Toda pessoa sonha com o amor para o resto da vida em algum momento da sua jornada. Sonha em encontrar alguém para viver feliz e envelhecer juntinho quando for chegada a hora disso acontecer. Esse desejo tão ilusório nos dias de hoje (mas ainda assim grandioso), tão distante na época em que vivemos pode ser presenciado em algumas ocasiões. É nesse universo que o primeiro longa da competente atriz Sarah Polley nos coloca em “Longe Dela”.
Nele somos apresentados a Grant (Gordon Pinsent) e Fiona (Julie Christie), um casal na casa dos 60 anos, que passou os últimos 40 e poucos juntos e hoje moram em um chalé afastado, onde compartilham o prazer da sua companhia e as benesses de um relacionamento que apesar de alguns deslizes (como percebe-se mais a frente) foi regado inteiramente de amor e de companheirismo. Grant e Fiona seriam o casal do desejo descrito no parágrafo acima.
Até chegarmos a cena que define o que esperar do filme mais adiante. Ao acabar de lavar uma frigideira, Fiona vai calmamente, abre a geladeira e a coloca dentro, enquanto em seguida, de maneira sossegada, Gordon a retira e guarda no local correto. Fiona está com o Mal de Alzheimer e este vai se acelerando e degradando a sua memória e aquilo que lhe concerne como mundo lá fora, enquanto junto com seu esposo tentam levar tudo mais ou menos tranquilamente.
Com o avanço da doença a única saída é a internação de Fiona (com seu total aval) em uma casa de repouso, onde no início Grant precisará ficar 30 dias longe da sua amada. Quando finalmente Grant está permitido para encontrar sua esposa, a doença dela lhe trará um mundo novo, um mundo totalmente desconhecido para os dois, que precisam novamente encontrar o amor que tinham um pelo outro no meio das novas surpresas que vão aparecendo.
“Longe Dela” é um filme demasiadamente bonito, mas igualmente triste. Baseado no conto “The bear came over the mountain" da escritora canadense Alice Munro, Sarah Polley constrói um drama difícil de passar sem causar emoção. Com um trabalho brilhante de Gordon Pinsent e Julie Christie, indicações ao Oscar e uma trilha sonora com canções de Neil Young como Harvest Moon e Helpless (essa em uma versão maravilhosa de K.D. Lang), “Longe Dela” vale plenamente a sessão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário