Raimundo Nonato chega do nordeste de ônibus na cidade grande para tentar uma melhor sorte na vida, coisa tão costumeira na rotina brasileira. Ao passar cansado e fatigado em um boteco, entra, pede um copo de água e duas coxinhas para lhe acalmar a fome, acabando por dormir no balcão. Quando o dono do local o acorda e manda sair, percebe que não receberá pelo consumo e trata então de oferecer como forma de pagamento uma lavagem na louça suja do bar.
Esse é o ponto de partida de “Estômago”, primeiro filme do diretor Marcos Jorge, premiado com curta metragens e na área publicitária. O roteiro é baseado no conto “Presos Pelo Estômago”, contido no livro “Pólvora, Gorgonzola e Alecrim” de Lusa Silvestre, que assina o mesmo em oito mãos, junto com o diretor Marcos Jorge, a produtora Cláudia da Natividade e Fabrizio Donvito.
Raimundo Nonato (interpretado muito bem por João Miguel) tem sua história contada de dentro de uma cela na prisão no presente e volta mais atrás para mostrar a forma como chegou onde está. Ao ser contratado por Zulmiro (Zeca Cenovicz) no botequim, Raimundo Nonato descobre um talento nato para a cozinha, aperfeiçoando e muito a coxinha do ambiente, virando um sucesso local.
É dentro do botequim, que ele conhece Iria (a ótima Fabiula Nascimento), uma prostituta por qual se apaixona e Giovanni (Carlo Briani), um dono de restaurante italiano que lhe contrata e passa a ensinar uma culinária bem mais pomposa. Enquanto isso, dentro da prisão em que se encontra, Raimundo Nonato vai subindo degraus e sobrevivendo graças ao seu talento culinário, melhorando a comida para o chefe do local, Bujiú (Babu Santana).
“Estômago” é uma trama que versa não somente sobre a força da gastronomia, mas principalmente sobre a influência do poder na vida das pessoas, independente de onde estejam inseridas. Com um roteiro recheado de ótimas frases e repleto de acidez, humor negro e politicamente incorreto, “Estômago” ganha o espectador em sua originalidade e atuações. O filme foi premiado ao redor do mundo e ganhou criticas elogiosas por onde passou. Bem merecidas.
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