"Atlântico Negro”, o novo disco do Wado já está disponível gratuitamente para download no seu site oficial. O trabalho foi patrocinado pelo Projeto Pixinguinha, o que permitiu um zelo maior na sua produção que ficou a cargo de Pedro Ivo Euzébio e na masterização feita por Kassin e Beto Machado. Em “Atlântico Negro”, mais uma vez Wado mostra todo o seu talento e versatilidade, o que sinceramente não é nenhuma surpresa.
Em “Terceiro Mundo Festivo” do ano passado, o olhar caia sobre as sonoridades vindas dos países de terceiro mundo e elaboradas sem grande apoio financeiro. Agora esse olhar vai na direção de sons africanos, sendo que o nome do álbum foi retirado de escritos do antropólogo inglês Paul Gilroy, que tratam sobre a relação entre África e América. Temos afoxé, samba, pop e funk envoltos em timbres modernos e bem feitos.
“Atlântico Negro” é um disco com menos programações eletrônicas que o anterior, contando assim com uma participação mais ativa da banda, que é composta além de Wado, por Bruno Rodrigues, Pedro Ivo, Dinho Zampier e Rodrigo Peixe. Muitas participações especiais são utilizadas, feitas por convidados como Curumin, João Paulo Guimarães (da banda Mopho), Rômulo Fróes e Jan Aline, entre outros.
A primeira faixa, “Estrada”, tem um jeitão de música baiana, um afoxé moderno com uma narração interessante de um cidadão de Guiné-Bissau dando um charme especial. “Jejum/Cavaleiro de Aruanda”, combina uma música sua com outra de Tony Osanah, gravada por nomes como Gal Costa e Ney Matogrosso. “Martelo de Ogum” é um daqueles sambas deliciosos que o músico gosta de fazer. “Cordão de Isolamento” é pura critica social.
Em seguida temos a melhor seqüência do disco, “Hercílio Luz”, “Pavão Macaco” e “Frágil”, uma tríade que mostra as habituais baladinhas do artista, sendo que principalmente na última, Wado emociona ao cantar os versos: “eu sinto a dor de não ser melhor (...) se eu sou frágil e tu és frágil, vamos nos proteger”, enquanto um piano belamente conduzido por Dinho Zampier toma conta do ar e comanda o jogo.
“Feto/Sotaque” é a junção de duas músicas já gravadas por ele anteriormente. Incrível como parece que foram feitas dessa forma. “Boa tarde, povo”, uma canção tradicional de Alagoas, ganha vários beats eletrônicos, onde temos no verso “eu vou cantar com muita alegria”, uma ótima descrição para o sentimento reinante do disco. “Rap Guerra no Iraque” encerra tudo em um funk de autoria do carioca Mc Gil do Andaraí.
Em “Atlântico Negro” temos o raro prazer de ver um artista no total comando da sua criação. Um artista que a cada ano que passa parece aprimorar mais ainda seu pequeno e singelo toque de Midas, transformando sempre que pode, acordes e ritmos em algo bem maior que pode tranquilamente receber a alcunha de arte.
Site oficial para download: http://www2.uol.com.br/wado
My Space: http://www.myspace.com/wwwado
Mais Wado aqui e aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário