa o nome do grupo no lixo e em algumas faixas consegue até emocionar.
Canções como “Teclar”, a ótima “Querida Querida” e “O Mensageiro” fazem esse lado que consegue até emocionar. Outras como “2000 e Agarrum”, “O Careca” (cedida por Jorge Benjor, a exemplo de “A Minha Menina” nos anos 60) e “Samba do Fidel”, são cópias ou continuações de idéias já exploradas anteriormente. Em outras como “Baghdad Blues” e “Gopala Krishna Om”, as coisas soam confusas e sem tanta inspiração.
No final, “Haih Or Amortecedor” até que não deixa um gosto ruim depois de ser escutado. Todo mundo tem que pagar suas contas e com Sérgio Dias e Dinho Leme não é diferente. Se todo mundo inventa reuniões canalhas para cobrir a conta bancária, por que eles não podem? Ao mirar na grande fase do grupo e tratar as novas músicas com essa roupagem, os (novos?) Mutantes não chegam a desagradar, mas acabam soando no máximo como se fossem uma (boa) banda cover de si mesmo.
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