Nos EUA existe uma modalidade de luta conhecida como “wrestling”, que traz dois ou mais lutadores fantasiados no ringue realizando coreografias com forte teor de violência. Esse tipo de luta, com seus movimentos coreografados e golpes com nomes específicos, é conhecido mundo afora como “luta livre” e já teve seu momento de glória nos anos 80, mas ainda sobrevive com um número razoável de fãs.
É dentro desse universo que “O Lutador”, o novo filme do diretor Darren Aronofsky está inserido. Nele, somos apresentados a Randy “O Carneiro” Robinson (interpretado de maneira brilhante e avassaladora por Mickey Rourke), que já teve seus momentos de glórias, com direito a destaque em jornais e revistas, lotação do Madison Square Garden em suas lutas, além de bonecos e jogos de videogame inspirados em si.
Só que esses tempos passaram e Randy “O Carneiro” precisa ter um trabalho, digamos assim, normal, enquanto aos fins de semana continua participando de lutas em lugares não muito dignos, sonhando com os tempos de outrora. No seu meio Randy é um ídolo completo, admirado por crianças, jovens, idosos, além de todos os lutadores do circuito. Ele realmente ama o que faz e sempre sai ajudando a todos que pode da sua maneira.
Quando em uma luta com estilo “freak show”, Randy sofre um infarto que quase lhe tira a vida, tem que decidir se quiser continuar com ela, por abandonar as lutas. Nesse ponto toda a vida de um homem repleto de erros vem a tona e lhe obriga a encarar as coisas de uma outra maneira. Agora, como fazer isso sem a mínima habilidade para tanto? Como transformar uma vida que nunca conheceu outro caminho?
Para começar esse novo caminho, arrisca-se atrás de Cassidy (Marisa Tomei, incrivelmente bem), uma stripper decadente por qual sempre nutriu paixão e Stephanie (Evan Rachel Wood), a filha que abandonou anos atrás. A trilha sonora traz hard rock dos anos 80 como Guns N’ Roses e Scorpions, proporcionando um dos grandes diálogos do filme entre Randy e Cassidy, quando ao som de “Round And Round” do Ratt os anos 90 e Kurt Cobain são amaldiçoados.
Em “O Lutador”, Darren Aronofsky retoma a crueza de filmes seus como “Réquiem Para Um Sonho” e “Pi”, contando com uma atuação soberba de Mickey Rourke (que em certos momentos confunde sua própria história com a do personagem) e cenas memoráveis como o discurso final do filme. “O Lutador” é um filme sobre redenção acima de tudo, mas versa subliminarmente sobre o passar da vida, promovendo um resultado arrebatador.
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