O paulista Romulo Fróes chega ao terceiro disco de maneira diferenciada. Soltou logo um duplo com 33 músicas e liberou tudo para download em blogs e sites de divulgação. “No Chão Sem O Chão” sucede “Calado” de 2004 e “Cão” de 2006, onde Romulo explorou toda sua paixão pelo samba e converteu essa paixão em dois ótimos discos. No seu novo trabalho o amor pelo samba continua presente, mas ganha novas companhias.
O próprio músico afirmou que queria se livrar da alcunha de sambista e consegue isso em grande nível. “No Chão Sem O Chão” é dividido em dois discos distintos. A primeira sessão ganha o subtítulo de “Cala Boca Já Morreu” e investe em mais pegada, um namoro efetivo com o pop e o rock, mais instrumental. O segundo “Saiba Ficar Quieto” é mais tranqüilo, com uma ênfase maior nas melodias e harmonias.
As letras continuam um ponto forte do trabalho, divididas entre o músico e os parceiros de sempre, os artistas plásticos Clima e Nuno Ramos. Vários músicos ajudam Romulo Fróes na sua nova empreitada, passam pelo disco entre fixos e convidados, Fabio Sá, Guilherme Held, Curumin, Anya, Lulina, Andreia Dias, Nina Becker, André Mehmari, Lanny Gordin, Bocato e a Velha Guarda da Nenê de Vila Matilde.
No primeiro disco, podemos citar como destaques “Do Ponto de Cão”, com quase seis minutos, com direito a guitarra cheia de efeitos e um extenso solo de guitarra, assim como em “Anti-Musa”. “Destroço” é malemolente e flerta com Paulinho Moska. “Para Quem Me Quer Assim” rememora as big bands dos anos 50, enquanto “Deserto Vermelho” e “Anjo”, são de maior pegada, sendo esta última cheia de guitarras, com ecos de Pixies e Nirvana.
O samba encontra as guitarras em “Qualquer Coisa Em Você Mulher” e depois namora os Mutantes em “Pierrô Lunático”. O Segundo disco já começa muito bem com “Para Fazer Sucesso”, repleta de cinismo e ironia embalados em uma das melhores do disco. “Ela Me Quer Bem” tem variações vocais interessantes, “Caia na risada” é um samba mais tradicional, “Manda Chamar” é um lindo samba canção, “Dia Cinzento” é bucolismo puro e “Astronauta” conduzida ao piano, consegue emocionar.
Não é fácil agradar com um disco duplo, pois na maioria das vezes os temas acabam por se repetir demais ou representam uma extensão do ego e megalomania do artista, o que não é o caso de “No Chão Sem O Chão”. Romulo Fróes conseguiu construir aos 38 anos em um trabalho com quase 120 minutos de duração, um tratado sobre a música brasileira e o seu encontro com novas tendências e sonoridades. Classe pura.
Um dos lugares onde está disponível o download gratuito é na Trama Virtual, passe aqui e pegue o seu.
My Space: http://www.myspace.com/romulofroes
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