“Gomorra”, filme italiano que retrata a máfia situada na região de Nápoles é uma produção que quanto mais crua se torna, mais consegue atingir o espectador. Baseado no livro de mesmo nome do escritor Roberto Saviano, o diretor Matteo Garrone retrata sem glamour algum o submundo de uma das maiores organizações criminosas do mundo, a Camorra, que estende seus braços por diversas atividades espalhadas mundo afora.
Matteo Garrone escolhe por contar tramas paralelas, sem cair no vicio tão usado atualmente, de sair interligando estas mais no final do filme. Ao deixar essas tramas correrem separadas, ainda que ambientadas no mesmo local e sobre as mesmas regras, consegue construir um mosaico abrangente, que acaba por dar ao telespectador uma visão completa do cenário e dos personagens envolvidos.
A máfia retratada em “Gomorra” em nada remete aos filmes americanos que tanto vangloriaram o estilo, criando obras essenciais como “O Poderoso Chefão”. A máfia aqui demonstrada não esbanja charme ou romantismo, apenas vive da forma brutal que foi criada. Talvez o único ponto negativo seja o fato de em nenhum momento se tomar algum partido, não que isso funcionasse declaradamente, mas com suposições, talvez ficasse melhor.
Nas tramas paralelas somos apresentados a um jovem garoto que cai nos braços do crime, um costureiro que falsifica roupas e se vende aos chineses, um empregado antigo dos chefes que se vê no meio de uma guerra, sem saber o que fazer para continuar vivo, um “empresário” que dá fim ao lixo de grandes empresas e uma dupla de jovens que sonham em serem mafiosos como os do filme “Scarface” de Brian de Palma.
“Gomorra” rendeu muitas comparações ao brasileiro “Cidade de Deus”, comparações completamente justificáveis na maioria das vezes. Por mais que a produção italiana não carregue a visceralidade e a maestria do longa de Fernando Meirelles, ficando alguns degraus abaixo disso, é um trabalho que tem muito mais méritos que falhas, resultando em um filme que merece ser visto.
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