“Tremolo” é o nome do terceiro disco do duo norte americano The Pines formado por David Huckfelt e Benson Ramsey. Depois de uma estréia apenas mediana em 2004 e um bonito segundo trabalho em 2007 chamado “Sparrows In The Bell”, o grupo volta com um disco com a dignidade necessária para constar entre os melhores do ano que passa, aliando tradicionalismo e atualidade de uma maneira que encanta quem ouve.
As fontes que servem de bebida para esse “Tremolo” estão no country, no blues e no folk. Durante o disco você percebe influências de gente como Hank Williams e Bob Dylan, além de nomes do blues dos anos 50 e 60. O álbum foi gravado em apenas dois dias, produzido por Bo Ramsey (Lucinda Williams, entre outros), que é pai de Benson Ramsey. É um disco que soa clássico e forte, agradando por inteiro, coisa tão rara nos dias de hoje.
As letras merecem uma atenção toda especial, logo na primeira faixa “Pray Tell”, nos deparamos com versos como: “Who pulled the stars down over my eyes?/ I lost my way now I’m in disguise and/ I asked for truth all I got was lies/ Who pulled the stars down over my eyes?”. Na maioria das passagens, as letras procuram respostas, tentam se encontrar, versam sobre um mundo que por muitas vezes não mostra o lugar de cada um.
“Shine Moon” traz uma slide guitar cortando a canção com dna extraído diretamente da obra de Bob Dylan. Em “Lonesome Tremolo Blues” os arranjos blueseiros vão se sucedendo enquanto frases passam e questionam, como em: “He world is on fire/ The moon is hanging from a string/ I wake up in the night, Lift my head up and start to dream/ What's wrong with everyone? How far does it gotta go?”.
“Meadows Of Dawn” traz um violão dedilhado e uma cortante definição: “Oh the heart is a cage, in this perilous age”. A dobradinha de “Skipper And His Wife” (de Spider John Koerner) e “Spike Driver Blues”, esta segunda com mais uma ótima guitarra atravessando o clima, tem o dom de transportar para outra época e lugar. “Shiny Shoes” é a encarregada de encerrar o disco, e com os seus mais de seis minutos é provavelmente a canção mais bonita do álbum.
“Tremolo” talvez não traga nada de muito diferente do que outros cantores e compositores estão fazendo hoje nessa seara do folk, talvez o seu forte acento de country e blues sejam um possível diferencial. Ou Talvez nada disso importe afinal, pois o poder da música é justamente tocar as pessoas sem precisar de explicações, e nesse ponto o mais recente trabalho do The Pines, acerta em cheio. O ano ganhou mais um forte concorrente.
Site Oficial: http://www.thepinesmusic.com
My Space: http://www.myspace.com/thepinesspace
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
sábado, 29 de agosto de 2009
“Layla And Other Assorted Love Songs" - Derek And The Dominos - 1970
No começo dos anos 70, Eric Clapton aos 20 e poucos anos já tinha garantido seu nome na história do rock. O currículo trazia clássicos como “John Mayall´s Blues Breakers With Eric Clapton” de 1966, junto com o grande John Mayall e na frente do Cream, com os comparsas Jack Bruce e Ginger Baker, presenteou o mundo com “Disraeli Gears” de 1967. Cansado do centro do furacão que era o Cream e de uma tentativa fracassada em outro super grupo, o Blind Faith, o músico resolveu respirar novos ares.
Junto com o tecladista Bobby Whitlock, o baixista Carl Radle e o baterista Jim Gordon, antigos conhecidos com os quais havia tocado algumas vezes na banda Delaney And Bonnie And Friends, Clapton criou um grupo imaginário, onde a idéia era revigorar-se, encontrar novamente o prazer na música e cunhar mais alguns blues para tocar por aí. Assim surgia o Derek And The Dominos, que em 1970 fez seu único e essencial disco.
Para completar o trabalho do álbum duplo “Layla And Other Assorted Love Songs”, Duane Allman do Allman Brothers foi convidado para tocar guitarra e abrilhanta ainda mais o resultado final. Fugindo e sofrendo de um amor proibido por Patty Boyd, esposa do amigo George Harrison e ingressando no inferno das drogas mais pesadas (heroína) pela primeira vez na vida, Clapton fez o que muitos consideram seu melhor álbum.
“Layla And Other Assorted Love Songs”, tem 14 faixas e já traz na abertura uma grande canção, “I Looked Away”, que tem um sabor pop, sendo a primeira entre as cinco parcerias do disco com Whitlock, parceria que rendeu frutos por mais alguns anos. Depois disso é show atrás de show, com músicas inéditas e regravações viscerais como “Key To The Highway” do bluesman Big Bill Bronzy e “Little Wing” de Jimi Hendrix.
Dois momentos merecem destaque especial. “Bell Bottom Blues”, traz a assinatura que o músico tanto usou ao longo dos anos e um solo de guitarra para emocionar. “Nobody Knows You When You're Down And Out”, começa com a guitarra quase que em um lamento para emendar versos como: “porque não, não, ninguém te conhece/quando você está pra baixo e pobre/em seu bolso, nem um centavo/e quanto aos amigos, você não tem muitos”. Versos que fariam tanto sentido mais a frente na sua carreira.
E é claro que não dá para não falar de “Layla”, um clássico absoluto dessa história chamada rock n’ roll, feita para a quimera Patty Boyd, com Clapton suplicando: “Layla/estou ajoelhado, Layla/implorando, querida por favor, Layla/querida, conforte minha mente preocupada?”, com direito a um solo esplendoroso de Duanne Allman. O Derek And The Dominos acabou algum tempo depois e Eric Clapton tocou sua carreira com maestria, apesar de quase nunca mais esbanjar a absurda qualidade vista nesse disco de 1970.
Mais Eric Clapton? Passe aqui.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
"Vagarosa" - Céu - 2009
Escutar “Vagorosa”, o novo disco da cantora paulista Céu, é uma tarefa que deve ser feita de maneira cuidadosa, prestando atenção nos detalhes de cada acorde, de cada batida. Quando escuta-se o disco pela primeira vez, ele não chega a conquistar por completo e deixa só algumas boas impressões. Porém, usando um clichê tão comum, “Vagorosa” é o tipo de trabalho que vai crescendo a cada audição, envolvendo mais e mais ao deixar sua sutileza a mostra.
No seu primeiro trabalho, Céu caiu nas graças de muita gente, adquirindo elogios até certo ponto superlativos para uma carreira que então se iniciava. Esses elogios que soaram meio exagerados anos atrás, hoje parecem muito mais honestos e merecedores. “Vagarosa” é um bonito mosaico sonoro que envolve na sua composição reggae, samba, dub, pop, mpb e jazz, executados por músicos de qualidade e com uma produção certeira e ousada.
O samba aparece na abertura com “Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso”, conduzida pelo cavaquinho de Rodrigo Campos e que serve de introdução para o resto do disco. Este mesmo samba volta mais lá para o meio com “Vira-Lata”, um dueto com o grande Luiz Melodia, com uma cadência de não fazer feio a sambista nenhum, e acaba por ser desvirtuado na versão arrebatadora e lisérgica de “Rosa Menina Rosa” do mestre Jorge Ben, que os Sebozos Postizos (a turma da Nação Zumbi) abrilhantam ainda mais.
Os músicos que fazem participações especiais em “Vagorosa” representam um grande plus. Além dos já citados, aparecem Bnegão, Thalma de Freitas, Anelis Assumpção, Guizado, Curumin e Fernando Catatau do Cidadão Instigado, que dá um show a parte em “Espaçonave”. A produção de Gui Amabis, Gustavo Lenza e Beto Villares, além da própria cantora, soa precisa, limpa e crua, remetendo a outras épocas como os anos 60 e 70.
Enquanto o disco passa, as músicas que tinham se destacado anteriormente dão lugar a outras sem muita lógica ou razão. Pode ser o reggae preguiçoso e quebrado de “Cangote”, “Grains de Beauté” com sua ambientação climática, vocal remetendo a Elis Regina e o baixo no centro do comando ou de repente tudo pode mudar e “Cordão da Insônia”, um reggae mais alegre, quase ensolarado, ser a canção escolhida para se repetir algumas vezes.
Em tempos de consumo tão feroz de informação, onde discos aparecem por todos os lados a cada dia, onde discos são escutados uma vez e nunca mais revisitados, Céu vai na contramão dessa marcha, lançando um trabalho que precisa de dedicação para ser apreciado. “Vagorosa” é melhor servido em doses do que de uma vez só. É para ser degustado com calma, tranquilidade e com ouvidos e mente aberta.
Site Oficial: http://www.ceumusic.com
My Space: http://www.myspace.com/ceuambulante
terça-feira, 25 de agosto de 2009
"Gonzo: Um Delírio Americano" - 2008
Hunter Stockton Thompson é provavelmente um dos grandes escritores norte-americano dos últimos 50 anos. Nascido em 18 de julho de 1937 inventou um novo modo de jornalismo, denominado “gonzo”, onde se inseria dentro das histórias e não fazia distinção de fantasia e realidade, personagem e criador. O escritor se suicidou em 20 de fevereiro de 2005 aos 67 anos, deixando para trás uma obra intrigante, enérgica e ácida.
O diretor Alex Gibney (vencedor do Oscar por “Táxi Para a Escuridão”) mergulhou na vida do jornalista/escritor e lançou no ano passado o documentário “Gonzo: Um Delírio Americano” (no original: "Gonzo: The Life and Work of Dr. Hunter S. Thompson”). No filme que possui quase duas horas de duração, o diretor foca principalmente no período de maior fertilidade criativa que se situou entre os anos de 1965 a 1975.
O ator Johnny Deep (grande fã de Thompson), que esteve na adaptação para o cinema do essencial “Medo e Delírio em Las Vegas”, serve de narrador para várias passagens que são entrecortadas com imagens raras e depoimentos de suas ex-mulheres e filho, além de gente como o escritor Tom Wolfe, o ilustrador Ralph Steadman, o editor da Rolling Stone Jann Wenner, o ex-presidente americano Jimmy Carter e o ex-senador George McGovern.
Aliás, a relação com George McGovern que perdeu a eleição para Richard Nixon em 1972 é um dos grandes momentos. Hunter Thompson procurou todas as formas para ajudar o candidato que acreditava, usando inclusive de medidas pouco escrupulosas para tanto. A imagem que o documentário passa é de que além de louco e criativo, que vivia entre drogas, armas e álcool, era uma pessoa que variava entre dois lados opostos de personalidade constantemente.
As passagens com a gangue de motoqueiros Hell’s Angels, o envolvimento com a política e a candidatura para xerife na cidade de Aspen no Colorado são outros pontos de destaque, como também a inclusão de cenas de filmes anteriores sobre ele. De bandeja ainda temos de pano de fundo um panorama sobre a história americana desse período e uma ótima trilha sonora que traz Bob Dylan, Janis Joplin, Jefferson Airplane e Lou Reed, entre outros.
Apesar de “Gonzo: Um Delírio Americano”, não entrar muito nas questões das drogas e do álcool e meio que apagar o período decadente de Hunter S. Thompson, é um documentário que cumpre com a função de mostrar mais sobre um grande escritor. Anárquico, visceral, maluco, marginal, prepotente e infame, entre outros tantos adjetivos, esse é o escritor que chacoalhou a contracultura americana nos anos 60/70.
Obrigatório.
Mais sobre Hunter S. Thompson? Passe aqui.
domingo, 23 de agosto de 2009
"Lost and Found and Lost” - The Seldon Plan - 2009
Quando os primeiros acordes de “Caldedott”, primeira música do terceiro álbum de estúdio dos norte-americanos do The Seldon Plan começam a passar pelo player, nada chama muito a atenção. O mesmo acontece com a segunda faixa, “Fire in Day's Field”, um pop rock levado com violão e boa melodia. A partir da terceira faixa, “Lost and Found and Lost”, que carrega o mesmo nome do disco é que a coisa começa a mudar de figura.
Formado em 2003, o grupo de Baltimore, USA, já carregou rótulos como post rock e emo adicionados a sua música. No entanto, em seu mais recente trabalho o que vemos é muito powerpop, com tudo que o estilo tem de melhor como guitarras em profusão, melodias ensolaradas e assobiáveis e vocal compartilhado. “Lost and Found and Lost” passa suave a partir da terceira música e ganha a chance de tocar novamente em outros momentos.
Em "Lullabies for Old Hearts”, as guitarras são o destaque. Em “Run, Go!”, uma transmissão japonesa antecede a bateria quebrada e a bonita melodia. “Philadelphia and a Moment”, um dos melhores momentos, é inspirada em “Sara” uma canção do Fleetwood Mac do disco “Tusk” de 1979. “French Cinema” remete diretamente ao Teenage Fanclub e pede para ser repetida após o seu término.
As boas canções vão se sucedendo, como ‘Lonely Bridgewater” e “There Are Definite Undertones Here” (essa com um coro emocionante) até “Ezra Jack Keats”, uma homenagem ao escritor infantil norte-americano de mesmo nome (falecido em 1983 e não tão conhecido assim por aqui) chegar e encerrar o álbum de maneira singela e tocante, com um “la-la-la” no refrão que gruda na memória e fica difícil de sair.
Com “Lost and Found and Lost”, Michael Nestor (guitarras e vocal), Dave Hirner (baixo), Dawc Dineen (guitarras) e Matthew Leffler Schulman (bateriam) emplacam além de uma das capas mais bonitas do ano, um disco repleto de boas canções para serem escutadas em um domingo qualquer, servindo de trilha sonora para um bom bate papo regado com uma cervejinha bem gelada. Grata surpresa.
Site Oficial: http://www.theseldonplan.com
My Space: http://www.myspace.com/theseldonplan
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
"Se Beber, Não Case" - 2009
A despedida de solteiro de um amigo é daqueles momentos que não dá nem para pensar em faltar. O sujeito se vira, inventa uma desculpa para a mulher, para o emprego, para o que for, mas dá um jeito de se fazer presente. Essas despedidas além de renderem futuras conversas em mesas de bar, vez ou outra acabam proporcionando algumas roubadas para os envolvidos, que precisam resolver a questão sem deixar rastros.
Essas roubadas são o tema central de “Se Beber, Não Case” do diretor Todd Phillips (de “Dias Incríveis”), comédia que desembarca no Brasil depois de grande sucesso nos USA. As vésperas do seu casamento, Doug (Justin Bartha) reúne dois grandes amigos, Phil (Bradley Cooper) e Stu (Ed Helms) e mais o perturbado e desajustado cunhado Alan (Zach Galifianakis) para partir rumo a Las Vegas para sua despedida de solteiro.
Na cidade do pecado o quarteto apronta todas e mais algumas noite afora e quando o dia seguinte vem, além da ressaca, o quarto do hotel está uma tremenda bagunça e o noivo sumiu sem causa aparente. Desse ponto em diante o trio restante precisa catar pedacinhos de informações aqui e acolá para achar o amigo desaparecido, pois depois da bebedeira não conseguem lembrar de quase nada do que fizeram.
A comédia teve algumas cenas excluídas ou alteradas na versão lançada no país, mais ainda é um grande mar de situações constrangedoras e humor politicamente incorreto. O personagem interpretado por Zach Galifianakis é um capítulo a parte. Uma figuraça. Ele é louco, estranho, neurótico e estúpido, o que rende ótimas cenas e risadas em demasia. Até Mike Tyson aparece e rende bem, principalmente quando canta Phil Collins. Muito engraçado.
“Se Beber, Não Case” tem tudo para agradar em cheio ao público, principalmente o masculino, cumprindo a função básica de uma comédia que é divertir. Depois do filme, ao sair do cinema, você lembrará algumas situações complicadas que passou nessas despedidas com os amigos no decorrer dos anos. Nada que se compare a pequena odisséia do filme, que envolve tigres, chineses, bebês, polícia e casamento. Mas nunca se pode duvidar, não é mesmo?
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
"A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao" - Junot Diaz
Oscar Wao é um cara corpulento, desajeitado, nerd por completo e sonhador até a alma. Desde a infância até a vida adulta, dividido entre o país natal, a República Dominicana e os Estados Unidos, sempre se sentiu deslocado do mundo e se tornou alvo de chacotas intermináveis por onde passava. Para superar isso e tocar a vida em frente enfiou a cabeça em quadrinhos, videogames e livros de ficção cientifica e de fantasia.
“A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao” é o segundo livro do escritor Junot Diaz, dominicano atualmente radicado nos USA. O livro ganhou diversos prêmios importantes como o Pullitzer 2008 e o John Sargent 2007, recebendo agora edição nacional pelas mãos da Editora Record, com 336 páginas. Após uma coletânea de contos chamada “Afogado”, que recebeu boas criticas, o novo romance desse escritor de 40 anos era bastante esperado.
Ao tratar das aventuras e desventuras do seu personagem principal, sobre o olhar narrativo de Yunior, seu melhor amigo e ex-namorado de sua irmã, o autor conduz uma história em que tragédia e humor andam lado a lado, com diversos enxertos de cultura pop como O Senhor dos Anéis, Quarteto Fantástico e Watchmen. A vida de Oscar Wao é contada com retrocessos ao passado e partes completas dedicadas aos seus familiares.
Junot Diaz regressa para contar a história da mãe e avô de Oscar e escancara uma série de criticas ao período negro da ditadura de Trujillo, que durante os anos de 1930 a 1961 promoveu uma sangria sem precedentes na história da República Dominicana. Insere também um lado místico, ao presumir que todos da família de Oscar estão diretamente relacionados a uma maldição chamada fukú, que os presenteia com constantes desgraças.
Em “A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao”, temos uma escrita ágil e esperta, que apesar de parecer confusa na sua primeira metade vai se consolidando conforme o andamento. O romance mostra um anti-herói clássico, um cara que até o final anunciado no título, busca o amor em qualquer lugar que possa encontrá-lo, mesmo contra todos os mecanismos de sociabilidade da vida moderna e com a sua maneira confusa e fascinante de ser.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Tronco Produções apresenta: "Festa Monstronco" - CB Bar/SP - 22.08.09
A Gabriela Munin da Tronco Produções manda avisar que nesse sábado dia 22 de agosto tem uma festa daquelas em Sampa. É a "Festa Monstronco", que celebra a parceria entre a Monstro Discos e a Tronco Produções.
No palco rock n´roll para ser escutado no talo, com as bandas Elma, MQN e Black Drawing Chalks. Sonzeira das boas. O evento acontecerá no CB Bar na Rua Brigadeiro Galvão, 871 - Barra Funda/SP, a partir das 19:00hs, com ingressos por apenas R$ 10,00. Maiores informações no fone (11) 3666-8971.
Então já sabe né? Se tiver por sampa nesse sabadão, eis uma ótima pedida para a noite.
Paz Sempre!!
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
"Brüno" - 2009
“Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja À América” foi uma grata surpresa que chegou aos cinemas em 2006 e 2007. Nele, o humorista britânico Sacha Baron Cohen, criava um personagem que destruía ilusões sobre o modo de vida americano e mostrava um lado bem sujo dos moradores da maior potência mundial dos nossos tempos. O filme rendeu indicações para o Oscar e o Globo de Ouro.
Para o seu novo trabalho, Cohen retirou do seu cardápio de personagens o afetado Brüno, um repórter de moda da Áustria, homossexual e sem a mínima noção das coisas. “Brüno” que chegou aos cinemas do país na última semana, explora novamente o modelo de um falso documentário e assim como em “Borat”, traz cenas inusitadas e tenta confrontar as pessoas para revelar sua outra face, dessa vez com o foco no mundo das celebridades.
O personagem principal comanda um programa de moda na Áustria e se vangloria por ser “um dos mais vistos em todos os países de língua germânica, menos na Alemanha”. Quando em um desfile em Milão causa a maior confusão e avacalha tudo, Brüno é despedido e resolve então partir para os Estados Unidos para se tornar, segundo ele próprio: “o maior superstar austríaco desde Adolf Hitler”.
Em seu novo filme, Sacha Baron Cohen objetiva primeiramente criticar o mundo das celebridades e as pessoas que fazem tudo para conseguir um pouco de fama. Sua veia humorística permanece afiada, como quando entrevistando uma modelo afirma que o seu ofício realmente é muito difícil, com frases carregadas de ironia. No entanto, no andamento do filme acaba por fazer apenas uma cópia menor de “Borat”, ambientada em outro mundo.
Apesar de momentos realmente engraçados como Paula Abdul falando de trabalho humanitário sentada em cima de mexicanos, uma detonada bem feita em Mel Gibson, a luta no final do filme em que mostra todo seu lado “hetero” e o final com o momento “We Are The World” com a sua “Dove Of Peace” sendo cantada, Sacha Baron Cohen acaba por se repetir e perder a mão e o limite em algumas passagens, como na relação de Brüno e seu namorado Diesel.
“Brüno” renderá boas risadas a quem for ao cinema assisti-lo e pelo caminho assustará alguns que sem conhecimento se arriscarão para a sessão, agradando mais ainda quem já conhece “Borat”. A sensação de “já vi isso antes” fica presente durante os quase 90 minutos de duração do filme. Passável. Fica a esperança de que Sacha Baron Cohen consiga reinventar o seu estilo, pois humor ácido, negro e irônico ele esbanja em doses fartas.
sábado, 15 de agosto de 2009
"A Trilogia das Cores" - Krzysztof Kieslowski - 1993/1994
O diretor polonês Krzysztof Kieslowski faleceu em 13 de março de 1996 aos 54 anos, deixando para trás uma filmografia extensa e uma obra prima como legado para a humanidade. “A Trilogia das Cores” é esse legado. Os filmes são baseados nas cores da bandeira francesa e no tema da sua famosa revolução, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, divididos individualmente em “A Liberdade é Azul(Bleu)”, “A Igualdade é Branca(Blanc)” e “A Fraternidade é Vermelha(Rouge)”.
Faz um bom tempo que assisti aos filmes de maneira isolada, sendo que recentemente pude rever todos em seqüência, o que deixa o trabalho de Krzysztof Kieslowski mais sublime ainda. Ao assistir na seqüência, percebe-se com mais clareza as sutis ligações que são feitas entre os filmes e as correlações que existem entre as distintas histórias. Os filmes se encontram a venda tanto de forma individual como em uma caixinha para lá de bacana.
Em “A Liberdade é Azul”, o drama toma conta da história. Conhecemos Julie (Juliette Binoche, linda como sempre), que após perder o marido e a filha em um acidente de carro, renega tudo e todos e passa a viver evitando tudo que lhe cause qualquer emoção. O silêncio dá o tom, com o diretor mostrando uma riqueza de detalhes fantástica (como quando o médico avisa Julie da tragédia) e focando em objetos e pontos vazios para explorar a solidão da protagonista.
“A Igualdade é Branca” é um filme mais leve, mas não menos tenso. Nele, Karol Karol (Zbigniew Zamachowski) leva a vida com uma incrível falta de tato e principalmente de sorte. Sua mulher Dominique (Julie Delpy), o abandona as traças porque simplesmente ele não dá mais conta do recado de satisfazê-la. Karol Karol então volta para a Polônia e trama calmamente sua vingança contra a ex-mulher, que apesar da sua raiva não acontecerá de maneira gratuita, pois ele ainda a ama.
O toque de mestre de Krzysztof Kieslowski chega em “A Fraternidade É Vermelha”, um drama centrado em redenção e procura, apimentado com desilusões, tristezas e rotina. Valentine (Irene Jacob) é uma modelo que vive em Paris e vê sua vida meio em frangalhos, longe do namorado e vendo sua família ruir. Ao conhecer um juiz aposentado (Jean-Louis Trintignant) que passa o resto da vida a espionar os vizinhos, Valentine vê sua vida mudar e tomar rumos inesperados.
Com os três filmes da trilogia, Krzysztof Kieslowski uniu emoção, sentimentos e sujeira humana em um momento único da Europa, que passava por um processo todo especial após a queda do Muro de Berlim. Com os longas, ganhou prêmios importantes como o Leão de Ouro de Veneza, o Urso de Prata de Berlim e o Festival de Cannes, além de indicações para o Oscar. Nada mais justo para uma obra de rara beleza e poesia. Indispensável.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
"Farm" - Dinosaur Jr. - 2009
A banda americana Dinosaur Jr. sempre foi uma das prediletas aqui da casa. Durante grande parte dos anos 90 tocava constantemente por aqui. Depois de um sumiço de quase dez anos, o grupo retornou em 2007 com a formação original e de quebra com um discaço, um dos melhores daquele ano. Em 2009, quando entre idas e vindas completam 25 anos de carreira, surge “Farm”, disposto a colocar mais alguns sorrisos no rosto dos seus fãs.
A influência do Dinosaur Jr. no rock alternativo é devidamente reconhecida. J. Mascis (guitarra e vocais), Lou Barlow (baixo e vocais) e Emmett Murph (bateria) já tem lugar garantido na história e mesmo assim continuam escrevendo esta com força e energia. Quem esperava uma queda depois do alto nível de “Beyond” tem uma ótima surpresa. “Farm” está no mesmo nível e mantêm a pegada característica e a habitual qualidade.
É claro que “Farm” não traz nada de novo ao som do grupo, apenas um mais do mesmo delicioso com aquela pegada punk, envolvida com o rock de garagem setentista e o progressivo, embalada pelos solos de guitarra de J. Mascis, suas melodias perfeitas e o vocal preguiçoso e despretensioso. Logo na entrada guitarras repletas de sujeira anunciam “Pieces”, que de acordo com o seu andamento fazem a nostalgia bater na cara.
“I Want You To Know” tem sua melodia sufocada pelo barulho enquanto Mascis canta versos como “I love the place/i took your face/forgot to face/it by myself I cried”, para emendar mais na frente com “I looked around/i felt the ground/it’s soul not found/it's hard enough for me/i want you to know”. Paz de espírito total. Em “Ocean In The Way” o solo extraído da guitarra de Mascis faz arrepiar e deixa os olhos um pouco mareados.
“Plans” fala sobre procura e amores de maneira até irônica com seu “I got nothing left to be/do you have some plans for me/i know you do”. “Over It” abre com uma guitarra cheia de efeitos, enquanto “Friends” é pop, pop, para os padrões da banda, apesar do final estendido. “There's No Here” já começa com uma guitarra solando, tão característico do trio e “Imagination Blind” fecha o disco afirmando a influência de Neil Young.
Como já escrevi algumas vezes, o Dinosaur Jr. parece aquele seu velho amigo de infância que some por uns tempos, mas que quando reaparece o papo rola tranqüilo e solto, como se tivessem conversado no dia anterior. Em “Farm”, J. Mascis, Lou Barlow e Emmett Murphy lançam outro ótimo disco, para fazer parte da sua brilhante discografia e aproveitam para bater mais um papo com velhos amigos e quem sabe conquistar alguns novos.
Sobre o “Beyond” de 2007, passe aqui.
Site Oficial: http://www.dinosaurjr.com
My Space: http://www.myspace.com/dinosaurjr
terça-feira, 11 de agosto de 2009
"My World" - Lee Fields & The Expressions - 2009
“My World” é o nome do novo disco do cantor de soul norte americano Lee Fields. O músico está na ativa desde o começo dos anos 70, viveu no ostracismo durante um bom tempo até ser redescoberto nos anos 90 por colecionadores e dj’s na sua busca incessante por novos samplers que lhe servissem de base. Desde essa volta que começou com “Enough Is Enough” de 1992, Lee Fields vem mostrando uma produção regular.
Dentro desse seu retorno um ótimo disco para se procurar por aí é “Problems” de 2002, com uma pegada mais funk. O novo petardo do soulman conhecido também pelo apelido de “Little J.B”, (uma referência a James Brown) é uma senhora aula de soul music. “My World” saiu pela gravadora Truth & Soul Records, com base no Brookylin e que apesar de ter sido formada em 2004, já tem um cardápio de artistas bem interessante.
No seu novo trabalho, Lee Fields tem a companhia da banda The Expressions, um ponto extremamente positivo. Os arranjos e o instrumental fazem a cama perfeita para que o seu vozeirão seja colocado a prova. Na verdade o The Expressions é formado basicamente pelos mesmos integrantes do El Michels Affair, outra banda da Truth & Soul Records, composta por alguns jovens músicos que estão recebendo ótimas criticas nos USA.
Em “My World”, o principal combustível do soul que é a devoção para as canções se faz totalmente presente. As músicas vão passando e as comparações (guardadas as devidas proporções) com mestres como Otis Redding, Solomon Burke e Wilson Pickett ficam evidentes. Mesmo quando Lee Fields não está cantando o disco demonstra grande sentimento, como nas instrumentais “Expressions Theme” e “These Moments”, onde a banda dá um show a parte.
Com orquestrações que flutuam junto com guitarras bem executadas, cozinha ritmada e os metais fraseando e solando perfeitamente, os ingredientes de um bom disco de soul estão todos na mesa, é só se servir. Ao escutar faixas como “Do You Love Me (Like You Say You Do)”, “Honey Dove” e a faixa titulo é inevitável não esboçar um sorriso ou balançar alguma parte do corpo. Abra a casa, coloque “My World” para tocar e sirva-se a vontade.
My Space:http://www.myspace.com/leefields
domingo, 9 de agosto de 2009
Móveis Coloniais de Acaju - Gold Mar Hotel (PA) - 08.08.2009
Ontem foi lançado oficialmente a 4ª edição do Festival Se Rasgum que acontecerá em novembro desse ano. No palco as oito bandas paraenses finalistas da seletiva para o evento. Para endossar a história um dos melhores shows do país, os brasilienses do Móveis Coloniais de Acaju, já com uma passagem matadora pela cidade e que estão lançando seu segundo disco, o excelente "C_mpl_te”, disponível na faixa para download na Trama Virtual.
Do local ao som, da estrutura a organização, a festa foi uma sucessão de acertos da produção. As bandas locais começaram a subir no palco por volta das 21:00hs e demonstraram um ecletismo interessantíssimo. Gostei mais de Hebe e Os Amargos e do Ultraleve, mas as três vagas ficaram para o Juca Culatra e Power Trio (que rendeu ótimos momentos na noite), Sincera e Inversa. Agora é esperar o festival em novembro.
Por volta de 01h30hs, o Móveis subiu ao palco para detonar uma apresentação que conseguiu ser superior aquela que fizeram em 2007 por aqui. Showzaço de fazer tremer o chão e as caixas de som no palco. Logo de entrada a banda atacou com a poderosa “Seria O Rolex?” do primeiro álbum de 2005. Começava a catarse do público. Todos pulando e cantando junto com André Gonzales, que começava sua performance já anunciando o que viria em seguir.
Em seqüência a banda focou no repertório do novo trabalho, mandando músicas como “Lista de Casamento”, “Descomplica” e “Cheia de Manha”. Das novas canções duas merecem um destaque todo especial. Primeiro a idílica “O Tempo”, cantada pelo público e que ao vivo ficou mais bonita ainda. Segundo a belíssima “Adeus”, uma balada torta que emocionou muito e causou surpresa quando milhares de papéis coloridos foram arremessados para cima do ar.
Outros momentos interessantes foram o público e a banda (em momentos distintos) cantando parabéns para o vocalista André Gonzales que aniversariava. Depois a participação do paraense Pipira do Trombone do Metaleiras da Amazônia, que deu um show em “Copacabana” e contou com a banda descendo para fazer uma roda no chão junto com a galera. E quando todo mundo pensava que a história ia acabar ainda vieram mais dois bis.
Neles a banda atacou uma versão de “Como Vovó Dizia” do Raul Seixas, “Perca Peso” do primeiro disco e fechou com “Indiferença”, outra grande música do novo trabalho. O show do Móveis teve todos os ingredientes que o fazem ser inesquecível. Foi apoteótico e lúdico e isso sem exagerar em nada. O melhor show do ano com um dos melhores discos, faz valer muito a pena. Se passar perto de você, faça de tudo, mas nem pense em perder. Por nada.
sábado, 8 de agosto de 2009
"O Chinês Americano" - Gene Luen Yang
No decorrer da leitura de “O Chinês Americano” de Gene Luen Yang, recentemente lançado pela Companhia das Letras através do projeto “Quadrinhos na Cia”, a atenção dedicada a história era meio superficial, pois à primeira vista tudo indicava apenas mais uma trama adolescente como tantas outras disponíveis por aí. No entanto quando a última parte começa a se desenrolar, a coisa surpreendeu e foi preciso voltar para ler de novo.
“O Chinês Americano” foi o primeiro álbum de quadrinhos a ser indicado ao respeitado Nacional Book Award, o que já o credenciava de antemão. O autor narra uma história partindo de três pontos distintos. Primeiro uma antiga lenda chinesa que ganha uma nova roupagem. Depois a de um imigrante chinês que tenta se adaptar a uma nova escola. E para finalizar a de um estudante americano que todo ano é constrangido pela visita de um primo chinês.
Ao desenvolver as histórias com bom humor e um traço leve com o uso de muitas cores, lembrando desenhos animados, Gene Luen Yang vai criando um funil para onde os pequenos detalhes irão migrar e revelar as reais intenções da obra. A lenda do Rei Macaco incluída aqui serve como o alicerce, pois diz a lenda que ao ser renegado pelos deuses chineses, o Rei Macaco resolve trair suas raízes se transformando em um homem e acaba pagando por isso.
O jovem chinês que chega a uma nova escola e nela encontra todas as dificuldades de adaptação no que concerne a essas mudanças, tem tudo para também renegar sua própria personalidade e se adequar aos demais. E na última ponta que precisa ser amarrada, Danny, um respeitado aluno da sua escola, se constrange e vê seu mundo virar quando um primo distante chega e bagunça toda sua estrutura, causando vergonha perante os seus amigos.
“O Chinês Americano” surpreende, pois na primeira leitura não passa de uma história comum, mas ao amarrar todas as pontas jogadas nas 240 páginas do livro, o autor realiza um bonito trabalho. Com sutileza consegue falar sobre preconceito, amizade, bondade e pela busca de se encontrar, de forjar a própria identidade, de ser fiel ao que se é, o que convenhamos para os jovens de hoje em dia não é nada fácil. Como cantaria Herbert Vianna: “seja você, seja só você.” É o que vale.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
"Horehound" - The Dead Weather - 2009
Jack White é um prolífico de carteirinha. Além de ter uma das bandas mais bacanas da última década, o White Stripes, sempre está se metendo em diversas outras empreitadas como participações em filmes, trilhas sonoras e projetos paralelos como o Racounters, entre outras coisas mais. Em 2009 desembarca em um novo projeto, chamado The Dead Weather que após causar burburinho no primeiro semestre chega ao seu disco de estréia.
Dessa feita, Jack White sai das guitarras e assume as baquetas na maior parte do tempo. Seus comparsas de banda são Alison Mossarth (The Kills) no vocal e guitarra, Dean Fertita (Queens Of The Stone Age) nos teclados, guitarra e baixo, além de Jack Lawrence (Racounters) no baixo e guitarra. O “supergrupo” apresenta uma música com forte influência do rock de garagem dos anos 70 e do blues, repleta de muita sujeira.
Em “Horehound”, a estréia do Dead Weather, Jack White não consegue empolgar como nas suas outras incursões musicais. O trabalho não chega a merecer o adjetivo de ruim, no entanto é pouco inspirado, o que não é muito normal na carreira do músico. As canções são bem executadas instrumentalmente e o vocal de Alison Mossarth compensa em muitos casos a falta de inspiração já citada, porém sem empolgar muito.
A primeira faixa, a arrastada “60 Feet Hall” já deixa o ouvinte com uma pequena pulga atrás da orelha. O primeiro single “Hang You From The Heavens” consegue até transpor uma certa esperança, mas esta esperança vai se desviando em canções como “I Cut Like a Buffalo”, “Treat Me Like Your Mother”, “Rocking Horse”, “Bone House” e “No Hassle Night”, pequenos arremedos do que se podia esperar do álbum.
Para dizer que o trabalho não desagrada em todo, fica o destaque para a versão podreira de “New Pony” do Bob Dylan e o blues torto e sujo de “Will There Be Enough Water?”, que envolve o ouvinte. Em “Horehound” se percebe as boas intenções dos músicos em fazer música de acordo com uma época/estilo de que gostam, mas infelizmente só isso não basta para salvar o registro. É como dizem por aí, de boas intenções o inferno anda cheio.
Site Oficial: http://www.thedeadweather.com
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Lançamento do 4º Festival Se Rasgum - Móveis Coloniais de Acaju - Dia 08.08.09
A Se Rasgum lança oficialmente seu festival desse ano (o 4º), trazendo um dos melhores shows do país, os brasilienses do Móveis Coloniais de Acaju. De bandeja ainda tem mais oito bandas na seletiva local final para o evento.
A história vai rolar no Hotel Gold Mar (antigo Hotel Paramazônia, rua Professor Nelson Ribeiro, 132, paralela à avenida Pedro Álvares Cabral, próximo a Fundação Curro Velho) em Belém-Pará. Os ingressos custam R$ $ 15,00 e já se encontram disponíveis em todas as Lojas Colcci e Ná Figueredo da cidade.
Não dá nem para afirmar que não é imperdível, né?
Tira a bunda da cadeira, desliga o computador e vá se divertir que é garantido.
Paz Sempre!!
terça-feira, 4 de agosto de 2009
"Trilogia Suja de Havana" - Pedro Juan Gutiérrez
“Trilogia Suja de Havana” é o primeiro livro do escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez, lançado em 1998 quando o autor tinha 48 anos e escrito entre os anos de 1994 a 1997, quando Cuba passava por uma gravíssima crise causada pelos embargos econômicos que recebia e pela desmistificação do processo político emergido pela revolução de cunho salvador. A edição mais recente aqui no Brasil é pela Editora Objetiva de 2008, com 348 páginas.
O livro é em sua maior parte autobiográfico e mostra uma Havana sucumbida a diversas mazelas e um povo que apesar disso não se rende e continua tocando a vida como pode. Os pobres e miseráveis constituem a maior parte da população nesse momento. Falta tudo. De comida a material de higiene. De água a roupas. O que não falta é rum, maconha e sexo, sendo em cima dessa trinca que o autor desafoga todas as suas desilusões e frustrações.
Dividido em três partes de contos rápidos e organizados de maneira não linear, a “Trilogia Suja de Havana” é um livro visceral, forte e vigoroso. Um livro no qual podemos sentir o cheiro das coisas, ouvir as frases, suar junto com os personagens e dar uma passeada pelo Málecon no final da tarde. Pedro Juan Gutiérrez conduz tudo sem muito estilo, sem muita forma, mas com um charme próprio como se tivesse suas origens na literatura beat.
Em muitos momentos as histórias narradas pelo autor causam um desconforto imenso ao leitor, mas a leitura é tão viciante que segue-se em frente com mais desejo ainda. Tudo aqui é abusado. Sexo, drogas, bebidas, pessoas, sentimentos. Os personagens são todos desempregados e vagabundos que se viram como dá, tocam a vida como trambiqueiros, mendigos, putas, catadores de lixo e vendedores de qualquer coisa, até da própria família se duvidar.
A verborragia do autor transcende os modos normais de apresentação, com uma energia assustadora na busca da sobrevivência e adequação aos novos tempos. Os personagens aparecem e somem sem razão para depois voltarem com menos razão ainda. Debaixo de toda a sujeira que cobre suas narrativas, vez ou outra nos deparamos com a sua visão sobre a vida em geral, uma visão diferenciada que aparece coberta de lama, mas que surpreende.
Em “Trilogia Suja de Havana”, Pedro Juan Gutiérrez cunha um retrato mordaz, autêntico e voraz do seu país e sua principal cidade, versando livremente sobre vários temas que aparecem imersos em sua narrativa como religião, política, relacionamentos, necessidades e desejos. Um livro que em nenhum momento é fácil, mas que tem aquele algo mais que o diferencia do lugar comum e assim lhe torna essencial.
Mais sobre o autor em: http://www.pedrojuangutierrez.com
domingo, 2 de agosto de 2009
"American Central Dust" - Son Volt - 2009
Jay Farrar e o seu Son Volt estão de volta. Depois de lançar um dos melhores discos de 2007 (“The Search”) a banda retorna com um novo trabalho. “American Central Dust” traz doze canções conduzidas quase que sem exceção por violões e piano, formando uma coleção que explora a raiz da música americana via o folk e o country e regride um pouco mais para as origens da banda e do seu principal compositor.
Com uma visão atual não muito animadora sobre sua terra natal, Jay Farrar reveste seus temas com um certo pessimismo e cinismo. Mesmo quando fala em amor propriamente dito isso não acontece tão gratuitamente como em outros momentos. Na formação atual temos duas mudanças, entraram Chris Masterson nas guitarras no lugar de Brad Rice e Mark Spencer nos teclados substituindo Derrey DeBorja.
A primeira faixa deste “American Central Dust” já dá uma boa visão do que teremos pela frente. Os violões conduzem a música, enquanto o vocal forte de Jay Farrar aparece em primeiro plano, com uma guitarra usando um pedal steel ao fundo, refrão cantando em conjunto e versos mordazes como: “esse amor é como uma celebração do 4 de julho com dinamite”. E é nessa toada que o álbum segue caminhando.
Em “Cocaine and Ashes” o piano é o responsável por conduzir uma homenagem meio as avessas para Keith Richards, relembrando um fato da vida do guitarrista do Rolling Stones. Em “Dust of Daylight” é a vez do country de algum bar do meio oeste aparecer. Em “No Turning Back” envolto a bonita melodia temos frases sobre solidão e sanidade. “When the Wheels Don't Move” é puro R.E.M, enquanto “Exiles” traz uma guitarra marcante.
“American Central Dust” é mais um bom trabalho na carreira desse excelente músico que é Jay Farrar, provando mais uma vez que o seu talento é proporcional ao de Jeff Tweddy do Wilco, seu companheiro nos tempos de Uncle Tupelo. Mesmo longe dos holofotes e mantendo seus pés fincados no folk e no country, Jay Farrar sempre faz bem aos ouvidos. Coloque “American Central Dust” para tocar e pare por alguns minutos para pensar na vida. Faz bem.
Mais Son Volt passe aqui.
Site oficial: http://www.sonvolt.net
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