Já que “Watchmen” está chegando aos cinemas nos próximos meses, resolvi abrir o armário e dar uma lida novamente nas 12 edições da série lançada em 1999, aqui no país pela Abril. Originalmente lançada nos EUA entre os anos de 1986 e 1987 e escrita por dois gênios da nona arte, Alan Moore e Dave Gibbons, a série é um marco na história dos quadrinhos e influenciou grande parte do que veio depois e vemos hoje.
Lembro que quando li pela primeira vez há quase dez anos, o sentimento de perplexidade e envolvimento perante a obra foi eminente. Imagina então isso nos anos 80? Como não deve ter sido? No universo de Alan Moore, os heróis surgiram na virada dos anos 40 para os 50 e não passavam de vigilantes mascarados, sem poderes, que saiam para as ruas fazendo justiça pelas próprias mãos e como bem entendessem.
No começo dos anos 60 é que surge o único herói com super poderes, capaz de se teletransportar e realizar diversos outros atos. O Dr. Manhattan, aparece para pesar o lado da balança dos EUA contra a URSS na Guerra Fria. No ano de 1977, a polícia faz uma greve geral provocando o caos, em que os vigilantes são declarados ilegais e se aposentam, com exceção do Dr. Manhattan e o Comediante, que ficam com o governo e o inconstante Rorschach que se mantêm na ativa, mesmo que na ilegalidade.
No ano que se passa a série, em 1985, Edward Blake, o Comediante é assassinado, o que traz Rorschach a investigar o caso e conversar novamente com seus antigos companheiros de combate ao crime, como o Coruja, Ozzymandias, Dr. Manhattan e Espectral, além de inimigos como Moloch. A primeira linha de dedução que leva a um assassino de mascarados, acaba por se transformar em algo bastante inesperado no decorrer da trama.
“Watchmen” traz um universo bastante real e possível para os super heróis caso eles existissem, não desprovendo estes de todos os males que assolam os seres humanos, como crises, egoísmo e doenças, além de ser um retrato do mundo na época, sempre a beira de uma terceira guerra mundial, como também uma critica feroz a sociedade americana e o seu pretenso moralismo, guerras e “american way of life”.
Mesmo após mais de 20 anos do seu lançamento, “Watchmen” permanece atual, esbanjando energia. O mundo imaginado por Moore e ilustrado brilhantemente por Gibbons faz o leitor pensar bastante em diversas situações. Quando uma obra é alardeada demais e rende comentários entusiastas através dos anos, acaba sempre por deixar uma pulga atrás da orelha. No caso de “Watchmen”, tudo em volta é plenamente justificável, pois tem o merecido status de obra-prima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário