Arnaldo Baptista é o tipo de artista que merece com todas as honras o status de gênio. No final dos anos 60 a frente dos Mutantes, junto com seu irmão Sérgio Dias e sua então esposa Rita Lee, promoveu uma mudança abrupta na música nacional, ao unir diversos estilos com o rock, formando uma identidade única, que seria o grande chamariz do movimento conhecido como Tropicália.
Envolto a toda a sua genialidade, Arnaldo Baptista andou boa parte da vida por caminhos tortuosos, envolvido em loucuras, tentativa de suicídio e ostracismo profissional e pessoal; o bastante para lhe dar a aura de mito. O diretor Paulo Henrique Fontenelle, resolveu criar em cima do mito um documentário, que visa não somente glorificar o trabalho do artista, como explicar a sua influência dentro da música.
“Loki” (o título vem de um clássico disco solo de 1974), após ser apresentado em festivais, ganha exibição comercial em algumas capitais do país. “Loki” é daqueles filmes extremamente necessários, que mostram a vida de um ser humano diferente da grande maioria. O longa de Paulo Henrique Fontenelle, consegue envolver o espectador e lhe repassar fartas doses de alegria e tristeza.
A história de Arnaldo é mostrada pelo olhar de amigos, assim como de jornalistas (Tárik de Souza e Nelson Motta) e outros músicos como Tom Zé, Gilberto Gil, Sean Lennon, Devendra Banhart e Kurt Cobain (fã confesso da banda). Dos Mutantes, falam o irmão Sérgio Dias, o baixista Liminha e o baterista Dinho Menezes, faltando evidentemente Rita Lee, que não quis participar do projeto, apesar de ter liberado imagens suas.
Indo desde a primeira banda, O’Seis, até a volta em São Paulo com o show para mais de 80.000 pessoas em 2008, o filme passa pela trajetória dos Mutantes, a saída de Rita Lee e sua separação de Arnaldo, a continuidade dos Mutantes, totalmente sem rumo, as buscas de se reerguer com discos solo e trabalhos com a Patrulha do Espaço, a tentativa de suicídio e a recuperação ao lado de Lucinha Barbosa.
Com muitas imagens raras, que funcionam para dar um charme ainda maior ao trabalho, “Loki” traz genialidade em estado bruto, agregada em música, drogas, brigas, arrependimentos, desvarios, impaciência e pedidos de perdão. É a história de uma vida que ao ser quebrada reencontrou o caminho para seguir em frente. Ao sair do cinema, o sentimento é um misto de fascínio e aperto no coração, sendo impossível ficar indiferente.
3 comentários:
Estou louca para assistir, é o programa principal na minha próxima ida a Sp! Depois te deixo um comentário!
Eu também estou com muita vontade de ver este documentário.
Mas infelizmente acho que não vai passar nos cinemas daqui de Cascavel.
Luciana, veja mesmo, é imperdivel...
Lucas, eu não acreditava que chegasse aqui em Belém também, foi uma surpresa e tanto. Dessa forma, quem sabe não chega aí?
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